O novo filme Baby John, estrelado por Varun Dhawan, reacende o debate sobre o que é cinema de entretenimento efetivo na Índia. Com uma trama repleta de ação e reviravoltas, a película promete um espetáculo, mas acaba por deixar uma sensação de frustração. A trama se inicia com uma cena angustiante em que uma jovem, Khushi, esconde-se sob a cama enquanto criminosos atacam seus cuidadores. O desespero na cena contrasta com o que se descobre posteriormente: o pai da menina, o titular Baby John (interpretado por Dhawan), parece despreparado para proteger sua filha, permeando a narrativa com uma tensão que se transforma em crítica social.

A filmografia indiana frequentemente nos apresenta crianças prodígios que falam como adultos, um recurso aqui utilizado de forma questionável. A relação entre os personagens, como a de Khushi e seu pai, evoca a necessidade de habilidades de autoproteção e um modelo de parentalidade questionável que se revela incoerente. A conexão com outras obras, como Citadel: Honey Bunny, onde a filha aprende a sobreviver a ataques, suscita a pergunta: por que Baby John falha em preparar sua filha?

Embora o filme tenha sido promovido como um grande entretenimento para as festividades natalinas, vive-se uma experiência que mais parece sobrecarregar o espectador com uma estética exagerada e narrativas barulhentas. Baby John não é apenas uma remake do blockbuster Theri, mas sim uma versão que opta por amplificar todos os elementos do original. Ao tentar ser grandioso, a produção acaba se perdendo em sua própria pompa, transformando momentos que deviam ser emocionantes em sequências que falham em criar conexão.

A execução de Kalees, tanto na direção quanto no roteiro, parece forçada. Cada cena é acompanhada por uma trilha sonora avassaladora, saturando o espectador com uma brutalidade que, embora intencionada para chocar, acaba por se tornar um padrão. Dhawan, um ator talentoso que já brilhou em obras como Dishoom e October, não consegue nessa trama criar uma personificação memorável de seu personagem. A crítica à brutalidade policial, embora existente, falha em se aprofundar no impacto emocional esperado, tornando o filme mais uma série de ações e reações previsíveis.

Na construção dos vilões, o filme também perde a mão. Enquanto o antagonista interpretado por Jackie Shroff tenta trazer algo novo ao papel de Babbar Sher, sua caracterização se torna caricatural. O papel poderia ter explorado as nuances do personagem, mas acaba tornando-se uma sombra de si mesmo, resultando em uma narrativa que parece se arrastar sem direção. Isso ocorre em meio a sequências de violência que, em vez de acrescentar profundidade à história, simplesmente adicionam mais caos visual à tela, perdendo a essência do conflito.

Baby John se apresenta como um produto de entretenimento que tenta misturar romance, ação e crítica social, mas que falha em todos os aspectos. O filme é incessante e cansativo, com uma duração excessiva que não condiz com a qualidade da narrativa. O que poderia ter sido um ótimo presente para o público no Natal se transforma em um fardo, onde os espectadores são deixados com a sensação de que o cinema merecia mais. Dhawan, apesar de sua presença marcante na tela, não consegue salvar um roteiro que não oferece o espaço necessário para que suas habilidades brilhem.

No final, a promessa de um blockbuster natalino é frustrada, pois o que o público realmente desejava era um filme que oferecesse um equilíbrio entre entretenimento e reflexão. Baby John é, portanto, mais um lembrete de que a grandiosidade na produção cinematográfica não garantirá, necessariamente, uma experiência cinematográfica memorável. O Natal precisa ser celebrado com felicidade e emoção, não com filmes que simplesmente tentam ser excessivamente grandiosos e acabam se perdendo no caminho.

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