O novo thriller intitulado Reunion tem chamado a atenção ao abordar questões de inclusão e diversidade de uma maneira notável. Situado na cidade industrial de Sheffield, na Inglaterra, a série promete capturar não apenas a essência desse local, mas também a complexidade da cultura surda. Com estreia prevista na BBC One e no BBC iPlayer, Reunion está se estabelecendo como uma obra necessária e inovadora na televisão britânica e além.
William “Billy” Mager, o criador e escritor da série, descreve Reunion como um thriller que remete aos clássicos do cinema dos anos 70, mas que se atualiza para o público moderno. Durante uma conversa em seu escritório em Sheffield, Mager afirmou que a série irá focar em temas universais enquanto explora a especificidade da cidade que, nos últimos tempos, tem sido um pano de fundo pouco explorado nas telinhas. “O que temos aqui é uma história que, ao mesmo tempo, fala a todos e é profundamente enraizada na nossa cultura local”, disse ele. A trama, que se desenrola entre uma comunidade surda, apresenta um protagonista surdo e mergulha em sua busca por justiça após sair da prisão.
A série não é apenas uma narrativa de vingança; ela é um marco na representação da comunidade surda na televisão britânica. Mager, que é surdo, elaborou a produção de forma que a maioria do elenco e muitos membros da equipe também sejam surdos ou fluentes em British Sign Language (BSL). Isso torna Reunion o primeiro programa de alta qualidade na Grã-Bretanha a contar com um ator principal que se comunica em BSL, Matthew Gurney. A inclusão se estende a todas as áreas da produção, desde o treinamento em conscientização surda até decisões sobre tecnologia, permitindo que equipe surda e ouvinte trabalhem de maneira coesa.
A atmosfera nos bastidores durante as gravações denota um esforço coletivo para criar um ambiente inclusivo. Com walkie-talkies para os membros ouvintes da equipe e intérpretes disponíveis, há um empenho em garantir uma comunicação fluida. Luke Snellin, o diretor, ressaltou a importância de ter um “shadow” First Assistant Director surdo, como Sam Arnold, que ajudou a transmitir as orientações para o elenco e a equipe surda. Esses detalhes destacados por Snellin demonstram a seriedade com que a equipe trata a inclusão em cada nível da produção. “As decisões que tomamos tornaram o processo muito mais rápido e eficaz”, ele compartilhou.
Reunion não se limita apenas ao entretenimento. A série aborda temas universais que ressoam com audiências de todas as origens. Mager detalha que a história gira em torno de um homem que, ao sair da prisão, busca corrigir os erros de seu passado enquanto investiga as circunstâncias que o levaram à detenção. Daniel Brennan, interpretado por Matthew Gurney, é um treinador de surf que busca redimir-se e, ao mesmo tempo, descobrir a verdade sobre sua vida. Sam Arnold, o assistente surdo, tem sido fundamental em facilitar essa narrativa, assegurando que todos no set possam contribuir plenamente.
Além da inclusão na frente das câmeras, houve um foco especial no desenvolvimento das habilidades de BSL dos atores ouvintes. Lara Peake, que interpreta a filha de Daniel, fez um progresso impressionante na aprendizagem de BSL, levantando elogios pela sua habilidade em se comunicar em uma língua que muitos ainda consideram desafiadora de aprender. Snellin também fez de aprender BSL uma prioridade, dedicando tempo para entender melhor a linguagem e respeitar a cultura surda. Tal dedicação mostra que a intenção é mais do que apenas cumprir um requisito: trata-se de uma verdadeira colaboração criativa.
Em termos de réception pública, Mager acredita que o sucesso de Reunion abrirá portas para mais produções que celebrem a cultura surda. Ele expressou esperança de que histórias semelhantes emergem e, assim, mais audiências surdas se sintam representadas na mídia. O criador deseja ir além do ensino formal da língua de sinais, tornando-a acessível e atraente, algo que é percebido como “sexy” devido à sua natureza visual. “As nuances da linguagem dos sinais são profundamente poéticas, e a forma com que Luke filmou traz essa beleza à tela”, complementou Mager.
Em resumo, Reunion não é apenas mais um thriller; é uma tentativa sinceramente participativa de trazer à luz a vida da comunidade surda, oferecendo uma visão não apenas de suas lutas, mas também de suas riquezas culturais. Em um momento em que a inclusão na mídia é mais necessária do que nunca, a série se posiciona como um exemplo de como as histórias surdas podem e devem ser contadas na tela. Mager termina com um apelo claro: “Se você não se sente representado, não é apenas um vazio na narrativa, é um apelo à mudança, e espero que Reunion inspire essa mudança”.