A história de Mighty No. 9, o projeto ambicioso de Keiji Inafune, artista que deu vida a Mega Man, teve um desfecho inesperado e triste para muitos que esperavam a tão sonhada versão para as plataformas Nintendo 3DS e PlayStation Vita. Depois de uma longa espera de mais de uma década, a Amazon, gigante do comércio eletrônico, finalmente cancelou as pré-vendas dessas versões do game, que prometia reanimar uma série clássica que havia caído em desgraça sob a supervisão da Capcom. O cancelamento gerou uma onda de reações nas redes sociais, refletindo a frustração de uma comunidade que apostou suas expectativas em um projeto que sofreu uma série de contratempos e adiamentos.

A trajetória de Mighty No. 9 teve início com o lançamento de uma campanha de crowdfunding no evento PAX em 2013. O financiamento inicial estabelecido em 900 mil dólares foi superado com facilidade, atingindo finalmente a cifra de 4 milhões de dólares, o que garantiu não apenas versões para PC e consoles, mas também os tão almejados port para 3DS e Vita. Aldo estas últimas promessas, as versões das plataformas de handheld foram continuamente adiadas e, em 2016, o game começou a ser disponibilizado em outras plataformas, sem que os fãs conseguissem colocar suas mãos na versão portátil.

O desenvolvedor do jogo, Comcept, que mais tarde seria adquirido pela Level-5 em 2017, alegou que as razões para o atraso das versões portáteis estavam atreladas a problemas internos e à necessidade de ajustes no projeto. Os entusiastas do jogo foram assegurados de que os ports estavam longe de serem cancelados, e que o processo ainda estava em andamento. Contudo, já nas primeiras impressões, observou-se que a situação revelava cada vez mais contornos de uma verdadeira novela, na qual as promessas pareciam evaporar a cada novo comunicado.

Uma investigação realizada pelo site Destructoid revelou que a empresa Abstraction Games, inicialmente encarregada dos ports, sequer havia iniciado o desenvolvimento. O CEO da empresa, Ralph Egas, mencionou que o acordo foi feito de forma apressada devido aos requisitos da campanha de Kickstarter, e que problemas de comunicação e a entrega tardia do código fonte por parte da Comcept impactaram diretamente no andamento do projeto. A partir desse momento, a expectativa dos fãs se tornava ainda mais nebulosa.

Após a saída da Abstraction Games, o trabalho nos ports foi reassumido por um grupo chamado Engine Software, mas não houve mais informações substanciais sobre o estado do projeto desde que essa transição foi anunciada. O mistério em torno do futuro do jogo só aumentou com o passar do tempo e a expectativa de lançamento foi se dissolvendo até culminar no recente anúncio da Amazon, que foi recebido com um misto de decepção e resignação pelos fãs. Uma certa dose de humor pode ser encontrada nas redes sociais, onde um usuário comentou: “Mighty No. NEIN!”, ironizando a situação.

Como se não bastasse, Keiji Inafune, que ficou conhecido pela sua icônica contribuição ao mundo dos jogos, direcionou seus esforços para novos empreendimentos, incluindo a venda de NFTs em 2022. Atualmente, ele continua atuando como produtor na nova RPG de simulação de vida da Level-5, intitulado Fantasy Life i: The Girl Who Steals Time, enquanto os ecos do fiasco de Mighty No. 9 reverberam entre a comunidade de gamers.

Em um cenário que exige cada vez mais transparência e compromisso das empresas de jogos, o caso de Mighty No. 9 serve como um exemplo do quanto a confiança dos fãs pode ser testada. Para muitos, o cancelamento definitivo das versões 3DS e Vita simboliza não apenas o fim de uma longa espera, mas também uma reflexão sobre as promessas feitas no calor dos lançamentos de crowdfunding. O que resta agora são as lições aprendidas e a esperança de que, no futuro, as promessas realizadas sejam mais do que apenas palavras ao vento em um mundo de games que continuamente evolui.

Curiosamente, a saga de Mighty No. 9 também nos lembra que a narrativa dos jogos se estende além das telas. Assim, para aqueles que ainda mantêm a esperança, surgirá o próximo projeto que surpreenderá. Mas, por hora, os fãs podem apenas se recuperar do golpe, relembrando a jornada e levantando questões sobre o impacto do financiamento coletivo no universo dos games.

Saiba mais sobre a campanha original de financiamento de Mighty No. 9

Mighty No. 9

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