A região da Transnístria, uma área separatista apoiada pela Rússia localizada na Moldávia, enfrenta uma grave crise energética, com milhares de residentes sem aquecimento e água quente. Isso ocorre após um corte abrupto no fornecimento de gás russo via Ucrânia. O presidente da região, Vadim Krasnoselskyi, fez um apelo à população, sugerindo que utilizem lenha para se aquecer e alertando que apagões não poderão ser evitados. O cenário complicado tem gerado preocupações sobre a segurança e o bem-estar da população local, que já enfrente dificuldades por conta das baixas temperaturas previstas.
Com um frio cortante se instalando na região, Krasnoselskyi anunciou por meio de um comunicado no Telegram que aproximadamente 1.500 prédios de apartamentos e quase 72 mil lares particulares estão sem gás. Além disso, informa-se que cerca de 150 casas de caldeiras gasistas foram fechadas. Ele destaca a capacidade da região de suprir as necessidades de aquecimento com madeira disponível localmente, o que pode servir como uma alternativa temporária, mas não resolve o problema de forma definitiva.
Desde o primeiro dia do novo ano, a Transnístria se vê mergulhada em uma crise intensa devido à decisão da Ucrânia de interromper o transporte de gás russo para a Europa, em cumprimento a um pacto que expirou com Moscou. Os líderes ucranianos, incluindo o presidente Volodymyr Zelensky, celebraram essa ação como uma vitória significativa contra a Rússia. Isto deve ser notável, pois representa uma mudança drástica nas cadeias de fornecimento de energia na região, gerando um impacto nos países que, por muito tempo, dependeram do gás russo.
A Transnístria, que se separou da Moldávia após a desintegração da União Soviética em 1991, estava recebendo gás russo através da Ucrânia até que o fornecimento foi cortado. Isso cria uma dinâmica de dependência energética insustentável, uma vez que a região não possui fontes alternativas de energia adequadas para enfrentar a demanda crescente durante os meses de inverno rigoroso.
Krasnoselskyi, encarregado de orientar a população sobre a nova realidade, reconheceu que os apagões recorrentes são inevitáveis e necessários para proteger a infraestrutura energética ainda disponível. Ele expressou esperança de que a população assuma essa fase com compreensão, enfatizando que o governo está desenvolvendo um cronograma visando minimizar as dificuldades diárias decorrentes dessa situação.
Em meio a essas dificuldades, as temperaturas na capital Transnistriana, Tiraspol, estão projetadas para se manter ligeiramente acima de zero, enquanto uma onda de frio atinge grande parte da Europa. Embora o inverno europeu tenha sido, em geral, mais ameno até o momento, a falta de aquecimento e água quente aumentou a pressão sobre os residentes que já enfrentam desafios econômicos devido à instabilidade da região e da guerra em curso entre Ucrânia e Rússia.
Por outro lado, o parlamento da Transnístria fez um apelo à Rússia para que busque um novo acordo com a Ucrânia para assegurar o fornecimento de gás. Antes do término do acordo de trânsito, a Rússia fornecia cerca de 2 bilhões de metros cúbicos de gás por ano para a Moldávia, que passavam pela Transnístria. Com a interrupção desse suprimento, a Moldávia e a Transnístria enfrentam não apenas os desafios de aquecimento, mas também implicações econômicas graves.
Além disso, a Ucrânia sofre uma perda significativa de receitas, que agora são estimadas em cerca de 800 milhões de dólares por ano devido ao fim do acordo de trânsito. Para a Gazprom, a gigante russa do gás, as perdas podem se aproximar de 5 bilhões de dólares em vendas, o que configura uma realidade preocupante, tanto para a Ucrânia quanto para a Rússia.
Enquanto isso, o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, sugeriu que poderia cortar os suprimentos de eletricidade para a Ucrânia e reduzir a assistência aos refugiados ucranianos em represália pelo fim do acordo de gás, indicando um aumento nas tensões políticas na região. A Europa, em geral, tem reduzido significativamente sua dependência da energia russa desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, embora algumas partes do antigo bloco oriental ainda importem grandes quantidades de gás.
Este contexto aponta para um futuro incerto e complexo, não apenas para Transnístria, mas para toda a Europa Oriental, onde as dinâmicas energéticas estão mudando rapidamente. A necessidade de uma solução sustentável para o fornecimento de energia está se tornando cada vez mais urgente, e a atual crise na Transnístria serve como um alerta para outras regiões que ainda dependem da energia russa.
Referências adicionais: Saiba mais sobre a crise de energia na Transnístria e as recentes tensões entre Moldávia e Ucrânia.