A recente investigação realizada pela Clean Label Project trouxe à tona uma preocupação significativa sobre os suplementos alimentares que muitos consumidores utilizam para apoiar suas rotinas de exercícios. O estudo revela que muitos pós de proteína, amplamente disponíveis em farmácias e online, contêm níveis disturbadores de metais pesados, especificamente chumbo e cádmio. Os piores resultados foram registrados em produtos à base de plantas, orgânicos e com sabor de chocolate, destacando um cenário que deveria acender um alerta entre todos que buscam uma vida saudável.

De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, não existe um nível seguro de exposição ao chumbo para seres humanos. Além disso, o cádmio já foi classificado como um carcinógeno e possui propriedades tóxicas para diversos órgãos do corpo, incluindo coração, rins e cérebro, como apontado pela Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA.

A análise revelou que, em média, os pós de proteína orgânicos apresentavam três vezes mais chumbo e o dobro de cádmio em comparação a produtos não-orgânicos. Jaclyn Bowen, diretora executiva da Clean Label Project, enfatizou que os produtos à base de plantas, como os derivados de soja, arroz e ervilhas, tinham níveis alarmantes, apresentando três vezes mais chumbo em relação aos produtos à base de soro do leite, que é o subproduto líquido da fabricação de queijo.

É importante ressaltar que as plantas possuem a capacidade natural de absorver metais pesados do solo e podem conter níveis elevados desses compostos se cultivadas em áreas contaminadas, fruto de mineração, resíduos industriais, pesticidas e fertilizantes. A investigação também identificou que o sabor de chocolate era uma fonte significativa de contaminação. Os pós de proteína sabor chocolate continham quatro vezes mais chumbo e até 110 vezes mais cádmio do que versões sabor baunilha, evidenciando um risco potencial concentrado em opções que muitos consumidores consideram suas favoritas.

Embora o chocolate escuro seja apreciado por suas propriedades benéficas, como flavonoides e antioxidantes, um estudo de julho de 2024 apontou que 43% de produtos testados superaram o limite máximo permitido da Proposition 65 da Califórnia para chumbo, cuja norma estabelece um limite de 0,5 partes por milhão. Bowman declarou: “O contágio por metais pesados é um problema de segurança alimentar global. Esses contaminantes estão basicamente em toda parte, inclusive em produtos representados como alimentos saudáveis.”

A Clean Label Project comprou 160 produtos de 70 das marcas de pós de proteína mais vendidas para a investigação. Os resultados indicaram que, no geral, 47% das amostras testadas excederam os limites regulamentares estabelecidos pelo Prop 65 da Califórnia, sendo que cerca de 21% dos produtos continham níveis duas vezes superiores ao limite permitido. Não é de se ignorar que 80% dos pós de proteína à base de plantas e orgânicos testados estavam acima do limite de chumbo imposto pelo Prop 65, enquanto apenas 26% dos produtos à base de colágeno e 28% dos à base de soro de leite ultrapassaram este limite.

Um elemento ainda mais intrigante mencionado na análise foi o uso de bisfenóis, que são disruptores hormonais e têm sido associados a problemas graves em humanos, incluindo diabetes tipo 2 e câncer. Embora em anterior análise de 2018 a Clean Label tivesse encontrado níveis preocupantes de bisfenóis, nesta nova investigação os dados mostraram que apenas três dos 160 pós de proteína continham BPA e BPS, em comparação a 55% em 2018. Isso levanta esperança de que a situação possa estar melhorando, mas a vigilância contínua é essencial.

O que os consumidores podem fazer para garantir a segurança alimentar

Bowen recomendou que não é necessário interromper o uso de pós de proteína dentro de uma vida saudável, mas é crucial que os consumidores façam compras de maneira inteligente. Para aqueles que seguem uma dieta totalmente à base de plantas, os pós de proteína de ervilhas parecem apresentar os menores níveis de metais pesados. Se não houver restrições alimentares, os dados sugerem que os pós de proteínas à base de soro de leite ou de ovo com sabor baunilha terão menos contaminação.

Os consumidores também são encorajados a entrar em contato com suas marcas favoritas para questionar sobre os níveis de contaminantes nos produtos. “Faça perguntas, exija respostas”, disse Bowen. “O tema dos metais pesados não vai desaparecer.” Em um mundo onde a informação é acessível, é vital que os consumidores estejam tão informados quanto possível para tomar decisões seguras sobre o que consomem.

Conclusão: A necessidade de uma melhor regulação

Os resultados alarmantes sobre a contaminação por metais pesados em pós de proteína reforçam a urgência de uma regulamentação mais rigorosa e a necessidade por parte dos consumidores de serem proativos na busca de informações sobre a segurança de seus produtos. Dependendo das escolhas que fazemos, podemos proteger nossa saúde em um mundo onde o que é vendido como saudável nem sempre corresponde à realidade. Portanto, ser um consumidor consciente não é apenas uma vantagem, mas uma verdadeira necessidade.

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