É comum que pessoas, ao praticar esportes ou realizar atividades cotidianas, como varrer a calçada, sofram lesões que resultam em dor aguda e repentina. Um pé torcido, um músculo puxado ou uma ligadura rompida são termos que podem confundir até mesmo os mais experientes em questão de saúde. De acordo com a Dra. Stephanie Schmidt, médica especialista em medicina esportiva da Yale Medicine, “É fácil entender por que as pessoas ficam confusas, especialmente porque torções e distensões são lesões comuns que envolvem o alongamento excessivo ou o rompimento de tecidos no corpo”. Nesta matéria, exploraremos a diferença entre entorses e distensões, suas causas, sintomas e as melhores práticas de tratamento e prevenção.
Entender a diferença entre entorses e distensões é vital, especialmente para aqueles que levam um estilo de vida ativo. Enquanto as entorses afetam as ligaduras, que são os tecidos que conectam os ossos entre si e estabilizam as articulações, as distensões impactam os músculos ou tendões, que ligam os músculos aos ossos. As entorses geralmente ocorrem em áreas como tornozelos, joelhos e pulsos. Um exemplo clássico é a conhecida “torção de tornozelo”, que acontece frequentemente quando uma pessoa pisa fora do lugar ou tropeça, fazendo com que o tornozelo se vire. O ligamento cruzado anterior (LCA) no joelho, que conecta o fêmur à tíbia, é outra área suscetível a entorses, especialmente em atletas durante movimentos bruscos.
As distensões, por sua vez, podem variar de um leve estiramento a um rompimento mais sério e ocorrem comumente em áreas como os isquiotibiais, costas e panturrilhas. Tendões, como os dos quadris e do manguito rotador, podem sofrer distensões devido ao uso excessivo ou a lesões súbitas. Por exemplo, uma pessoa pode distender o manguito rotador ao tentar se proteger durante uma queda. A Dra. Schmidt esclarece que, embora a terminologia utilizada para descrever essas lesões possa ser confusa, é útil pensar nelas como parte de um contínuo, onde tudo começa com um simples estiramento.
Os sintomas comuns de entorses e distensões incluem dor ou desconforto na área afetada, inchaço, hematomas e fraqueza, além de uma amplitude de movimento limitada. Essas lesões tendem a acontecer de forma repentina e podem ser causadas por pequenas traumas, como quedas ou torções. Assim, uma pessoa pode distender a coluna ao levantar um sofá ou entortar o pulso ao tentar evitar uma queda. Basicamente, a lesão ocorre quando ligamentos, tendões ou músculos são esticados além de sua capacidade normal.
Além das lesões súbitas, entorses e distensões também podem resultar de uso excessivo. Um corredor em treinamento para uma maratona pode sentir uma distensão na panturrilha devido à demanda cumulativa do treinamento intenso. O diagnóstico de uma entorse ou distensão geralmente ocorre por meio de uma consulta médica, onde o profissional analisa o histórico médico e os sintomas do paciente, incluindo inchaço e sensibilidade. Exames físicos para avaliar a força e a estabilidade da área ferida são comuns, e, em alguns casos, raios-X podem ser realizados para descartar fraturas.
Com relação ao tratamento, a Dra. Schmidt sugere que, se a lesão for considerada leve, o método RICE (Repouso, Gelo, Compressão e Elevação) pode ser aplicado. Contudo, o entendimento sobre esse protocolo tem evoluído à medida que novas pesquisas revelam que o gelo pode, em algumas circunstâncias, inibir o processo de cicatrização, uma vez que o inchaço é uma resposta inflamatória natural que ajuda na recuperação. Assim, o uso de gelo deve se restringir ao primeiro ou segundo dia após a lesão, e o calor pode ser benéfico em fases posteriores. O repouso, por outro lado, não deve ser interpretado como não fazer nada, mas sim como engajar-se em atividades leves.
A recuperação de uma entorse ou distensão pode variar dependendo da gravidade da lesão. Lesões leves frequentemente curam em poucos dias a algumas semanas, enquanto uma lesão mais significativa pode levar semanas a meses para ser totalmente recuperada. É fundamental deixar essas lesões cicatrizar completamente, já que as áreas afetadas são propensas a relesões. A Dra. Schmidt recomenda, ainda, o acompanhamento com um fisioterapeuta durante a recuperação.
Embora não seja possível evitar completamente entorses e distensões, existem estratégias que podem ajudar a reduzir o risco. Atletas, por exemplo, devem priorizar exercícios de mobilidade e alongamento para aumentar a flexibilidade das articulações. Além disso, atividades que melhorem o equilíbrio, como yoga ou tai chi, são altamente recomendadas, especialmente para indivíduos mais velhos. E, claro, aumentar a atividade física deve ser feito de maneira gradual, evitando o salto de um treinamento leve para um regime intenso de forma abrupta, pois isso eleva significativamente o risco de lesões.
Com um entendimento mais profundo sobre entorses e distensões, você pode não apenas melhorar sua performance esportiva, mas também evitar situações constrangedoras e dolorosas no dia a dia. Afinal, quem nunca perdeu um ponto no jogo ou teve que parar de limpar o quintal devido a um passo em falso? A próxima vez que você se encontrar nessa situação, lembre-se das dicas oferecidas aqui e cuide-se para que lesões assim fiquem apenas como um aprendizado em vez de um obstáculo.
Saiba mais sobre cuidados e prevenção de lesões esportivas em Yale Medicine.