No contexto atual da inteligência artificial, onde a busca por uma inteligência que se iguale ou supere a humana se intensifica, a iniciativa mais recente lançada pelo renomado pesquisador François Chollet ganha destaque. Co-fundador de uma nova organização sem fins lucrativos, a ARC Prize Foundation, Chollet, ex-engenheiro do Google e figura influente no universo da IA, está empenhado em desenvolver benchmarks que façam uma análise profunda da “inteligência de nível humano” das máquinas. Este passo representa não apenas uma evolução na pesquisa de IA, mas também um esforço significativo para inspirar progresso na busca pela inteligência geral artificial (AGI), um conceito muitas vezes debatido e multidimensional.

A ARC Prize Foundation contará com a liderança de Greg Kamradt, ex-diretor de engenharia da Salesforce e fundador do estúdio de produtos de IA Leverage. Kamradt assumirá o cargo de presidente e também será membro do conselho da nova entidade. Em uma declaração em seu site, Chollet enfatizou a importância de se criar uma fundação adequadamente estruturada, que sirva como uma “estrela-guia” em direção à AGI. Essa busca por uma inteligência artificial que possa executar a maioria das tarefas humanas ainda é um terreno nebuloso, mas essencial para o avanço tecnológico que pode impactar a sociedade de maneiras profundas.

O núcleo do projeto da ARC Prize Foundation está centrado na evolução do ARC-AGI, um teste concebido por Chollet para avaliar a capacidade de um sistema de IA em adquirir novas competências fora dos dados originais de treinamento. O teste baseia-se em problemas semelhantes a quebra-cabeças, onde a tarefa da IA é gerar a grade de “respostas” correta a partir de uma coleção de quadrados de diferentes cores. Esses desafios foram elaborados com a finalidade de forçar um sistema de IA a se adaptar a problemas inéditos, fomentando assim a sua evolução.

Desde a sua introdução em 2019, o ARC-AGI se destacou por sua complexidade e relevância. Embora muitos sistemas de IA possam conquistar altos desempenhos em exames desafiadores, como os das Olimpíadas de Matemática, a verdade é que, até este ano, os sistemas mais avançados conseguiam resolver apenas cerca de um terço das tarefas propostas no ARC-AGI. Essa provação da eficiência de modelos de IA demonstrou que, apesar do progresso, ainda há um longo caminho a percorrer antes que se possa afirmar que uma IA possui uma inteligência comparável à humana.

Chollet, em seu comunicado, indicou que a ARC Prize Foundation não se limita a identificar riscos associados à IA utilizando questões consideradas “superhumanas”. O foco para as futuras versões do benchmark ARC-AGI será a diminuição da lacuna de capacidades humanas, potencialmente visando aproximar esse índice de zero. Isso indica uma nova abordagem na avaliação do desenvolvimento da inteligência artificial, uma que não busca apenas a superioridade, mas também a equiparação às habilidades humanas.

No último mês de junho, em um esforço conjunto, Chollet e Mike Knoop, cofundador da Zapier, lançaram uma competição voltada para a criação de uma IA que superasse o benchmark estabelecido pelo ARC-AGI. O modelo o3, ainda não lançado pela OpenAI, foi o primeiro a alcançar uma pontuação que o habilitava, porém, o fez por meio de uma quantidade extraordinária de poder computacional. Essa informação levanta questões pertinentes sobre o preço necessário para impulsionar o avanço da inteligência artificial a níveis verdadeiramente comparáveis ao humano.

Embora Chollet tenha expressado que o modelo o3 apresenta limitações significativas, admitindo que diversas outras soluções conseguiram resultados impressionantes por meio de força bruta, ele mantém uma visão crítica sobre a atual definição de AGI. Certa vez, ele afirmou que “vocês saberão que a inteligência geral artificial chegou quando a tarefa de criar desafios que sejam fáceis para humanos normais, mas difíceis para a IA, tornar-se simplesmente impossível”. Isso sugere que a jornada em direção a AGI ainda está longe de ser concluída e que muitos aspectos precisam ser contemplados na redefinição e avaliação dessa inteligência.

Com a expectativa de uma nova edição do benchmark ARC-AGI programada para este ano, Knoop mencionou planos de desenvolver uma segunda geração do teste ao mesmo tempo que uma nova competição será realizada. A ARC Prize Foundation também se propõe a trabalhar no design de uma terceira versão do ARC-AGI, reforçando o comprometimento contínuo com a pesquisa e inovação neste campo fascinante e em rápida evolução.

Contudo, ainda é incerto como a ARC Prize Foundation lidará com as críticas que Chollet enfrenta, especialmente em relação a uma possível supervalorização do ARC-AGI como um marco significativo em direção à AGI. A definição de AGI, já contestada amplamente, foi tema de recente debate, com um membro da equipe da OpenAI afirmando que a AGI já foi “alcançada” se esta for definida como uma IA que supere a maioria dos humanos na execução de diversas tarefas.

Por fim, cabe destacar que o CEO da OpenAI, Sam Altman, expressou interesse em colaborar com a equipe do ARC-AGI para desenvolver benchmarks futuros. Contudo, Chollet não trouxe atualizações sobre possíveis parcerias em seu anúncio recente. Diante desse cenário, o que se pode afirmar é que o futuro da inteligência artificial é promissor e incerto, e a busca por AGI continua a instigar debates e inovações na pesquisa.

img src=”link_da_imagem” alt=”François Chollet e o ARC Prize Foundation”

Leia mais sobre AGI aqui.

Chollet e sua equipe estão na linha de frente de uma revolução em inteligência artificial, cujo impacto pode moldar ainda mais a realidade tecnológica do mundo em que vivemos.

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