No dia 9 de janeiro de 1990, o ônibus espacial Columbia decolou em sua nona missão, conhecida como STS-32, a partir do Kennedy Space Center (KSC) da NASA, na Flórida. A missão, que contou com uma equipe de cinco astronautas liderada pelo comandante Daniel Brandenstein, braço direito do piloto James Wetherbee, e os especialistas de missão Bonnie Dunbar, Marsha Ivins e David Low, estabeleceu um novo marco com um tempo recorde de 11 dias no espaço. Este tempo foi dedicado a uma série de atividades, que incluíram o lançamento do satélite de comunicações Syncom IV-F5, destinado à Marinha dos Estados Unidos, e a recuperação da Long Duration Exposure Facility (LDEF), um experimento científico que tinha sido colocado em órbita em 1984. A expectativa em torno da devolução do LDEF era elevada, uma vez que ele continha 57 experimentos projetados para analisar os efeitos de quase seis anos na baixa órbita terrestre.
A LDEF havia sido lançada pela equipe do STS-41C, em abril de 1984, e os cientistas estavam ansiosos para obter os dados da exposição prolongada a um ambiente espacial. Enquanto a principal tarefa da missão era a recuperação da LDEF, a equipe também conduziu uma série de experimentos no meio da missão voltados para a biotecnologia e processamento de materiais, explorando as respostas biológicas que ocorrem em microgravidade. Um dos destaques foi o uso de um ecocardiograma para monitorar as mudanças na saúde cardiovascular dos astronautas durante a missão.
A seleção da missão STS-32 ocorreu em novembro de 1988, quando Brandenstein, Wetherbee, Dunbar, Ivins e Low foram designados para a missão, originalmente programada para novembro de 1989. Brandenstein já tinha um histórico com a NASA, tendo voado como piloto em STS-8 em 1983 e como comandante na missão STS-51G em 1985. Os outros membros da equipe tiveram suas primeiras experiências no espaço na missão STS-32, tornando essa viagem um marco não apenas para a pesquisa, mas também para a trajetória de suas carreiras. Durante o segundo dia da missão, o foco recaiu sobre o lançamento do satélite Syncom IV-F5 (ou Leasat-5), completando o primeiro grande objetivo a bordo. O lançamento propiciou que o satélite se estabilizasse e se colocasse em sua órbita geostacionária com sucesso após ser solto do compartimento de carga do ônibus espacial.
Com duas das principais etapas da missão realizadas, o encontro com a LDEF se tornou o próximo grande desafio. Após algumas manobras cuidadosas e uma série de queimas de foguetes para se aproximar da LDEF, os astronautas conseguiram agarrá-la com sucesso utilizando o Sistema de Manipulação Remota (RMS). A operação dessa manobra exigiu precisão e destreza, e a comunicação constante entre membros da equipe foi fundamental para o êxito da missão. Durante quatro horas de trabalho, a equipe documentou o estado da LDEF, capturando as mudanças ocorridas dentro dos 57 experimentos em sua superfície exposta ao espaço remoto por tanto tempo.
Entre as investigações realizadas a bordo, o experimento de Crescimento de Cristais de Proteína aproveitou as condições de microgravidade para o desenvolvimento de cristais de 24 proteínas diferentes. Outro estudo, focado no ritmo circadiano de um bolor chamado Neurospora, buscou entender os efeitos da ausência de gravidade sobre os ciclos diários desse organismo. Além disso, a equipe documentou os resultados da pesquisa com um sistema de fotografia IMAX, capturando momentos significativos da missão e as vistas impressionantes da Terra a partir do espaço.
O aniversário do comandante Brandenstein, celebrado em 17 de janeiro, foi um momento leve durante a intensa sequência de atividades. Ele recebeu uma festa de aniversário improvisada com um bolo plástico inflável, proporcionado por seus colegas astronautas, enquanto os controladores da Mission Control enviaram suas felicitações. Esse gesto reafirmou o espírito de camaradagem entre os membros da equipe, mesmo em meio a compromissos científicos. Aliás, como um fato notável, nesse mesmo dia, a NASA anunciou a seleção de uma nova leva de astronautas, incluindo o engenheiro Ronald Sega, que era o marido de Bonnie Dunbar, além de Eileen Collins, a primeira mulher a pilotar um ônibus espacial, e Ellen Ochoa, a primeira mulher hispânica astronauta.
Depois de 10 dias de trabalho e pesquisa, a equipe se preparou para o retorno à Terra. Com condições de neblina em seu ponto de pouso original, a equipe teve que permanecer em órbita por um dia novamente, vista como uma extensão do recorde que estavam estabelecendo, tornando-se a missão de ônibus espacial mais longa até aquele momento, com 172 órbitas completadas ao redor do planeta. Finalmente, realizaram a reentrada com sucesso, culminando em um toque de aterrissagem sob a luz do luar, na base da Força Aérea de Edwards, na Califórnia, no dia 20 de janeiro. A missão STS-32 não apenas estabeleceu novos recordes, mas também deixou um legável valor científico, dando incremento ao conhecimento sobre o que ocorre no espaço e como as experiências podem ser aplicadas em futuras explorações e tecnologias.
Após o pouso, os astronautas foram recebidos com calorosas celebrações. Com o LDEF a bordo, a equipe retornou ao KSC onde os testes finais foram realizados para analisar as amostras trazidas de volta durante os quase seis anos em que estiveram em órbita. Esses dados seriam cruciais para futuras investigações em biotecnologia e engenharia de materiais. A participação da missão STS-32 nas iniciativas de pesquisa da NASA deixou um legado importante que ainda repercute nas missões atuais e futuras. Portanto, sempre que você olhar para o céu e ver as estrelas, lembre-se que são iniciativas como essa que nos ajudam a entender melhor o cosmos.