Sherrie Crumpler, uma ex-Miss Califórnia, enfrentou uma situação desesperadora durante os recentes incêndios florestais que devastaram áreas de Malibu e Pacific Palisades. Enquanto tentava salvar sua casa, ela viu suas esperanças se dissiparem diante da fúria do fogo que se alastrava rapidamente. Em uma narrativa íntima e comovente, Crumpler compartilha sua experiência de evacuação, suas ansiedades e seus pensamentos sobre a importância da fé e dos laços familiares.
Aos 79 anos, Crumpler tem uma bagagem significativa de experiências, incluindo suas vivências de incêndios em 1993. Contudo, a intensidade e a devastação dos incêndios atuais foram sem precedentes. “Essa não foi a mesma situação que vivenciei anteriormente”, comentou em uma entrevista concedida ao People na manhã de quarta-feira, 8 de janeiro. O relato de Crumpler descreve uma cena de desespero, onde o fogo parecia um “holocausto” ou “Armageddon” fulminante. Em seu bairro de Big Rock, Malibu, ela observou o avanço das chamas sobre o canyon ao seu redor, mesclando fumaça e tons de laranja, tornando evidente a iminente tragédia.
Na tarde de terça-feira, as autoridades a alertaram sobre a gravidade da situação. Por volta das 15h30, um xerife apareceu em sua residência e a informou sobre o fogo que havia pulado. Enfrentando problemas de saúde, incluindo escoliose e uma dificuldade de locomoção que a faz depender de uma bengala, Crumpler deveria ter se preparado e evacuado imediatamente. No entanto, sua determinação em cuidar de sua casa a levou a tentar apagar pequenos focos de incêndio com uma mangueira, apenas para ver o fogo se alastrar mais rápido do que esperava. “O vento estava tão forte. Eu pensei, ‘Vou apagar isso.’ Então, ao jogar água, a planta pegou fogo e explodiu, espalhando chamas por todo lado. Meu cabelo acabou queimando,” relembrou, refletindo a impotência contra a força da natureza.
Com a energia elétrica cortada, ficou ainda mais difícil a situação. Crumpler, determinada a receber ajuda, chamou as autoridades, usando uma lanterna para facilitar a localização. Os bombeiros, ao chegarem, enfrentaram o mesmo dilema: enquanto sua casa ainda não estava em chamas, a situação poderia mudar rapidamente. Embora tentasse pegar sua bolsa e documentos essenciais, os bombeiros insistiram que ela deveria ir imediatamente com eles. “Eles disseram: ‘Não, você está indo conosco agora.’ Eu comecei a implorar, mas eles simplesmente me colocaram no veículo de emergência”, recordou.
No caminho, Crumpler foi levada para uma estação de incêndio em Carbon Canyon, onde ficou sem saber do que acontecia em sua casa. “Não consegui respirar, havia fumaça por toda parte,” ela conta, relatando como ficou presa em uma área cheia de fumaça enquanto tentava processar a situação. Devido à sua condição e o estresse vivido, os dias seguintes seriam uma mistura de incerteza e reflexão.
Após receber comida, um agasalho e um cobertor, Crumpler e outra evacuee foram levadas para diferentes abrigos, na esperança de encontrarem algum conforto. Em Westwood, ela descreveu a incerteza que a envolvia: “Eu não sei o que ainda existe em minha casa. Está tudo lá, mas eu não consigo acessar, e não tenho seguro para cobrir qualquer perda.” Com o olhar distante, refletia sobre o que poderia ter sido perdido: “Tudo que precisava vir comigo estava dentro de casa e não consegui tirar.”
A resiliência de Crumpler é notável, pois, apesar de sua dor e incerteza, ela tenta encontrar um significado em sua luta. “Estou pensando em qual plano Deus tem para mim agora. Estou apenas tentando descobrir qual é a situação e como posso ser útil,” pondera.
Em meio a essa tragédia devastadora, Crumpler expressa dor não apenas pela possível perda de bens materiais, mas também pelas memórias que eles guardavam. “Vai ser um tempo de reflexão, quando eu perceber o que foi perdido. Eu não sei como me sentirei até entender o que está desaparecido,” concluiu com um olhar firme na esperança de um futuro renovado.
Essa história nos dá uma visão não apenas da força de um ser humano diante da adversidade, mas também da profunda conexão que sentimos com o lar e as memórias que ele guarda. O que resta é a fé, as lembranças e, acima de tudo, a esperança de que dias melhores virão.