A Trump Organization divulgou, na última sexta-feira, um novo plano ético que estabelece que o presidente eleito Donald Trump não terá envolvimento na gestão de seu império imobiliário e de marca durante seu segundo mandato. Trata-se de uma iniciativa que visa evitar conflitos de interesse em meio à sua preparação para retornar à Casa Branca ainda este mês. O documento, que traz novos princípios orientadores, também inclui a nomeação de um assessor de ética externo responsável por monitorar as ações mais relevantes da empresa.
As diretrizes apresentadas a princípio se assemelham a ações já anunciadas durante o primeiro mandato de Trump, levantando perguntas sobre a eficácia real das medidas propostas. Contudo, a Trump Organization reafirma seu compromisso em evitar qualquer mal-entendido que possa surgir em relação à sobreposição entre as suas atividades empresariais e sua função pública.
No novo plano, a empresa promete não firmar novos contratos com governos estrangeiros e se compromete a doar ao Tesouro dos EUA quaisquer lucros identificados provenientes de governos estrangeiros que possam fluir para suas propriedades, incluindo hotéis. Esta medida é um esforço para destacar a integridade financeira e ética do empreendimento, em especial ante a pauta de conflitos de interesse que envolvem a figura de Trump.
Entretanto, o plano ético deixa de abordar como a empresa lidará com possíveis negócios internacionais. Eric Trump, o vice-presidente executivo da empresa e um dos filhos de Trump, já declarou anteriormente que a organização continuará buscando oportunidades de negócios no exterior durante o segundo mandato de seu pai, uma flexibilização das restrições autoimpostas que estavam vigentes durante o primeiro mandato.
Em um comunicado emitido pela Trump Organization, afirma-se que não há exigência legal, seja na legislação federal ou na Constituição dos EUA, para o presidente eleito se afastar de seus interesses empresariais. Eric Trump, porém, garantiu que a empresa está dedicada a “não apenas cumprir, mas a superar amplamente suas obrigações legais e éticas durante a Presidência de meu pai”. Ele descreveu os novos padrões éticos como “robustos”, um termo que, no entanto, vem acompanhado de uma dose de ceticismo da opinião pública, que observa de perto como as promessas são cumpridas.
Além disso, Eric Trump anunciou que o respeitável advogado republicano William Burck irá atuar como assessor externo para revisar as principais transações, buscando evitar possíveis problemas éticos que possam surgir. O plano, segundo o qual Trump terá “acesso limitado” às informações financeiras da empresa, coloca seus negócios sob a gestão de seus filhos e assegura que seus investimentos estarão sob os cuidados de instituições financeiras externas que não solicitarão nem aceitarão contribuições de Trump.
É relevante considerar que, embora Trump não seja legalmente obrigado a tomar tais medidas, presidentes anteriores frequentemente optaram por se desvincular de seus negócios ou aplicar seus ativos em fundos cego para evitar qualquer aparência de autoavaliação — um aspecto que ganhou destaque nas observações de organismos de vigilância ética ao longo da carreira política de Trump.
Além disso, como amplamente noticiado antes por CNN, o presidente eleito recentemente buscou novos negócios, incluindo participar de uma iniciativa relacionada a criptomoedas e promover novos produtos alusivos à sua vitória eleitoral. Essas ações levantam questões sobre o grau de comprometimento de Trump com a separação entre seus negócios privados e suas funções políticas, um fator que pode vir a ser discutido com cada vez mais ênfase no debate político atual.
A medida adotada pela Trump Organization pode ser vista tanto como um passo positivo diante dos desafios éticos enfrentados por Trump, quanto uma tentativa de adotar uma postura de “paz e amor” diante das possíveis tensões que sua presidência pode despertar no âmbito da integridade pública e empresarial. O que resta saber é se essas promessas serão efetivamente cumpridas, ou se servirão apenas para embelezar a imagem do ex-presidente enquanto ele navega pelas águas turbulentas de sua autoridade.