Nos dias que antecedem as eleições, a linguagem e as ações de Donald Trump têm se tornado cada vez mais intensas e inusitadas, levando líderes democratas a questionarem sua capacidade de liderar. O ex-presidente, visando reconquistar o cargo, tem se comportado de maneira autocrática e imprudente, acirrando o debate sobre sua adequação à presidência. Vice-presidente Kamala Harris e outros democratas estão utilizando essas declarações para enfatizar que Trump desmerece o cargo presidencial e apresenta um comportamento perturbador, apresentando-o como um candidato incapaz de conduzir os Estados Unidos de maneira estável e responsável.
Em suas aparições públicas recentes, Trump não tem evitado o uso de uma retórica bastante polêmica. No último domingo, por exemplo, ele referiu-se a Harris de maneira depreciativa, chamando-a de “vice-presidente merd” e proferindo histórias inusitadas e de duplo sentido sobre o lendário jogador de golfe Arnold Palmer. Essas declarações têm gerado uma onda de críticas, especialmente entre os democratas, que sugerem que ele está demonstrando sinais de instabilidade mental. A campanha de Harris, ao notar essas falas, aproveitou a oportunidade para reforçar a ideia de que Trump é um homem “não sério” que gera “consequências extremamente sérias” caso retorne à Casa Branca. Além disso, o ex-presidente tem insistido que poderia usar o Exército contra “inimigos internos”, evocando um discurso tipicamente autoritário.
A retórica de Trump, que lembra os tempos em que ele estava na presidência, parece ter feito com que muitos se perguntassem sobre sua saúde mental e capacidade de governar. Ele mesmo desafiou a necessidade de testes cognitivos, ironizando sua própria idade e questionando se estava próximo de completar 80 anos, a exemplo de Joe Biden, seu adversário. Mesmo assim, a campanha de Trump continua a reforçar sua posição em questões econômicas e de imigração, onde, segundo pesquisas, ele ainda detém a confiança de muitos eleitores. O efeito de suas palavras e ações tem gerado polarização, mas ainda conta com uma base sólida de apoiadores.
Na eleição de 2024, os desafios que Trump enfrenta vão além de suas ações controversas. Estando sua campanha em andamento e as pesquisas mostrando um empate entre os candidatos, a equipe de Harris está aproveitando a oportunidade para destacar os supostos problemas de saúde mental do ex-presidente. Com trinta dias restantes até o dia das eleições, a expectativa de como os eleitores responderão ao comportamento e à retórica de Trump se torna cada vez mais pertinente. Em sua própria defesa, o porta-voz republicano Mike Johnson argumentou que as declarações de Trump eram direcionadas contra “gangues perigosas”, um esforço para dar um sentido a suas palavras mais controversas.
Contudo, a verdadeira questão se torna: até que ponto o comportamento de Trump desqualificará seu apelo junto ao eleitorado? Historicamente, mesmo diante de crises, sua habilidade de permanecer na disputa política se mostrou forte. Exemplos como o episódio “Access Hollywood”, onde Trump fez comentários inapropriados sobre mulheres, mostraram que sua popularidade não foi severamente afetada. Assim, mesmo argumentos de que sua linguagem ofensiva possa desagradar eleitores moderados são frequentemente abalados pela realidade de sua trajetória.
Enquanto isso, Kamala Harris e sua campanha têm se desculpado por seu comportamento crescente, enfatizando a necessidade de um comportamento elevado por parte do líder do país, afirmando que Trump não representa os valores da presidência. Outra perspectiva veio do ex-presidente Barack Obama, que criticou Trump, acusando-o de mentir e de desrespeitar a Constituição, em um evento recente em Pittsburgh. Essa onda de críticas não apenas reafirma as preocupações a respeito do comportamento de Trump, mas também destaca a incerteza de seu futuro no cenário político.
A cada pronunciamento e ato de Trump, surgem dúvidas sobre se sua liderança seria capaz de resistir a um rigoroso escrutínio público e à pressão de adversários políticos. À medida que os dias passam, três questões permanecem para o eleitorado: Trump pode ainda ser um candidato viável apesar de suas ofensas? Qual é o limite para a aceitação de um comportamento tão controverso em uma campanha? E, por fim, o que isso significa para a democracia americana se um ex-presidente, sob tais circunstâncias, for novamente eleito?
Com o dia da eleição se aproximando rapidamente, tanto Trump quanto Harris estão mirando os últimos eleitores indecisos. A imprevisibilidade dele continua a gerar tanto apoio quanto determinação por parte dos adversários para expor as fragilidades de sua campanha e sua retórica. Independentemente do resultado, a realidade é que a moralidade do discurso político nos EUA atingiu novas profundezas, e, a partir daí, o futuro parece estar repleto de turbulências políticas.