Na mais recente reviravolta nos desdobramentos legais envolvendo Donald Trump, os advogados do ex-presidente tiveram a oportunidade de revisar um rascunho do relatório final elaborado pelo conselheiro especial, Jack Smith, e estão ameaçando tomar medidas legais para impedir sua divulgação ao público. Essa informação foi revelada em uma carta contida em documentos judiciais apresentados por dois ex-co-réus de Trump, Walt Nauta e Carlos De Oliveira, na noite de segunda-feira.

Os documentos apresentados pedem à juíza Aileen Cannon que bloqueie a liberação do relatório do conselheiro especial, que deve ser divulgado nos próximos dias, coincidindo com a iminente posse de Trump como presidente pela segunda vez. Nauta e De Oliveira, ambos ex-colaboradores de Trump e que se declararam inocentes de crimes relacionados a obstrução da justiça, sustentam que Smith não tem autoridade para divulgar o relatório, visto que Cannon anteriormente considerou sua nomeação como conselheiro especial ilegal. Essa alegação adiciona uma nova camada ao já complicado processo legal que envolve Trump e seus associados, refletindo as intensas batalhas judiciais que têm sido um marca registrada de sua administração.

O conteúdo dos documentos também inclui uma carta dos advogados de Trump dirigida ao procurador-geral Merrick Garland, na qual fazem argumentos semelhantes e afirmam ter revisado o relatório de dois volumes em uma sala de conferências no escritório de Smith entre 3 e 6 de janeiro de 2025. Os advogados, dois dos quais foram escolhidos por Trump para ocupar cargos de destaque no Departamento de Justiça em sua nova administração, exigem ser notificados com antecedência sobre a data de liberação do relatório, com a finalidade de poderem “tomar as devidas ações legais”. É interessante notar como o tempo é um fator crucial nesse caso, especialmente considerando o calendário político e a proximidade da posse de Trump.

Nos documentos apresentados, os defensores alegam que o governo só lhes permitiu uma “revisão de acesso limitado” ao rascunho durante o final de semana, e que isso “revelou uma narrativa unilateral que argumenta que os réus cometeram os crimes pelos quais estão sendo acusados”. Garland informou ao Congresso que planeja fornecer o relatório aos legisladores, permitindo as realces exigidos pela política do Departamento de Justiça. Significa que o departamento deverá redigir partes do relatório relacionadas aos dois co-réus, uma vez que está buscando continuar esses casos e é proibido de prejudicar seus processos. Essa estratégia ressalta a cautela do governo em evitar qualquer violação do devido processo legal, um princípio fundamental no sistema judiciário dos Estados Unidos.

Em um outro documento apresentado à noite, a equipe de Smith elucidou mais sobre a linha do tempo para a finalização do relatório. Segundo o escritório do conselheiro especial, o relatório não será entregue ao procurador-geral antes das 13h, horário do Leste dos EUA, na terça-feira, e Garland não o liberaria até, no mínimo, a manhã de sexta-feira. O fato de que o procurador-geral ainda não decidiu como lidar com o volume de relatórios relacionados a este caso, sobre o qual as partes estavam discutindo no momento em que os réus protocolaram a moção, demonstra a complexidade e a sensibilidade do que está em jogo.

A equipe do conselheiro especial indicou que o relatório terá dois volumes, ao que tudo indica, um relacionado ao caso de documentos e outro relacionado às acusações federais separadas associadas ao evento de 6 de janeiro. Essas divisões podem se revelar cruciais no andamento do caso e na percepção pública das investigações, reforçando a importância da transparência na comunicação de informações relevantes ao público. Regulações federais que orientam o trabalho do conselheiro especial no Departamento de Justiça colocam as decisões sobre a liberação de relatórios como este nas mãos do procurador-geral, uma responsabilidade que Garland terá que gerenciar cuidadosamente.

Embora os advogados de defesa tenham expressado descontentamento em relação ao nível de redacções que visualizaram no rascunho durante a revisão, a situação é ainda mais preocupante para os réus, que estão pedindo à juíza Cannon uma audiência emergencial sobre essa solicitação. Apesar de Cannon ter arquivado o caso contra eles e Trump no verão passado, o Departamento de Justiça está apelando sua decisão de que a nomeação de Smith foi inconstitucional. É interessante observar como as alegações de defeitos processuais podem influenciar a percepção pública do caso e as ações futuras do Departamento de Justiça.

Enquanto isso, Nauta e De Oliveira argumentaram na segunda-feira que a divulgação do relatório prejudicaria “irrevogavelmente e irreparavelmente” sua posição como réus. Eles se referiram à ordem de proteção que limita o que podem dizer sobre as informações que receberam do governo, ressaltando a delicadeza da situação legal em que se encontram. E, embora o tribunal tenha sido informado sobre a possibilidade de renovações nas acusações contra eles, os advogados de defesa argumentam que a soltura pública do relatório da investigação servirá como um “veredicto do governo contra os réus, em contrariedade a todas as normas do sistema de justiça criminal e diretrizes constitucionais”. É, sem dúvida, uma batalha em vários níveis, envolvendo questões legais, políticas e de percepção pública.

O resultado dessas ações, tanto do lado da defesa quanto do governo, poderá ter repercussões significativas, não apenas nas vidas dos indivíduos diretamente impactados, mas também no cenário político dos Estados Unidos. A tensão entre o executivo e o judicial parece estar em uma espécie de ponto de ebulição, e muitos observadores estarão atentos à próxima movimentação da justiça. À medida que a situação se desenvolve, resta saber se a juíza Cannon atenderá ao pedido de Nauta e De Oliveira e como o Departamento de Justiça responderá às diferentes solicitações lançadas pelos advogados de Trump e seus co-réus.

Essa história foi atualizada com novos desdobramentos.

A cobertura desta notícia teve a contribuição de Evan Perez, da CNN.

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