A recente morte de um estudante de 17 anos, identificado apenas pelo sobrenome Dang, desencadeou uma onda de protestos violentos na cidade de Pucheng, na província noroeste de Shaanxi, China. A situação, que rapidamente ganhou a atenção da mídia internacional e provocou indignação nas redes sociais, ocorreu após relatos de que a morte do adolescente poderia ter sido resultado de um encobrimento por parte das autoridades locais. Imagens divulgadas pela CNN mostram a intensidade dos confrontos entre os manifestantes e a polícia. Os protestos começaram em resposta ao que muitos acreditam serem explicações insatisfatórias sobre a trágica morte de Dang.
Os vídeos, amplamente compartilhados nas plataformas digitais, mostram dezenas de manifestantes se concentrando em frente à escola onde Dang estudava. No momento da manifestação, esses indivíduos confrontaram uma barreira de policiais em condição de choque, enquanto objetos como bastões e extintores de incêndio eram lançados na direção das autoridades. Em uma cena alarmante, os policiais responderam com força, reprimindo os manifestantes com violência e usando golpes para dispersar a multidão. Um dos vídeos mais impactantes mostra um manifestante quebrando o vidro de uma porta com um extintor de incêndio, enquanto a polícia ataca alguns indivíduos, demonstrando a tensão crescente entre a população e os agentes de segurança.
A morte de Dang, ocorrida no dia 2 de janeiro, inicialmente foi considerada um acidente pelas autoridades locais, mas a narrativa oferecida não satisfez a comunidade. Os eventos trágicos que levaram à sua morte têm sido objeto de intensas discussões nas redes sociais e nos meios de comunicação, onde acusam as autoridades de tentarem ocultar a verdade. De acordo com o relatório oficial, Dang se envolveu em uma briga com um colega de classe, cujo sobrenome seria Guo, e após a briga, a versão sugere que ele teria caído do terceiro andar de sua residência estudantil, que possuía janelas abertas e uma tela de proteção removida.
No entanto, a Human Rights in China, uma organização de direitos humanos baseada nos Estados Unidos, levantou questões sobre as circunstâncias suspeitas que cercam a morte do jovem. Relatos de testemunhas falam sobre sinais de luta no dormitório de Dang e a possibilidade de que ele tenha sido empurrado do telhado. A família do estudante rejeitou publicamente a explicação oficial e expressou sua preocupação, alegando que fotos de seu celular foram deletadas sob circunstâncias estranhas, um fato que aumentou a desconfiança em torno do caso e passou a ser amplamente discutido nas redes sociais.
Esses protestos não podem ser vistos de forma isolada, já que a China tem um histórico recente de repressão a manifestações por parte das autoridades, especialmente após os tumultos registrados durante os protestos conhecidos como “demonstracões do papel branco”, que ocorreram em 2022 em reação às rigorosas políticas de restrição da Covid-19. O governo chinês está especialmente atento a essas movimentações sociais, temendo repercussões políticas e públicas que poderiam desafiar a estabilidade do regime. O pavor em torno de situações como a morte de Dang se torna um catalisador para a insatisfação social, destacando o crescente descontentamento entre a juventude e a incapacidade dos governantes de abordar adequadamente as preocupações da população.
Não está claro se os protestos, que começaram na segunda-feira, se prolongaram ao longo da semana. No entanto, é evidente que a tragédia envolvendo Dang deixou um impacto profundo na comunidade e evoca uma reflexão sobre as dinâmicas de poder e os direitos dos cidadãos na China. Enquanto se aguarda uma resposta oficial e investigações mais profundas, o clamor por justiça e verdade ecoa em meio às ruas de Pucheng, onde a voz da juventude se ergue cada vez mais em busca de transparência e responsabilidade por parte das autoridades.
CNN; John General e Duarte Mendonca contribuíram para esta reportagem.
