A recente decisão de fechar o Marineland Antibes, um famoso parque marinho localizado no sul da França, provocou um intenso debate sobre o futuro de suas criaturas mais queridas, incluindo duas orcas que se tornaram o coração do parque. A unidade que, em sua essência, serviu como um centro de entretenimento e aprendizado para visitantes de todas as idades agora enfrenta um dilema crítico, ilustrando a complicada intersecção entre legislação ambiental, direitos dos animais e o legítimo apelo do público por experiências de coabitação com a vida marinha.
O Marineland Antibes, próximo a Cannes, anunciou sua decisão de fechar as portas no último domingo, uma medida que reflete a nova legislação francesa que proíbe apresentações de cetáceos, como golfinhos e baleias. Essa lei, que entrou em vigor em 2021 e se tornará totalmente efetiva em dezembro de 2026, também proíbe o contato direto entre visitantes e esses animais. A legislação surgiu em resposta a uma crescente conscientização global sobre os direitos dos animais e o bem-estar das espécies marinhas mantidas em cativeiro.
Em um comunicado divulgado no dia 4 de dezembro, a administração do parque expressou sua tristeza pela decisão, informando que cerca de 90% dos visitantes do Marineland vem predominantemente para assistir às apresentações de orcas e golfinhos. O fechamento não só representa um marco para o parque, mas também levanta sérias questões sobre o destino das duas orcas presentes: Wikie, uma fêmea de 23 anos, e seu filho, Keijo, que tem apenas 10 anos.
Atualmente, não está claro o que será do futuro desses animais, que também incluem 12 golfinhos. O plano original do Marineland era enviar Wikie e Keijo para um parque marinho no Japão, uma ideia que provocou forte resistência de grupos de direitos dos animais. Esses ativistas argumentaram que essa mudança poderia ser prejudicial ao bem-estar das orcas, destacando que o Japão ainda pratica a caça de baleias e carece de leis rigorosas sobre o tratamento de animais em comparação com os padrões europeus.
Diante da indignação pública e da pressão de grupos de direitos dos animais, o governo francês interveio. Um relatório oficial sugeriu opções que implicam um futuro mais promissor para as orcas, recomendando a transferência para um santuário localizado em Nova Escócia, Canadá, ou para o Loro Parque, em Tenerife, parte das Ilhas Canárias espanholas. O Loro Parque já abriga orcas desde 2006 e estaria preparado para oferecer condições comparáveis às que existiam no Marineland.
No entanto, enquanto Loro Parque poderia ser considerado viável, os defensores dos direitos dos animais pedem uma mudança para o santuário canadense, onde os animais não seriam forçados a se apresentar. Muriel Arnal, presidente da organização francesa de direitos dos animais One Voice, expressou preocupação com a possibilidade de que o ambiente no Loro Parque não seja suficientemente adequado. Ela alertou que se Wikie e Keijo fossem para lá, eles poderiam ser mantidos em cativeiro em tanques menores e potencialmente separados para fins de reprodução, que comprometeriam os laços familiares que são cruciais para a saúde mental dos orcas.
Enquanto isso, o futuro das orcas e de outros residentes do Marineland permanece em suspense. Arnal também mencionou que há um plano de transição que envolve mover as orcas inicialmente para uma jaula marinha, com o objetivo de liberá-las posteriormente em uma área oceânica de 44 hectares. Esse plano, embora inspire esperança, também traz riscos inerentes, e a questão ainda é profundamente debatida entre especialistas e defensores dos direitos dos animais.
Conforme a pressão pública aumenta em torno da situação de Wikie e Keijo, Arnal notou o movimento crescente de apoio por parte do público. “É incrível ver quantas pessoas estão se mobilizando ao redor disso”, disse ela. A probabilidade de uma solução favorável será cruciale nos dias que se seguem, na medida em que as partes interessadas e a comunidade em geral permanecem vigilantes.
A CNN já entrou em contato com a administração do Marineland Antibes para solicitar esclarecimentos adicionais sobre a atual situação dos animais e qualquer desdobramento em suas negociações com o governo. O caso das orcas de Marineland não apenas ilumina a complexidade do bem-estar animal nos dias de hoje, mas também serve como um lembrete da responsabilidade coletiva que compartilhamos em relação aos seres vivos que coabitam nosso planeta, devemos promulgar ações que priorizem seu bem-estar e segurança.