Nos últimos anos, a posição de quarterback na NFL passou por uma transformação significativa e irreversível. O que antes era visto como um papel restrito a jogadores que operavam a partir do pocket, longe da linha defensiva, agora é dominado por atletas que, além de serem capazes de passar a bola com precisão, também utilizam suas habilidades de corrida para desafiar defesas. Esta mudança não apenas redefine o que significa ser um quarterback, mas também estabelece um novo padrão para a equipe que busca sucesso nas competições.
Para entender essa transição, vamos refletir sobre o quarterback ideal em tempos passados. Imagine um atleta alto e rígido, que raramente deixava o conforto do pocket. Era comum que esses jogadores recebesses críticas severas ao serem rotulados como “quarterbacks corredores”, uma verdadeira ofensa naquela época. No entanto, esses dias ficaram para trás, e a realidade atual desafia esse estereótipo. O quarterback vitorioso de hoje é muitas vezes alguém que possui a capacidade de correr com a bola, e as consequências dessa nova norma são claras: se seu quarterback não consegue correr, corre-se o risco de ser excluído da disputa pelo Super Bowl.
Exemplos claros dessa nova era são os quarterbacks Josh Allen, do Buffalo Bills, e Lamar Jackson, do Baltimore Ravens. Ambos não apenas dominam as conversas sobre o prêmio de MVP, mas também demonstram um desempenho estonteante. Allen e Jackson se destacam não apenas por seus passes, mas também por suas corridas impressionantes, acumulando mais de 500 jardas em corridas na temporada atual, com Jackson liderando a liga com 915 e Allen ocupando a quinta posição com 531.
A eficácia das corridas de Allen é notável: ele possui 12 touchdowns em corridas, colocando-se em segundo entre quarterbacks da liga. Jackson, apesar de ter apenas quatro touchdowns correndo, mantém uma presença significativa com um percentual de sucesso em grandes jogadas que coloca ambos os quarterbacks entre os melhores da liga. E quando se trata de evitar a pressão da defesa e a possibilidade de ser sacado, ambos estão muito abaixo da média da liga, o que apenas reforça suas habilidades excepcionais.
A narrativa em torno de Allen e Jackson reflete uma mudança maior dentro da liga. Na temporada atual, 18 quarterbacks jogaram pelo menos metade dos jogos de suas equipes e conseguiram correr, em média, pelo menos 15 jardas por jogo, estabelecendo um recorde histórico que iguala a temporada de 2020. Esse padrão não é um mero acaso; a frequência e a eficácia das corridas por quarterbacks está aumentando e se consolidando como uma estratégia de jogo crucial para o sucesso na NFL.
A tendência não mostra sinais de desaceleração. Além de Allen e Jackson, há outros quarterbacks notáveis que têm demonstrado a habilidade de correr com a bola, como Jayden Daniels, Jalen Hurts, Baker Mayfield, Bo Nix e Justin Fields, todos com pelo menos quatro touchdowns correndo nesta temporada. O que se torna aparente, nesse contexto, é que mais de 60% das primeiras seleções do Super Bowl nos últimos anos podem ser categorizadas como quarterbacks que correm, sinalizando que esta abordagem está se formando como uma nova norma.
Além disso, Allen, Jackson e Patrick Mahomes têm mais de seis temporadas em suas carreiras que atendem ao critério de não só correr, mas também passar com eficiência, estabelecendo um padrão de excelência raramente visto antes. Por exemplo, ambos estão entre os dez melhores em yardas passadas por tentativa, além de sofrerem diante de poucas interceptações em suas atuações.
Para colocar tudo isso em perspectiva, considere a pressão em um quarterback que corre. O nervosismo de um defensor que tenta levar um desses atletas ao chão é palpável, pois a habilidade de escapar e criar jogadas com as pernas torna-se um pesadelo para as defesas adversárias. Os quarterbacks da nova era não apenas correm para ganhar jardas, mas também para criar oportunidades para seus colegas de equipe, tornando-os jogadores quase impossíveis de serem defendidos adequadamente.
Por outro lado, é fundamental não reduzir a grandeza desses quarterbacks a meras corridas. Allen e Jackson estão redefinindo o que significa ser um quarterback completo, misturando a arte da corrida com habilidades excepcionais de passe que elevam o nível do jogo e intrigam torcedores de todas as partes. O que se sabe é que a NFL, assim como seus quarterbacks, está em constante evolução. E os fãs podem ter certeza: essa nova era dos quarterbacks que correm chegou para ficar.