Um juiz da corte de apelação de Nova York negou rapidamente o pedido do ex-presidente Donald Trump para adiar sua sentença marcada para esta sexta-feira no polêmico caso do pagamento secreto de dinheiro, um desfecho que promete dominar os noticiários nas próximas semanas. A decisão reflete a determinação do sistema judiciário em avançar com os trâmites legais, mesmo diante da complexidade e da notoriedade do caso em questão. A sentença será o próximo passo relevante em um processo que já envolveu uma série de alegações e defesas robustas ao longo de meses, configurando-se como um marco na história judicial dos Estados Unidos, dada a posição única que Trump ocupa como presidente eleito.
A juíza Ellen Gesmer, responsável pela audiência, rejeitou a solicitação de Trump após uma breve sessão de discussão na tarde de terça-feira, enfatizando a urgência do caso e a falta de precedentes que sustentassem o pedido de impossibilidade de sentença. Durante a audiência, o advogado de Trump, Todd Blanche, expressou sua preocupação, argumentando que a decisão da Suprema Corte em julho sobre a imunidade presidencial deveria oferecer ao ex-presidente uma proteção constitucional em relação ao processo. Ele enfatizou que a situação é sem precedentes, mas a juíza Gesmer se mostrou cética em relação à base legal apresentada, questionando se existiria algum caso anterior que justificasse a aplicação desse tipo de imunidade a um presidente eleito.
Trump está contestando a sua condenação em 34 acusações de falsificação de registros comerciais, advogando que a decisão do tribunal deve ser anulada com base na alegação de imunidade presidencial, um conceito que foi rejeitado pelo juiz do tribunal de primeira instância, Juan Merchan. Apesar das tentativas de defesa, Merchan manteve a audiência de sentença marcada, o que levou à intervenção da corte de apelação. No entanto, a questão crucial permanece: a natureza inusitada do caso, direita a desvendar os limites da imunidade presidencial e como isso poderia se aplicar a um presidente que é também um réu.
Um ponto de destaque foi a declaração feita por Steven Wu, do escritório do promotor público de Manhattan, que argumentou que os advogados de Trump não apresentaram razões válidas que justificassem um atraso no processo de sentença, afirmando que o momento atual é o mais apropriado para tal decisão. Wu foi direto ao afirmar que o agendamento da sentença agora evita complicações futuras, caso Trump assuma a presidência, o que tornaria a convocação de um presidente em exercício para uma audiência judicial um desafio sem precedentes.
Com a contagem regressiva para a cerimônia de posse de Trump, marcada para ocorrer em menos de duas semanas, a pressão cresce para que a situação judicial seja resolvida de forma clara e expedita. Se os advogados de Trump forem bem-sucedidos em adiar a audiência, a questão do pagamento secreto de dinheiro poderia se prolongar indefinidamente, enquanto diversos caminhos de apelação seriam explorados, prolongando a incerteza sobre o veredito final e o impacto que isso terá sobre a administração presidencial que está prestes a começar.
Os desdobramentos mais recentes revelam um cenário de tensão não apenas nas esferas jurídicas, mas também na perspectiva política que se desenha à frente. A narrativa em torno do caso do pagamento secreto de dinheiro, que se originou a partir de um suposto acordo de silêncio com a atriz de filmes adultos Stormy Daniels, promete reverberar diretamente nas estratégias de Trump como líder, independentemente dos resultados judiciais. Por fim, para muitos observadores, o desfecho do caso não é apenas uma questão de justiça, mas também um reflexo do estado atual da política americana, onde os desafios legais enfrentados por figuras de destaque frequentemente se entrelaçam com questões de governabilidade e legitimidade.
Esta história foi atualizada com novos desdobramentos.
Nicki Brown, da CNN, contribuiu para este relatório.