A contenda entre a News Corp, casa-mãe de publicações renomadas como o Wall Street Journal e o New York Post, e a empresa de inteligência artificial Perplexity trouxe à tona questões críticas sobre direitos autorais no cenário atual. Na última segunda-feira, a News Corp moveu um processo contra a Perplexity, alegando uso indevido de conteúdo protegido por direitos autorais. Este caso não apenas ressalta a crescente tensão entre as empresas de tecnologia emergente e as tradicionais indústrias de mídia, mas também levanta questões fundamentais sobre a ética e a propriedade intelectual no domínio da IA.
A alegação central da News Corp é a de que a Perplexity, que se apresenta como um mecanismo de pesquisa conversacional e de pesquisa em IA, utiliza artigos e outros conteúdos protegidos como base para seu produto. O que a torna especialmente controversa é o fato de que, além de oferecer respostas compostas por conteúdo original, a Perplexity também o reproduz de forma literal, sem fazer referência aos artigos de origem. O motor de busca é projetado para exibir vários parágrafos ou até mesmo artigos completos quando solicitado pelo usuário, o que intensifica o debate sobre a legalidade e a ética dessa prática.
A situação se complica ainda mais com a alegação de que a Perplexity não só utiliza o trabalho dos jornalistas de forma inadequada, mas também adiciona conteúdo fictício que não faz parte do material original. O CEO da News Corp, Robert Thomson, não hesitou em condenar essa prática. Em suas declarações, ele afirma que a Perplexity está realizando um “abuso de propriedade intelectual que prejudica jornalistas, escritores e publicadores.” Thomson descreve a Perplexity como operando dentro de uma “kleptocracia de conteúdo”, onde o material original é copiado sem quaisquer compensações, insinuando que a companhia deseja ignorar as devidas referências e compensações que competem com o consumo ético de informações.
Thomson também mencionou que a News Corp firmou um acordo de licenciamento com a plataforma de IA OpenAI, refletindo uma tentativa de colaborar e inovar dentro do setor, ao invés de adotar uma postura litigiosa. Em 2024, a companhia enviou uma carta à Perplexity, expressando suas preocupações e sugerindo discussões sobre um possível acordo de licenciamento, mas não obteve resposta. Este tipo de relação entre as empresas mostra uma disposição em resolver conflitos de forma amigável, porém a falta de resposta da Perplexity obrigou a News Corp a adotar medidas legais.
Os demandantes buscam uma ordem judicial que proíba a Perplexity de copiar seu conteúdo sem a devida autorização, além de exigir a destruição de qualquer índice ou banco de dados que utilize esse material, assim como as cópias dos conteúdos infringidos. A reclamação também inclui uma compensação de até 150.000 dólares por cada infração, além de danos e os lucros que a Perplexity possa ter obtido com tais violações.
Fundada em 2022, a Perplexity está no processo de captação de mais 500 milhões de dólares, com uma avaliação projetada de 8 bilhões de dólares, segundo relatórios do próprio Wall Street Journal. A situação revela um motivo de preocupação não apenas para a News Corp, mas para outras publicações que dependem da criatividade e do trabalho constante de jornalistas e escritores. A luta pela proteção da propriedade intelectual é um dilema predominante no espaço digital, onde a linha entre inspiração e cópia muitas vezes se torna nebulosa.
À medida que o debate sobre a inteligência artificial avança, ficará claro que a necessidade de regulamentação e de práticas éticas se torna cada vez mais urgente. A indústria precisa encontrar um equilíbrio entre inovação e respeito pelos direitos autorais, uma tarefa que ainda enfrenta muitos desafios. A disputa entre a News Corp e a Perplexity pode ser vista como um indicador da conversa mais ampla que precisa ocorrer em torno da regulamentação da IA e dos direitos dos autores, à medida que o campo da tecnologia e da mídia continua a evoluir. Este caso promoverá um diálogo crucial que poderá moldar o futuro das relações entre criadores de conteúdo e plataformas que utilizam esse conteúdo em suas operações.