A startup PrettyDamnQuick (PDQ), que almeja se tornar uma alternativa viável ao gigante Amazon no mercado de e-commerce, conseguiu um financiamento de US$ 25 milhões em sua rodada de investimento Série A. Com esse recurso, a empresa baseada em Nova York planeja expandir sua atuação e ainda mais preencher a lacuna existente no setor, fornecendo tecnologia a varejistas para que possam personalizar e testar diferentes fluxos de envio e checkout. Este movimento é crucial em um cenário onde as expectativas dos consumidores por um atendimento ágil e eficiente aumentam a cada ano.
Desde sua fundação em 2020, a PDQ já conta com aproximadamente 200 clientes, processando cerca de 30 milhões de pedidos mensalmente, o que equivale a uma transação total de US$ 4 bilhões em volume bruto de mercadorias. A startup projeta que, até o final de 2025, este número alcance impressionantes 300 milhões de pedidos mensais. Essa escalabilidade e crescimento fazem da PDQ uma das startups mais promissoras no setor de tecnologia aplicada ao comércio digital.
No entanto, o timing do financiamento da PDQ não poderia ser mais intrigante, considerando o panorama do setor de e-commerce nos últimos anos. Após um período de crescimento acelerado impulsionado pela pandemia de COVID-19, muitas empresas e investidores foram surpreendidos pela recente queda na demanda, à medida que os consumidores voltavam a realizar suas compras em lojas físicas. Este retorno não foi apenas uma questão de comodidade; a inflação e a incerteza econômica também reduziram o consumo, levando muitos a repensar suas estratégias de venda.
Apesar dessa pressão, existem fatores positivos a serem considerados. Os dados recentes referentes ao período de compras de fim de ano mostraram dias de vendas excepcionais, embora a soma total de crescimento tenha ficado aquém das expectativas de previsão. Empresas como a PDQ, que oferecem soluções que ajudam os varejistas a oferecer descontos atrativos sem sacrificar demasiado suas margens de lucro, podem se beneficiar dessa nova realidade de consumo.
O desafio enfrentado pela PDQ é emblemático para muitos varejistas independentes no mundo do e-commerce. As composições desse mercado muitas vezes são favoráveis aos grandes players, como a Amazon, que oferecem uma plataforma tudo-em-um, onde as empresas podem listar seus produtos e utilizar algoritmos de busca, logística, programas de fidelidade, entre outras ferramentas, mediante uma taxa. Nessa jornada, surgiram novas alternativas, como Temu, Instagram e TikTok, que também estão fazendo suas apostas na venda online.
Entretanto, a PDQ se posiciona para atender especificamente as empresas de e-commerce que desejam construir sua presença online de forma independente. Em um cenário onde o desejo por autonomia tem alimentado o crescimento de plataformas como Shopify e Stripe, a PDQ se destaca oferecendo soluções focadas na otimização do processo de checkout, gerenciando não apenas custos de envio e métodos, mas também diferentes estratégias para atrair clientes a fecharem suas compras.
O CEO e fundador da PDQ, Avi Moskowitz, teve a ideia para a startup a partir de sua própria experiência ao iniciar e administrar uma cervejaria artesanal em Israel. A empresa, chamada BeerBazaar, foi fundada em 2015, e na passagem para 2020, Moskowitz decidiu criar um site para o negócio. Utilizando Shopify, BeerBazaar rapidamente começou a enfrentar um aumento exponencial no volume de pedidos logo após a chegada do COVID-19, atingindo mais de mil pedidos em determinados dias. Contudo, a experiência do cliente na plataforma deixou a desejar, destacando a ausência da experiência Amazon que havia se tornado padrão no setor.
Consciente dessa falha, Moskowitz e sua equipe se propuseram a oferecer aos usuários do BeerBazaar uma experiência de compra semelhante à da Amazon, com informações claras sobre envio e custos, além de possíveis promoções que pudessem reduzir ou isentar esses custos. “Ao começarmos a resolver isso internamente, nos demos conta de que, assim como outras ferramentas emergentes no comércio eletrônico, como personalização e otimização, isso exigia uma plataforma robusta”, refletiu Moskowitz. “O objetivo é gerenciar toda a jornada do cliente, desde o momento em que ele entra na loja até o final do processo de checkout, atendimento e entrega.”
Assim nasceu a PDQ, com a missão de oferecer personalização no checkout. Essa abordagem significa que cada comprador pode vivenciar um processo de finalização de compra que lhe é mais adequado. Para varejistas que já possuem parcerias de gestão de pedidos, envio e pagamento, a PDQ integra esses serviços em uma única plataforma abrangente. Para aqueles que não têm parceria de fulfillment, a startup oferece uma interface para trabalhar com grandes transportadoras como USPS, DHL, FedEx e UPS, assim como com uma gama de pequenas empresas de entrega.
As ferramentas oferecidas pela PDQ vão além de gerenciamento de pedidos. A empresa também fornece soluções para rastreamento de pedidos e proteção após a compra, assim como a possibilidade de testes A/B, permitindo que os varejistas experimentem diferentes ofertas no momento do checkout. Apesar do cenário concorrencial composto por múltiplas empresas que tentam abordar essa faceta do comércio eletrônico, como a própria Shopify, a PDQ se destaca visando uma proposta diferenciada para atender um mercado fragmentado em busca de soluções eficazes.
Após levantar US$ 38 milhões até agora, a PDQ não revelou sua avaliação nesta nova rodada de investimento, liderada pelo novo investidor Peakspan Capital, com participações anteriores de TLV Partners e Moneta. A expectativa é que com esse novo impulso financeiro, a startup consolide seu espaço no setor e possibilite que mais varejistas independentes tenham a oportunidade de prosperar, oferecendo uma experiência de compra mais alinhada às exigências do consumidor moderno.