Los Angeles, uma cidade conhecida por seu brilho e glamour, esconde sob sua superfície um intenso desafio ambiental, evidenciado pelos poluentes que pairam no ar. Diariamente, milhares de contêineres são movimentados nos dois principais portos da região, quase sempre utilizando caminhões movidos a diesel, responsáveis por emissions significativas. Essa realidade, no entanto, também abriu espaço para novas iniciativas voltadas à eletrificação do transporte, como o trabalho inovador da startup Nevoya. Fundada por Sami Khan, a Nevoya visa transformar a maneira como os bens são transportados em uma das áreas mais movimentadas do país, aproveitando os incentivos disponíveis e o vasto mercado da região.
A fundação da Nevoya é apenas o início de um movimento que promete impactar não apenas a logística, mas também contribuir para a sustentabilidade do setor. Sami Khan, em entrevista recente ao TechCrunch, ressaltou que “é o melhor lugar do país” para caminhões elétricos, destacando a força dos incentivos e o tamanho do mercado disponível. Em uma clara demonstração de progresso, a Nevoya já está movimentando bens em caminhões elétricos para empresas Fortune 500, embora Khan tenha optado por não revelar os nomes dessas empresas. Além disso, a startup recentemente arrecadou 3 milhões de dólares em uma rodada inicial de investimentos, liderada pelos fundos Third Sphere e RedBlue Capital, com a participação de Necessity Ventures, Ciri Ventures e Never Lift.
O objetivo da Nevoya é apresentar-se como a “primeira plataforma de tecnologia e transporte de zero emissões” nos Estados Unidos. A startup está exclusivamente adquirindo caminhões elétricos, todos do modelo Freightliner eCascadia, para atender shippers que desejam realizar suas operações de forma limpa. A utilização de software de inteligência artificial promete otimizar o uso, o roteamento e o carregamento dos caminhões, permitindo que a Nevoya mantenha seus preços abaixo dos custos associados aos caminhões a diesel. A equipe fundadora, composta por Khan e seus cofundadores, traz um conjunto diversificado de habilidades relevantes para o setor. Khan tem experiência em inovação na McLaren Applied Technologies e em private equity; John Verdon foi responsável pelo desenvolvimento de negócios na Waymo; e Tom Atwood fundou uma startup de análise preditiva adquirida pela Project44, onde se especializou em otimização de rotas e planejamento de infraestrutura.
Os recursos obtidos com a captação de investimentos serão direcionados ao crescimento das operações. Entretanto, a aquisição de caminhões será feita por meio de endividamento, uma estratégia que Khan se sente confortável em seguir devido à sua experiência em private equity. Segundo ele, essa abordagem também torna a Nevoya mais atraente para investidores, especialmente em um ambiente onde há cautela em relação a tecnologias pesadas. Khan destacou que, após interações com diversos investidores, estabeleceu uma conexão significativa com RedBlue, que é dirigido por Olaf Sakkers, ex-parceiro fundador de um fundo de transporte. “Eles entenderam rapidamente o tamanho do mercado e a oportunidade”, afirmou Khan, enfatizando que o potencial é imenso e ainda inexplorado.
Embora a competitividade com caminhões a diesel na questão de custos represente um desafio significativo, a startup está encontrando um espaço promissor ao dialogar com empresas que fazem suas operações na área de Los Angeles. “Todas essas marcas Fortune 500 estão procurando reduzir suas emissões de Escopo 3 (emissões indiretas) e efetivamente não têm soluções”, observou Khan. Com a proposta da Nevoya, a promessa é clara: “Não há diferença para o seu negócio, porque cuidamos do carregamento. Temos os motoristas. Temos os caminhões.” Chocantemente, mesmo enquanto a Nevoya trabalha para alcançar paridade de custos com os caminhões a diesel, muitos clientes estão dispostos a pagar um prêmio, dada a urgência de descarbonizarem suas operações.
Khan exemplificou que o que torna o negócio tão excitante é a facilidade com que entra em contato com qualquer transportador nos Estados Unidos. “Não falhamos uma vez até agora — assim que você menciona que possui veículos elétricos, eles atendem prontamente”, detalhou. À medida que a Nevoya assina contratos com mais empresas, seu software pode otimizar a logística, aproveitando envios de diferentes clientes, o que maximiza a eficiência dos caminhões elétricos em sua frota. Concernente ao carregamento, a equipe já começou a experimentar em diferentes pontos de recarga, sabendo que o software de otimização precisa se sobressair neste aspecto. A longo prazo, Khan vislumbra a construção de uma infraestrutura de carregamento própria e a expansão das operações para incluir caminhões de menor classe.
Mantendo esse espírito de inovação, a Nevoya está de olho em uma geográfica expansão no mercado americano, começando por um estado que apresenta condições econômicas divergentes em relação à Califórnia: o Texas. Apesar das evidentes diferenças sociais e políticas, Khan vê o Texas como uma oportunidade semelhante para promover negócios no setor de transporte sustentável. Embora não possua os mesmos incentivos financeiros que a Califórnia, o estado texano oferece um ambiente regulatório mais flexível e tarifas de eletricidade mais baixas, o que o torna igualmente atraente para o tipo de operação que a Nevoya planeja estabelecer.
Com iniciativas como a da Nevoya, o futuro do transporte sustentável ganha uma nova perspectiva, mostrando que é possível aliar inovação tecnológica à proteção ambiental. Afinal, em um mundo que está se esforçando para reduzir as emissões de carbono, cada movimento em direção à eletrificação e à eficiência energética é um passo valioso. Assim, a aventura da Nevoya não é apenas uma jornada comercial, mas também um importante passo em direção a um futuro mais verde para todos nós.