A recente observação do comportamento dos investidores globais durante o feriado prolongado da China, conhecido como Golden Week, revela um contraste marcante entre a confiança externa e a realidade enfrentada pelos consumidores chineses. Apesar da euforia referentes às ações e outros ativos associados à economia chinesa, os números de gastos dos consumidores locais indicam uma continuação de um padrão preocupante que clama por atenção. A análise do Goldman Sachs destaca que a receita de turismo por pessoa ficou 2,1% abaixo dos níveis pré-pandemia, durante a semana de celebrações, que se estendeu de 1 a 7 de outubro. Essa fraqueza no consumo não é apenas uma mera questão de estatísticas, mas sim um indicativo de um problema persistente em relação à confiança do consumidor chinês.
De acordo com os economistas, a baixa nos gastos turísticos por pessoa e a moderação nos preços dos serviços sublinham a demanda interna ainda fraca. O Goldman Sachs afirma que permanece incerta a extensão de novas medidas de estímulo, especialmente no setor fiscal, que poderiam ser anunciadas nos próximos meses, e qual o impacto dessas medidas poderia ter na normalização de preços e na reconstrução da confiança do consumidor. Os números revelam uma situação econômica grave, levando alguns analistas a advogarem a necessidade de um pacote de estímulos que chega a 10 trilhões de yuan, o equivalente a cerca de 1,4 trilhão de dólares, com o intuito de revitalizar o otimismo na segunda maior economia do mundo, a qual enfrenta uma gama de problemas econômicos, incluindo a queda dos preços.
Em meio a esse cenário de incerteza, dados anedóticos revelaram que os preços de hotéis e passagens aéreas durante o feriado foram inferiores aos dos níveis de um ano atrás, mesmo após a reabertura das fronteiras do país, que ocorreu há um ano e meio, como consequência da pandemia de Covid-19. Isso evidencia que, apesar de alguns sinais promissores, a confiança e a disposição dos consumidores em gastar continuam em um nível insatisfatório. Um dado positivo que se destaca é o aumento no turismo internacional, que subiu cerca de 26%, totalizando 13 milhões de viagens em comparação com o mesmo período do ano anterior. Além disso, os voos internacionais registraram um crescimento de 42%, considerando a base baixa de 2023.
Após uma série de dados econômicos fracos durante o verão, preocupações começaram a surgir sobre a possibilidade da China não alcançar a meta de crescimento de 5% estabelecida em março. Diante dessa situação, o líder Xi Jinping anunciou um pacote de estímulo necessário, que se concentrou principalmente em medidas monetárias, na última semana de setembro. Após essa movimentação, os mercados de ações reagiram positivamente, apresentando uma alta significativa. O bilionário David Tepper, fundador do fundo de hedge americano Appaloosa Management, comentou, em uma entrevista à CNBC, que estava investindo em “tudo” que tinha relação com a China, reforçando o clima otimista entre os investidores estrangeiros.
No entanto, especialistas afirmam que muito mais precisa ser feito para reerguer a confiança que, neste verão, estava próxima de uma baixa histórica. As quedas observadas recentemente nos mercados de ações de Xangai e Shenzhen, além do índice Hang Seng de Hong Kong, ocorreram após a Agência Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China não ter anunciado um pacote significativo de medidas de estímulo em uma conferência de imprensa, resultando em desapontamento entre os investidores. Diante dessa expectativa não atendida, agora a atenção se volta para uma nova conferência de imprensa agendada para sábado com o Ministério das Finanças, onde os investidores ainda mantêm a esperança de que medidas de estímulo diretas possam ser anunciadas, pois o panorama econômico da China continua a exigir soluções emergenciais.