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Lynne Levin-Guzman se viu em uma situação angustiante no quintal da casa de seus pais, na Califórnia, segurando uma mangueira de jardim, pois a companhia de seguros deles havia cancelado a apólice de incêndio, deixando-a com a responsabilidade de tentar proteger a residência. Essa cena, que poderia parecer um enredo de filme de desastre, reflete a realidade que muitos californianos enfrentam atualmente diante da crescente crise no setor de seguros diante das recorrentes e devastadoras ondas de incêndios florestais no estado.

Com a frase “Eu sei que não deveria estar aqui, mas esta é a casa dos meus pais e eles acabaram de ter o seguro de incêndio cancelado”, Levin-Guzman expressou sua frustração à afiliada da CNN, KABC. Após 75 anos residindo na mesma casa e mantendo o mesmo seguro, a família viu-se desprotegida em um momento crucial. Essa experiência de Levin-Guzman não é um caso isolado, mas representa uma tendência alarmante: entre 2020 e 2022, cerca de 2,8 milhões de apólices de seguros de propriedade foram recusadas para renovação por companhias seguradoras na Califórnia, com 531 mil desses casos ocorrendo somente no condado de Los Angeles.

Embora algumas apólices não tenham sido renovadas por iniciativa dos proprietários, a esmagadora maioria foi cancelada pelas seguradoras. A pressão crescente das mudanças climáticas, com um aumento significativo na frequência e intensidade dos incêndios, incutiu um clima de pessimismo no setor de seguros. Os problemas enfrentados por proprietários na Califórnia se intensificaram à medida que as seguradoras começaram a recusar novas apólices em áreas consideradas de alto risco, que, por sua vez, abrangem uma vastíssima área do estado.

As iniciativas tomadas até agora pelo governo estadual foram recebidas com ceticismo, pois os novos regulamentos introduzidos para tentar mitigar a situação enfrentada pelos moradores frequentemente implicam em custos ainda mais altos. Alguns proprietários são forçados a viver sem seguro contra incêndios, enquanto outros dependem de um programa estadual chamado California FAIR Plan, que foi criado para proteger aqueles que não conseguem cobertura a partir de companhias seguradoras convencionais. No entanto, as apólices do FAIR geralmente têm prêmios elevados e uma cobertura limitada, obrigando os proprietários a adquirirem seguros adicionais a preços ainda mais salgados.

Demonstrando a gravidade da situação, a exposição do FAIR a imóveis residenciais chegou a impressionantes $458 bilhões em setembro, um aumento de 61% em relação ao ano anterior, e triplo do que era quatro anos atrás. Muitas empresas seguradoras lutam para acompanhar essa demanda crescente e ao mesmo tempo gerenciar as perdas significativas sentidas após os incêndios devastadores de 2017 e 2018. Essa batalha financeira abrange tanto residências quanto imóveis comerciais, com a exposição das apólices comerciais chegando a $26,6 bilhões, o que equivale a um aumento de quase 464% em quatro anos.

Com os incêndios florestais se espalhando e forçando milhares a evacuar, a adequação do California FAIR Plan se tornou ainda mais pertinente. Recentemente, a administração do plano tranquilizou os proprietários, afirmando que estava pronta para lidar com as reivindicações resultantes das recentes catástrofes. Contudo, independentemente da condição financeira do FAIR, é praticamente certo que os proprietários terão que arcar com o custo elevado em forma de prêmios mais altos. Sem dúvida, viver na Califórnia se tornará ainda mais caro.

Regulamentações de seguros recém-anunciadas têm implicações diretas

Visando oferecer uma alternativa aos residentes de áreas de alto risco, o Departamento de Seguros da Califórnia revelou novas regras que obrigam as seguradoras a escreverem apólices em áreas propensas a incêndios, igualando pelo menos 85% de sua participação de mercado em todo o estado. Este é um movimento para reverter em parte a responsabilidade que atualmente recai sobre o FAIR. Um dos principais pontos das novas orientações é permitir que seguradoras incluam o custo das apólices de resseguro nas suas cálculos de tarifas. Essa inovação representa um avanço, pois a Califórnia era o único estado que não possibilitava essa prática, o que se tornou uma necessidade diante dos custos crescentes impulsionados por mudanças climáticas e inflação.

Os especialistas já alertam que o preço das apólices pode subir consideravelmente como consequência, com analistas da Consumer Watchdog, um grupo de defesa do consumidor informado, prevendo que os custos de seguro poderiam subir de 40% a 50% devido a essas alterações, uma previsão que o Comissário de Seguros Ricardo Lara contestou. Ele enfatizou que a situação precisa ser realista: “Nunca podemos alcançar a acessibilidade a não ser que tratemos da disponibilidade”, afirmou.

Custo crescente deixa consumidores apreensivos

A Insurance Information Institute, um grupo de defesa da indústria de seguros, defendeu as novas regras, afirmando que são a melhor solução para permitir que as seguradoras cubram as partes do mercado que mais necessitam de seguro contra incêndios. No entanto, a análise do setor sugere que as seguradoras têm sido lucrativas na Califórnia, e a necessidade de aumento de prêmios é, em grande parte, uma resposta às mas experiências de perdas catastróficas anteriores.

Ricardo Lara também ressaltou que, conforme os proprietários que foram forçados a depender do FAIR começam a conseguir seguros privados novamente, seus prêmios poderiam se ajustar. Os dados contradizem, no entanto, a afirmação de que a indústria está à beira do colapso com a Consumer Watchdog reforçando que, apesar da alegação de dificuldades, a indústria seguradora não está enfrentando um cenário de catástrofe iminente na Califórnia.

À medida que a Califórnia lida com este dilema complexo entre a crescente ameaça de incêndios florestais e a busca desesperada dos cidadãos por seguros, a questão se torna não apenas uma luta por proteção financeira, mas um verdadeiro teste de resiliência e adaptação. Assim, os proprietários de imóveis estão se perguntando: o que é necessário para garantir que suas residências, muitas vezes passagens geracionais de suas famílias, permaneçam protegidas contra os elementos que parecem se intensificar a cada ano que passa?

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