O mundo do esporte paralímpico foi abalado por uma tragédia em 2017, quando o atleta paralímpico Abdullah Hayayei, de 36 anos, faleceu durante um treinamento em Londres. Agora, o corpo governamental UK Athletics, responsável pela gestão do atletismo no Reino Unido, juntamente com um ex-oficial, enfrenta sérias acusações de homicídio culposo, conforme anunciado na quarta-feira pelo Crown Prosecution Service (CPS). Este caso levanta questões cruciais sobre a segurança dos atletas e as responsabilidades de organizações em manter um ambiente seguro para a prática esportiva.
Abdullah Hayayei, um atleta paralímpico dos Emirados Árabes Unidos, era um competidor talentoso nas modalidades de arremesso de peso, disco e dardo. Ele se encontrava em um treinamento preparatório para o Campeonato Mundial de Atletismo Paralímpico quando um acidente trágico ocorreu. Um cage de arremesso metálico caiu sobre ele no Newham Leisure Centre, em Londres, resultando em sua morte imediata no local. Essa situação alarmante destaca a importância da segurança em locais de treinamento e as medidas preventivas que devem ser implementadas por organizações esportivas.
O Head of CPS Special Crime Division, Malcolm McHaffie, indicou que as acusações contra o UK Athletics incluem homicídio culposo corporativo, além de violações das normas de Saúde e Segurança no Trabalho. Por outro lado, Keith Davies, que na época atuava como Chefe de Esportes do Campeonato Mundial de Atletismo Paralímpico em 2017, enfrenta acusações de homicídio culposo por negligência grosseira, além das infrações mencionadas. Essas acusações reforçam o papel das entidades esportivas em garantir a segurança de seus atletas e em seguir regulamentações rigorosas de segurança.
Em uma declaração formal, McHaffie afirmou: “Após uma revisão das evidências apresentadas pelo Metropolitan Police Service, o Crown Prosecution Service autorizou acusações criminais contra UK Athletics Limited e um homem de 77 anos, em decorrência da morte do paralímpico dos Emirados Árabes Unidos, Abdullah Hayayei”. Esta afirmação ressalta a seriedade das acusações e a necessidade de uma investigação aprofundada sobre o incidente que resultou na morte de Hayayei.
UK Athletics respondeu à CNN afirmando que não fará comentários no momento devido aos procedimentos legais em andamento. A organização é conhecida por seu empenho no desenvolvimento do atletismo no Reino Unido, e agora se vê em meio a questões que questionam suas práticas e a segurança de seus atletas. O silêncio da organização é compreensível, dada a gravidade das alegações que enfrenta, mas gera inquietação sobre a cultura de segurança dentro da entidade.
Por sua vez, Abdullah Hayayei já tinha uma carreira respeitável, tendo competido nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro em 2016, onde ficou em sétimo lugar no arremesso de peso F34 e em sexto no dardo F34. Seu legado, infelizmente, foi abruptamente interrompido devido ao acidente trágico, que não apenas causou uma perda pessoal imensa, mas também instigou um exame mais detalhado das responsabilidades de grandes estruturas esportivas como UK Athletics.
Os detalhes do caso agora seguem para o Westminster Magistrates’ Court, onde UK Athletics e Keith Davies devem comparecer em 31 de janeiro. O que ocorrerá a partir dessa data poderá mudar o cenário do esporte paralímpico no Reino Unido, uma vez que as decisões tomadas podem estabelecer precedentes para a segurança dos atletas no futuro. O caso ressalta uma conversa necessária sobre a importância de práticas seguras e a vigilância adequadas em todos os níveis do esporte, especialmente quando a vida dos atletas está em jogo.
Enquanto as investigações e os processos legais se desenrolam, a comunidade esportiva observa atentamente, à espera de respostas e da responsabilidade necessária aos envolvidos. Que essa tragédia não seja esquecida, e que as lições aprendidas possam resultar em um ambiente mais seguro e protetor para todos os atletas.
