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Na última terça-feira, Laila Soueif, uma mulher de 68 anos e mãe do ativista egípcio-britânico Alaa Abd El-Fattah, completou 100 dias de greve de fome em um apelo ao governo do Reino Unido para a libertação de seu filho, que está preso no Egito. Sua determinação em denunciar as injustiças enfrentadas por seu filho ao longo de sua condenação se tornou um símbolo poderoso de resistência e luta por direitos humanos.

Alaa Abd El-Fattah, que se destacou como um dos principais ativistas durante a revolução de 2011 no Egito, foi condenado à prisão e tem enfrentado uma série de injustiças judiciais. Ele já passou grande parte da última década encarcerado e, em 2019, foi sentenciado a mais cinco anos de prisão por supostamente divulgar notícias falsas após compartilhar uma publicação no Facebook sobre abusos nos direitos humanos nas prisões egípcias. Essa condenação, vista como uma manobra para silenciar vozes dissentadoras, gerou preocupação internacional e debate sobre a liberdade de expressão no país.

Tanto Laila Soueif quanto seu filho Alaa possuem cidadania dupla: egípcia e britânica. A conexão com o Reino Unido é um aspecto importante na luta de Soueif, pois ela acredita que o governo britânico deve intensificar seus esforços para garantir a liberdade de seu filho através de pressões diplomáticas e medidas concretas.

A greve de fome de Soueif, iniciada em setembro, ocorreu em frente ao escritório do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido em um ato de protesto contra a falta de progresso nas negociações para a libertação de seu filho. Sua rotina de sobrevivência se resume ao consumo de café preto, chá de ervas e três pacotes de sais de reidratação por dia, conforme informações fornecidas por sua família. Essa medida drástica destaca não apenas sua determinação, mas também a gravidade da situação em que sua família se encontra.

Atualmente, Soueif está em Cairo, aguardando a possibilidade de um encontro com seu filho, que está preso. Ela espera que esse encontro aconteça em 8 de janeiro por meio de uma visita que ocorrerá através de um vidro em uma prisão localizada a cerca de uma hora da capital egípcia. Nesse cenário, o desejo de um breve contato humano, mesmo que limitado, traz um pequeno raio de esperança em meio à angústia da separação.

Em um comunicado à imprensa, Laila expressou sua preocupação com a indiferença do governo britânico em relação ao estado de saúde de seu filho. “Infelizmente, o governo parece estar esperando que eu seja hospitalizada antes de agir de forma decisiva para garantir a liberdade do meu filho. Temos sido sortudos que meu corpo resistiu, mas logo ficará sem tempo”, disse Soueif, retratando a agonia emocional e física que ela e sua família estão enfrentando nesta batalha intransigente.

O governo britânico já afirmou anteriormente que está se esforçando para garantir a libertação de Abd El-Fattah. Em 2022, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, abordou o caso do ativista em uma reunião com o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi durante a cúpula da COP27. Um porta-voz de Downing Street confirmou que essa questão é prioridade nas discussões diplomáticas entre os dois países, mas a pressão contínua de famílias e defensores dos direitos humanos é indispensável para levar a situação à atenção adequada.

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Imagem de Laila Soueif durante greves de fome

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