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Nova Iorque
CNN —
A gigante siderúrgica US Steel, junto à empresa japonesa Nippon Steel, decidiu entrar na batalha judicial após ter sua fusão de US$ 14,3 bilhões barrada pelo presidente Joe Biden na semana passada. No último dia 9 de outubro, as empresas apresentaram uma ação contra o governo dos Estados Unidos, alegando que o decreto executivo do presidente que impediu a união das companhias foi assinado por “motivos puramente políticos”. A complexa situação envolvendo o setor siderúrgico, a política norte-americana e as relações internacionais, especialmente entre os EUA e o Japão, agora se transforma em uma arena judicial que poderia repercutir em todo o mercado.
“As ações legais de hoje demonstram o contínuo compromisso da Nippon Steel e da US Steel em completar a transação — apesar da interferência política”, afirmaram as companhias em uma declaração oficial. O descontentamento era esperado, uma vez que no dia em que Biden anunciou a proibição da fusão, fossem as empresas haviam classificado a decisão como “uma clara violação do devido processo”, informando ainda que não tinham outra escolha a não ser tomar todas as medidas apropriadas para proteger seus direitos legais.
O presidente Biden vinha manifestando sua oposição ao negócio há meses, alegando preocupações sobre o impacto que a fusão teria sobre o mercado e os trabalhadores locais. Seus adversários, incluindo representantes sindicais e rivais de mercado, afirmaram que o acordo poderia levar a uma monopolização do setor, prejudicando a concorrência e afetando negativamente os trabalhadores do setor. As empresas processantes alegam que Biden ignorou o Estado de Direito para angariar apoio do sindicato United Steelworkers e fortalecer sua agenda política.
Além da ação que busca derrubar a ordem de Biden, as companhias também processaram Lourenco Goncalves, CEO da Cleveland-Cliffs, e Dave McCall, presidente do sindicato United Steelworkers. Essa ação alega que as tentativas de Goncalves e McCall de bloquear o negócio são “atividades anticompetitivas e de extorsão, ilegalmente projetadas para impedir qualquer parte que não seja a Cleveland-Cliffs de adquirir a US Steel como parte de uma campanha ilegal para monopolizar os mercados críticos de aço domésticos”.
Informações adicionais no processo revelam que, além de buscar impedir a Cleveland-Cliffs e o USW de atuarem em conjunto, o litígio busca “um considerável ressarcimento financeiro por suas condutas”. Esta situação marca um ponto de ebulição em um dos setores mais emblemáticos da indústria americana e promete atrair a atenção de analistas econômicos e legisladores por igual.
No entanto, é importante ressaltar que, até o momento, a Casa Branca, a Cleveland-Cliffs e o sindicato United Steelworkers não deram uma resposta imediata aos processos. O silêncio dessas entidades é intrigante, especialmente considerando a gravidade das alegações e o potencial impacto que isso poderá ter sobre não apenas o setor, mas também sobre a economia local e regional como um todo.
Em agosto de 2023, a US Steel anunciou que havia recebido diversas propostas para a aquisição da empresa e que analisaria estas ofertas. Um dos interessados foi a Cleveland-Cliffs, que já havia se tornado o segundo maior produtor de aço dos EUA, atrás apenas da Nucor, mas as negociações acabaram não avançando. Na época, a oferta da Cleveland-Cliffs era avaliada em cerca de US$ 7,3 bilhões em dinheiro e ações, ou aproximadamente metade dos US$ 14,3 bilhões oferecidos pela Nippon Steel quando o acordo foi finalmente fechado em dezembro de 2024.
O contexto para essa ação é ampliado ainda mais pelo crescente sentimento entre os legisladores dos EUA, uma vez que o oposto da aquisição pela Nippon Steel tem sido uma posição bipartidária, com opositores como o vice-presidente eleito JD Vance e o ex-presidente Donald Trump vocalizando sua desaprovação. O mercado de trabalho e as indústrias tradicionais dos EUA, como a siderurgia, estão navegando em tempos de incerteza, e a luta por dominância no setor de aço vai muito além de apenas algumas empresas, refletindo as tensões mais amplas entre segurança econômica e políticas protecionistas.
Esta é uma situação em desenvolvimento e certamente será acompanhada de perto pelas partes interessadas, incluindo investidores, trabalhadores e formuladores de políticas que buscam entender o que significará essa batalha legal para o futuro do setor siderúrgico e para a economia como um todo.
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