Nova York
CNN
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Uma nova revelação chocante está surgindo no mundo político americano, conforme detalhes do livro “Revenge: The Inside Story of Trump’s Return to Power”, escrito pelo repórter político da Politico, Alex Isenstadt. O autor alega que a equipe do então presidente eleito Donald Trump recebeu, com antecedência e de fonte interna da rede Fox News, as perguntas que seriam feitas durante uma town hall realizada em Iowa, no último mês de janeiro. Esse incidente levanta sérias questões sobre a ética jornalística, especialmente considerando a responsabilidade que as emissoras têm de manter a integridade em sua cobertura política.

O livro de Isenstadt, que inclui entrevistas com mais de 300 pessoas, juntamente com memos internos, anotações e gravações, expõe detalhes intrigantes sobre a relação entre Trump e a Fox News. Com uma base sólida de informações, o autor destaca um evento notável no qual, em janeiro de 2024, Trump estava programado para se reunir com eleitores em Iowa de maneira moderada pelos âncoras Bret Baier e Martha MacCallum. No entanto, nem todos os assessores de Trump estavam ansiosos para que ele participasse, devido a uma percepção de cobertura negativa por parte da Fox até então.

Isenstadt escreve que os conselheiros de Trump estavam “ainda irritados com a Fox” por sua cobertura, a qual consideravam antagônica, e, assim, preferiam que o ex-presidente não comparecesse ao evento. Apesar disso, Trump cultivava uma boa relação com Baier, que ele considerava um amigo de golf, e estava decidido a participar do encontro. No entanto, a expectativa era de que Baier e MacCallum aplicassem um questionamento mais firme em relação às políticas e ações controversas de Trump, especialmente no que diz respeito à violência política e as consequências eleitorais diante das acusações que pesavam sobre ele.

A situação tomou um rumo inesperado. Aproximadamente trinta minutos antes da transmissão, um assessor de alto escalão começou a receber mensagens de texto de um informante dentro da Fox. O conteúdo: imagens que revelavam todas as perguntas que seriam feitas a Trump, incluindo possíveis perguntas de acompanhamento, cobrindo até mesmo a redação exata. Para a equipe de Trump, aquela era uma verdadeira “carta na manga”, comparada a um aluno tendo acesso ao exame antes de sua aplicação.

De acordo com os planejamentos de Baier e MacCallum, uma das questões cruciais seria sobre a disposição de Trump em se desvincular de seus negócios caso fosse reeleito, além de um questionamento sobre o risco que o partido correria ao optar por sua candidatura, considerando suas indiciamentos judiciais. As expectativas eram de que eles o pressionariam a renegar a violência política, bem como indagar se a Casa Branca de Trump se concentraria em retaliações políticas.

Trump, ao tomar conhecimento das perguntas, expressou sua irritação, considerando que estavam estruturadas para deixá-lo na defensiva. Contudo, sabendo que tinha as perguntas à sua disposição, a equipe de campanha aproveitou para “treinar suas respostas”, o que não é algo que normalmente se espera em uma transmissão ao vivo.

Donald Trump durante uma town hall da Fox News em Des Moines, Iowa, em 10 de janeiro de 2024.

Após a descoberta de tais práticas, a Fox News se comprometeu a investigar o caso. Um porta-voz da rede afirmou que, embora não houvesse evidências do ocorrido e que Isenstadt havia se recusado a compartilhar as imagens para verificação, o assunto seria tratado com seriedade. A rede também desmentiu a narrativa de que Baier e Trump eram amigos íntimos, afirmando que eles jogaram golf apenas algumas vezes na última década.

O diretor de comunicação da futura Casa Branca, Steven Cheung, não abordou diretamente as alegações referentes à town hall, mas afirmou que “o presidente Trump foi o candidato mais acessível e transparente da história americana, e é por isso que venceu de forma histórica”. Tais declarações geraram reações variadas entre analistas políticos, que têm discutido a importância da transparência nas campanhas eleitorais nos dias atuais.

Em uma nova revelação contida no mesmo livro, Isenstadt menciona que Trump considerou seriamente a possibilidade de indicar a âncora da Fox Business, Maria Bartiromo, como sua parceira de chapa. A decisão foi desfeita pela equipe de Trump, que acreditava não haver tempo suficiente para uma avaliação adequada da jornalista, considerando que meses haviam sido gastos avaliando outros candidatos.

Neste contexto, o livro “Revenge” promete trazer outros detalhes intrigantes sobre o regime Trump e seus relacionamentos com a mídia. O lançamento está programado para março pela Grand Central Publishing.

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