Transformação notável de um ex-comandante militar para presidente da terceira maior democracia do mundo

No último domingo, 20 de outubro de 2024, Prabowo Subianto assumiu a presidência da Indonésia, a terceira maior democracia do mundo, com uma população de aproximadamente 280 milhões de habitantes. Sua posse marca um momento histórico, após uma trajetória repleta de transformações, deixando para trás alegações de abusos de direitos humanos que o cercaram durante sua carreira militar. O agora presidente de 73 anos comprometeu-se a enfrentar os desafios internos, notavelmente a corrupção, enquanto busca tornar a Indonésia mais autossuficiente, tanto em alimentos quanto em energia. A cerimônia de posse ocorreu no parlamento indonésio, onde Prabowo jurou cumprir seu papel, vestido com traje tradicional, incluindo um chapéu preto e um sarong na cor marrom e dourada, simbolizando sua conexão cultural.

Compromissos e previsões durante o discurso de posse

Durante um emocionado discurso de cerca de uma hora, Prabowo expressou seu compromisso em ser o presidente de todos os indonésios, instando a nação a se unir para enfrentar os problemas que o país enfrenta. Em suas palavras, enfatizou que a liberdade deve ser uma realidade para o povo, destacando o necessário combate ao medo, à pobreza e à ignorância. Sua visão de autossuficiência alimentar dentro de cinco anos, juntamente com as promessas de alcançar a autossuficiência em energia, ilustram um otimismo renovado, embora desafiador. Ele abordou também a importância de manter uma democracia “polida”, onde as diferenças de opinião possam ser expressas sem inimizade. Prabowo foi vitorioso nas eleições de 14 de fevereiro, obtendo quase 60% dos votos, e desde então tem trabalhado para construir uma coalizão parlamentar forte.

Nomeação do gabinete e recepção calorosa

Ainda durante a cerimônia, Prabowo apresentou oficialmente seu vice-presidente, Gibran Rakabuming Raka, filho do presidente anterior, Joko “Jokowi” Widodo. Posteriormente, o novo presidente anunciou a formação de seu gabinete no palácio presidencial, revelando uma mistura de ministros são profissionais e políticos, com a maioria dos ministros responsáveis pelas questões econômicas permanecendo os mesmos da administração de Jokowi. Com relação ao ministério das Relações Exteriores, um dos principais anúncios, a cargo agora de Sugiono, um ex-membro das forças especiais do exército, indica uma continuidade na política externa indonésia. O novo gabinete será empossado na manhã seguinte à cerimônia.

Desafios internos e promessas de continuidade em meio a forte segurança

Após o discurso de posse, Prabowo se dirigiu ao palácio em um carro, acenando para os milhares de apoiadores que lotavam as ruas de Jacarta, criando uma atmosfera festiva para o evento. Placas de congratulação para Prabowo e Gibran cercavam o palácio, ao lado de agradecimentos a Jokowi por sua década de serviço ao país. A ex-administração deixou um legado significativo, marcada por um crescimento econômico robusto e um vasto desenvolvimento de infraestrutura, embora críticos achem que também houve um aumento na política de clientelismo e nos perigos da corrupção dentro de instituições públicas. Com a posse, a segurança foi intensificada, com mais de 100 mil policiais e militares mobilizados pela cidade, incluindo atiradores de elite e unidades antimanifestações, evidenciando a tensão que persiste no cenário político indonésio.

Projeções futuras e questões de direitos humanos em foco

Prabowo não apenas se focou em questões domésticas, mas também abordou a política externa, declarando que a Indonésia se posiciona como um país não-alinhado, mas expressou apoio à causa palestina e a disposição para aumentar a ajuda a Gaza. Durante sua campanha, posicionou-se como o “candidato da continuidade”, um termo que ressoa com aqueles que desejam que a administração de Jokowi prossiga, apesar dos desafios associados. Entretanto, as ofensas anteriores de Prabowo, relacionadas ao seu suposto envolvimento em abusos de direitos humanos e a eventos controversos na história política do país, continuam a ser fonte de preocupação para os defensores dos direitos humanos. Ele sempre negou as alegações que levaram à sua demissão do exército em 1998, ano em que a Indonésia emergiu de um regime autoritário há décadas. Este desfecho traz à tona as expectativas e apreensões sobre o futuro da democracia e dos direitos humanos na Indonésia sob a liderança de Prabowo, uma reflexão que permanecerá no cerne do debate político e social no país.

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