Em um movimento que sinaliza uma mudança significativa na política interna da empresa, a Meta anunciou, na última sexta-feira, o encerramento de seus programas de diversidade, equidade e inclusão, conhecidos como DEI. A decisão vem após um período crescente de pressão de críticos conservadores e representantes de clientes que questionam a eficácia e a moralidade desses programas. Esta ação transforma a Meta na mais recente gigante tecnológica a repensar suas iniciativas políticas voltadas para a diversidade, refletindo uma tendência que vem emergindo no cenário corporativo americano.
De acordo com um memorando obtido pela CNN e enviado a todos os seus funcionários globais pela vice-presidente de recursos humanos da Meta, Janelle Gale, a empresa não apenas descontinuará a equipe de DEI, mas também modificará suas práticas de contratação e suas políticas de diversidade de fornecedores. A informação foi confirmada por um porta-voz da Meta, reforçando a seriedade com que a empresa está abordando esta reestruturação.
Gale explicou em seu comunicado que “o cenário legal e político em torno dos esforços de diversidade, equidade e inclusão nos Estados Unidos está mudando.” Ela destacou que as decisões recentes da Suprema Corte dos Estados Unidos sinalizam uma postura diferente em relação à DEI, enfatizando que a discriminação, em qualquer forma, não deve ser tolerada. Assim, a Meta está se afastando de programas que, segundo Gale, se tornaram “carregados”, pois alguns segmentos da sociedade acreditam que sugerem tratamento preferencial para certos grupos em detrimento de outros.
Um ponto positivo para os colaboradores é que a antiga diretora de diversidade da Meta, Maxine Williams, assumirá um novo papel focado em “acessibilidade e engajamento”. Contudo, a empresa não exigirá mais que gerentes busquem candidatos de grupos sub-representados, e eliminará esforços para contratar fornecedores minoritários. Gale tentou justificar essa mudança ao afirmar que a busca pela melhor equipe deve ser por meio de “pools de candidatos variados”, mas sem basear decisões de contratação em características protegidas, como raça ou gênero.
Além disso, a Meta manifestou que, em vez de programas de equidade e inclusão, desenvolverá iniciativas que busquem práticas justas e consistentes, mitigando preconceitos em todos os casos, independentemente do histórico de cada indivíduo. A decisão de encerrar os programas de DEI está alinhada com outros grandes ajustes na companhia, que críticos acreditam serem um apelo ao público conservador desde a vitória do presidente eleito Donald Trump nas eleições de novembro. Recentemente, a Meta também anunciou que estava encerrando seus programas de verificação de fatos de terceiros nos Estados Unidos e mudando suas políticas sobre conduta odiosa em suas plataformas.
O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, fez uma aparição no podcast de Joe Rogan na mesma sexta-feira e revelou que há tempos a empresa vem preparando essas modificações. Ele enfatizou que a essência das redes sociais é garantir que as pessoas possam compartilhar o que desejam, e ressaltou que a missão original da empresa é proporcionar um espaço que torne o mundo mais aberto e conectado. “O ponto todo das mídias sociais é dar às pessoas a capacidade de compartilhar o que querem”, disse Zuckerberg, refletindo sobre sua visão inicial de “livre expressão”.
O CEO compartilhou que sua perspectiva sobre conteúdo e moderação foi alterada após a vitória de Trump em 2016, bem como pela pressão do governo Biden para moderar a desinformação relacionada à Covid-19 nas mídias sociais. “Eu sinto que, após 2016, eu dei muita deferência a pessoas da mídia que alegavam que Trump não poderia ser eleito sem desinformação. As pessoas realmente não podem acreditar nisso”, comentou Zuckerberg, refletindo sobre os tumultuados anos pós-eleitorais.
Ainda sobre o impacto das políticas de verificação e moderação de conteúdo em sua plataforma, Zuckerberg admitiu que essa abordagem acabou “destruindo a confiança” no Facebook. Ele contou que, durante o início da pandemia, a administração Biden frequentemente pressionava a Meta para remover conteúdos considerados como desinformação. “Essas pessoas da administração Biden ligavam para nossa equipe e gritavam, xingando, e isso tudo está documentado”, afirmou Zuckerberg, revelando a intensidade da pressão que a companhia enfrentou.
À medida que a Meta navega por este novo curso, repleto de reestruturações e num ambiente político cada vez mais polarizado, muitos se perguntam como essas decisões afetarão a imagem e a operação da empresa nas próximas semanas e meses. O futuro da rede social não está apenas nas mãos de seus usuários, mas também no contexto social e político que, evidentemente, continuará a influenciar as próximas etapas da Meta e seu papel na sociedade contemporânea.