A tecnologia evoluiu a passos largos, possibilitando o desenvolvimento de aplicações digitais cada vez mais avançadas e acessíveis. No entanto, a realidade é que muitas das experiências que utilizamos não são adequadamente projetadas levando em conta as necessidades humanas. Interfaces complicadas e de difícil navegação contrastam com as interações fluídas que os usuários esperam das marcas e serviços contemporâneos. Essa lacuna impõe uma crescente demanda aos CIOs para que melhorias significativas sejam implementadas na acessibilidade das aplicações, garantindo que todas as vozes sejam ouvidas e atendidas.
O que é o desenvolvimento de aplicações human-centric?
O desenvolvimento de aplicações human-centric, ou centradas no ser humano, refere-se à prática de criar softwares e websites que possibilitem uma navegação intuitiva para uma comunidade diversificada de usuários. Esse método visa atender a necessidades específicas dos usuários, considerando fatores como habilidades, demografia e personalidades, além de barreiras linguísticas e culturais. As funcionalidades comuns incluem modos noturnos para sistemas operacionais móveis, opções de ampliação ou ajuste do tamanho do texto, leitura por voz e busca por comandos de voz. Para que um produto ou aplicativo seja classificado como human-centric, ele deve ser confiável, intuitivo, fácil de usar, inclusivo e acessível a todos, ao mesmo tempo em que oferece rica funcionalidade.
Pressões e demandas por acessibilidade digital
A pressão sobre os líderes de tecnologia aumenta ainda mais com iniciativas da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos para introduzir legislações que estabeleçam boas práticas em torno do acesso igualitário e inclusivo aos serviços digitais. Organizações visionárias já estão construindo aplicações e websites que podem ser facilmente navegados por uma ampla gama de usuários. Para aquelas que ainda não se adaptaram, a inação tornou-se uma opção insustentável.
Estado atual do design de software centrado no ser humano
Um recente levantamento realizado pela Progress, envolvendo mais de 700 desenvolvedores de aplicações e tomadores de decisão de TI, destacou a realidade por trás da demanda por software human-centric. Embora 98% dos entrevistados reconheçam a importância do design centrado no ser humano, apenas um terço (34%) está efetivamente tratando essa questão por meio de ferramentas, treinamentos e políticas adequadas. Com mais da metade (56%) das organizações globais planejando aumentar seus investimentos em design de software human-centric nos próximos anos, a escolha do caminho correto torna-se essencial para tornar as experiências digitais acessíveis a todos.
Os maiores obstáculos conhecidos para a implementação dos padrões de acessibilidade exigidos incluem a velocidade de desenvolvimento em resposta às demandas de clientes (42%), a complexidade e a falta de agilidade (41%) e a carência de habilidades internas (29%). Os líderes de tecnologia precisarão alocar mais orçamento e buscar as ferramentas e treinamentos adequados para atender às expectativas dos consumidores.
Ignorar uma abordagem focada na acessibilidade pode resultar em consequências prejudiciais que vão desde a perda de clientes até danos reputacionais. Mais da metade dos entrevistados (55%) percebe a perda de clientes como um risco significativo, com consumidores migrando para opções mais amigáveis, além de uma possível redução de lucros. Danos à reputação e impactos negativos em iniciativas de inclusão e diversidade são também consequências que podem advir da falta de uma estratégia de software centrada na humanização.
Benefícios de uma abordagem de design centrada no ser humano
De acordo com a pesquisa da Progress, os maiores benefícios associados à adoção de um design centrado no ser humano incluem atração de clientes, aumento das oportunidades de mercado para novos públicos, impactos financeiros positivos, maior confiança digital e processos de desenvolvimento de aplicação de software mais eficientes. Além disso, em um mercado onde as empresas de tecnologia competem acirradamente pela melhor mão de obra, priorizar o design centrado no ser humano é mais uma maneira de se destacar em um cenário saturado.
Desafios na implementação de um design de software human-centric
Há razões significativas pelas quais as organizações têm dificuldade em alcançar um design de aplicações human-centric. Primeiramente, existe confusão em relação às ferramentas e processos necessários, incluindo inteligência artificial e aprendizado de máquina, chatbots, tecnologias assistivas para deficiências motoras e verificação de contraste de cores, entre outros. A necessidade de treinamento é um dos principais obstáculos, além da busca por abordagens que sejam financeiramente viáveis.
Nem mesmo a negação do problema é uma opção, pois apesar de os dados mostrarem que a maioria das organizações apresenta uma maturidade mediana ou insatisfatória em design centrado no ser humano, 57% dos entrevistados afirmaram acreditar que aplicaram completamente princípios de design thinking ao criar uma estrutura. Isso demonstra a necessidade de maior autoconhecimento e um rigoroso processo de avaliação interna para refletir com precisão o nível de maturidade do design centrado no ser humano das organizações.
Por último, integrar inclusão e acessibilidade em aplicações existentes definitivamente não é viável, sendo que a maioria (86%) dos entrevistados reconhece essa limitação.
Fundamentos para uma abordagem de design centrada no ser humano eficaz
Existem práticas chave que as organizações podem adotar para criar aplicações humanas mais inclusivas, sustentáveis e alinhadas com as crescentes regulamentações. Um autoavaliação objetiva é fundamental. Há uma grande desconexão entre as percepções de maturidade do design centrado no ser humano e a realidade dos negócios. Para nivelar isso, as organizações devem realizar testes internos mais rigorosos, promover colaboração entre equipes e estabelecer metas claras para entender seu estado atual.
A formação e o desenvolvimento de habilidades sobre human-centricidade e acessibilidade são urgentemente necessários. Equipes existentes podem se beneficiar de programas de treinamento sobre práticas de design centradas no ser humano, combinados com a contratação de talentos diversos para liderar esses esforços. Além disso, as organizações devem identificar os parceiros certos para criar e manter o treinamento, bem como garantir o cumprimento das exigências regulatórias.
Por fim, uma estratégia mais coesa de design centrado no ser humano deve ser adotada, com medidas que verifiquem sua execução. Com uma estratégia e objetivos claros estabelecidos, será muito mais fácil analisar as ferramentas disponíveis e escolher as que melhor atendem ao caso de uso da organização. Desafios comuns enfrentados incluem o viés de dados e a implementação de práticas DevSecOps.
O design inclusivo e acessível como diferencial de negócio
No cenário atual, as organizações estão cada vez mais reconhecendo a importância indiscutível de construir software centrado no ser humano. Com muitas aplicações não atendendo adequadamente às necessidades do mercado e às expectativas dos usuários, os riscos são reais e significativos—desde uma experiência do cliente insatisfatória até violações regulatórias e perdas financeiras.
As organizações que tomam as medidas apropriadas para criar produtos digitais mais inclusivos, contextuais e personalizados colherão os benefícios correspondentes. Isso inclui investimento em treinamento, melhorias na colaboração, abordagens custo-efetivas e parcerias com fornecedores que priorizam protocolos e métricas essenciais. Adiar investimentos para aprimorar sua maturidade nessa área apenas tornará a jornada mais difícil, em um mundo onde concorrentes e críticos estão a poucos cliques de distância.
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Tags: coding, development, human-centric, programming