Mohammad Rasoulof se surpreende ao perceber que está na disputa pelo Oscar. Mesmo enfrentando severas restrições impostas pelo regime iraniano, o renomado cineasta, que teve seus direitos de fazer filmes suspensos desde 2017, conseguiu lançar o poderoso The Seed of the Sacred Fig, um dos favoritos para o próximo Academy Awards na categoria de melhor filme internacional.

Rasoulof enfrenta um risco significativo, pois seu trabalho é produzido em segredo; todos os projetos pós-bloqueio foram realizados sem a aprovação do governo de Teerã e sob ameaça de prisão severa para sua equipe e elenco. O diretor, que fugiu do Irã no início do ano passado para completar seu filme, recebe agora uma nova luz no cinema através do respaldo de seu país, a Alemanha, que o aceitou como refugiado.

Com a candidatura à estatueta, Rasoulof não só busca se destacar na competição, mas também aspirar a uma reflexão mais profunda sobre o estado da liberdade artística não só no Irã, mas em todo o mundo. “Estou impressionado pelo apoio que recebi da Alemanha em nome da arte e do cinema. Isso é apenas um passo para mostrar que a arte transcende fronteiras e pode ser uma voz de esperança para aqueles que enfrentam opressão,” ele respondeu entusiasmado em uma entrevista no evento European Film Awards.

No contexto franco-alemão que envolve The Seed of the Sacred Fig, este filme se aproveita de um forte coletivo internacional, o que o torna formalmente representável como candidato pela Alemanha no Oscar, já que Rasoulof agora possui o status de refugiado no país. A escolha da Alemanha, que indicou o trabalho, é um impulso significativo tanto para o próprio cineasta quanto para todos aqueles que trabalham em circunstâncias repressivas e temerosas.

Rasoulof não vê apenas sua candidatura como um triunfo pessoal. Para ele, cada reconhecimento internacional que o filme recebe oferece um novo tipo de proteção, tanto para si quanto para sua equipe, que também encontrou abrigo na Alemanha. “Mais popularidade significa mais segurança,” disse ele, enfatizando como uma boa recepção do filme pode proteger tanto ele quanto as atrizes que trabalharam em sua realização e que atualmente residem em Berlim.

Dessa maneira, a campanha para o Oscar não é somente uma questão de premiação, mas também um farol de esperança que pode inspirar cineastas, especialmente jovens no Irã, a lutar pelos seus direitos e pela liberdade de expressão. “O que mais me motiva é o impacto que este reconhecimento pode ter sobre a nova geração no Irã. Eles podem se sentir mais encorajados a romper com todas as limitações que o governo impõe.”

Finalmente, a possibilidade de sua carreira cinematográfica reiniciar é um sonho que se materializa. “Finalmente, posso me dedicar 100% ao que amo, fazer filmes. Acredite, essa é a realização de uma vida inteira,” concluiu, revelando um vislumbre de um futuro novo e promissor no cenário cinematográfico.

Assista ao trailer de The Seed of the Sacred Fig para ver a beleza e a profundidade que esse filme oferece e que, definitivamente, fará você refletir sobre as questões de liberdade de expressão e resistência criativa.

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