No último dia 1º de janeiro, a renomada cadeia de restaurantes Sage Regenerative Kitchen & Brewery, anteriormente conhecida como Sage Vegan Bistro, anunciou em uma postagem no Instagram que fecharia todas as suas localizações no sul da Califórnia. O último dia de funcionamento será no dia 5 de janeiro, marcando o fim de uma trajetória de 14 anos que começou com um compromisso firme com a alimentação vegana. A decisão, no entanto, não veio sem polêmica, especialmente após a transição do restaurante de um cardápio exclusivamente vegetal para um que incluía produtos de origem animal.
A co-proprietária, Mollie Engelhart, compartilhou que a mudança para um modelo baseado em agricultura regenerativa havia sido uma escolha difícil, realizada no ano anterior. Apesar de acreditar que essa abordagem poderia revitalizar o negócio, a realidade se mostrou insustentável. Engelhart e seu marido, o chef Elias Sosa, chegaram ao ponto de vender sua casa em uma tentativa de trazer “nova vida” ao empreendimento. Entretanto, ela admitiu que se via enfrentando os mesmos desafios financeiros e de aceitação do público atualmente.
A transição para servir produtos de origem animal gerou uma onda de indignação na comunidade vegana de Los Angeles. Comentários expressavam desapontamento e frustração. “Tão decepcionante. Era nosso restaurante favorito”, escreveu um seguidor no Instagram quando a mudança foi anunciada. Outro usuário reclamou que a decisão, especialmente agora, em um dia relacionado ao meio ambiente, contradizia princípios de proteção à Terra e seus habitantes, ao lucrar com o sofrimento e a exploração de animais.
Em uma entrevista ao Los Angeles Times, Engelhart explicou que sua visão sobre a forma de apoiar o meio ambiente por meio da alimentação tinha evoluído e que, em sua opinião, o veganismo não era necessariamente o único ou melhor caminho sustentável. Ela reconheceu estar ciente das críticas que enfrentaria por parte da comunidade vegana e expressou entendimento pela tristeza e raiva que sua decisão causou. “Eu entendo a paixão deles, e sua tristeza e sua raiva”, disse Engelhart à época, refletindo sobre sua própria transformação de opinião.
O ambiente ao redor de Sage se tornou ainda mais tenso quando, alguns meses depois, ativistas dos direitos dos animais protestaram em frente ao restaurante. Engelhart relatou que o protesto envolveu ações agressivas de vandalismo e assédio, tornando-se um desafio significativo para o funcionamento do restaurante. “Essas pessoas entraram no meu restaurante, assediaram meus clientes, vandalizaram e disseram abertamente que gostariam de me tirar do negócio. Eu acredito que haja outros lugares para onde eles poderiam direcionar sua paixão”, comentou Engelhart. “Existem questões mais prementes do que o meu restaurante. Isso tudo é muito decepcionante. Somos uma pequena empresa familiar tentando sobreviver. A Califórnia é o lugar mais difícil para se fazer negócios.”
Com a notícia do fechamento de Sage, a comunidade local demonstrou reações mistas. Enquanto alguns veganos celebraram o fim da operação do restaurante, destacando a importância de seus princípios, outros lamentaram a perda da experiência culinária que o estabelecimento oferecia. “Isso é tão triste”, escreveu um usuário nas redes sociais, expressando gratidão pela voz que o restaurante foi para a agricultura regenerativa. Outro acrescentou que a mudança de foco para a agricultura regenerativa foi uma ação corajosa e que esperava ver como a equipe do Sage continuaria sua luta por um sistema alimentar mais saudável e justo.
A história de Sage Regenerative Kitchen é um reflexo das complexidades e desafios do cenário gastronômico contemporâneo, onde diferentes visões sobre dietas e sustentabilidade frequentemente colidem. O fechamento da casa não é apenas um lamento por um local a menos que oferecia opções veganas, mas também uma oportunidade para refletir sobre as mudanças nos padrões de consumo e nas filosofias que guiam a alimentação responsável. Assim, a trajetória de Engelhart e Sosa com o Sage serve como um lembrete poderoso de como o diálogo e a compreensão podem levar a novos caminhos e formas de pensar.
Alguns poderão ver o fim de uma era, enquanto outros veem a chance de surgimento de novas ideias e iniciativas que busquem unir as comunidades veganas e de agricultura regenerativa em torno de uma causa comum: a promoção de um sistema alimentar mais equilibrado e consciente.