Djimon Hounsou, renomado ator de Hollywood, está abrindo o coração sobre as dificuldades que enfrenta mesmo após uma carreira que abrange mais de vinte anos. Nascido no Benin, na África Ocidental, Hounsou conquistou o respeito da crítica e do público com papéis memoráveis em filmes como “Diamante de Sangue” e “Gladiador”. No entanto, em uma recente entrevista no programa African Voices Changemakers da CNN, ele afirmou que continua a “lutar para ganhar a vida”, ressaltando as disparidades salariais e a falta de reconhecimento que ainda permeiam a indústria cinematográfica, especialmente para pessoas de cor.

Aos 60 anos, Hounsou expressou seus desafios financeiros de maneira franca. “Estou ainda lutando para fazer parte do meu sustento”, revelou. “Estive na indústria do cinema por mais de duas décadas, com duas indicações ao Oscar e muitos filmes de sucesso, e, ainda assim, continuo a enfrentar dificuldades financeiras. Definitivamente, estou subpagado.” Essa declaração traz à tona um debate essencial sobre a compensação justa para os artistas que, apesar de seus talentos e contribuições, ainda se veem marginalizados financeiramente.

Um dos pontos altos da carreira de Hounsou foi seu papel como Cinqué no drama histórico “Amistad”, dirigido por Steven Spielberg em 1997. Enquanto ele foi indicado para um Globo de Ouro por essa performance, Hounsou acredita que foi ignorado pelos Oscars devido a preconceitos raciais. “Fui indicado ao Globo de Ouro, mas eles me ignoraram para os Oscars porque pensavam que eu havia acabado de chegar e não era respeitável como ator”, afirmou. Esta percepção de desvalorização dentro da Academia reflete uma questão mais ampla sobre o reconhecimento e a apreciação equivalentes que os artistas negros recebem em Hollywood.

A luta de Hounsou não é um caso isolado. Ele destacou que a diversidade na indústria do entretenimento ainda tem um longo caminho a percorrer, apontando que o racismo sistêmico não desaparecerá tão rapidamente. “Este conceito de diversidade ainda tem muito a evoluir”, ele comentou. “O racismo sistêmico não mudará assim tão cedo.” Suas declarações ecoam a experiência de outros atores e atrizes, como Viola Davis, que também abordaram as desigualdades salariais e as dificuldades enfrentadas na obtenção de um pagamento justo, mesmo após terem conquistado prêmios renomados.

Djimon Hounsou durante o evento de lançamento do álbum 'Rebel Moon Part Two: Songs Of The Rebellion' da Netflix em Nova Iorque.

Além disso, Hounsou também compartilhou suas frustrações em entrevistas anteriores, como uma concedida ao The Guardian em março de 2023, onde afirmou que ainda não encontrou um filme que lhe tenha pago de forma justa. “Eu ainda tenho que provar por que mereço ser pago,” ele comentou, refletindo que muitas vezes as ofertas feitas a ele são abruptamente baixas e acompanhadas de elogios vazios. Esse padrão de baixos pagamentos e negociações injustas perpetua a desigualdade no setor, um problema que Hounsou considera urgente e significativo.

Outro aspecto que se destaca na trajetória de Hounsou é a fundação que ele criou, a Djimon Hounsou Foundation, inspirada pelas suas experiências de vida e trabalho em Hollywood, especialmente pela sua atuação em “Amistad”. Com a missão de reforçar a conexão entre os países da diáspora africana e a África, a fundação visa curar as feridas deixadas pela escravidão e promover a conscientização sobre a identidade africana entre os afrodescendentes. “Meu trabalho como ator realmente abriu meus olhos”, disse Hounsou. “Conforme eu pesquisava para o filme, me tornei profundamente consciente da desconexão entre os afrodescendentes e suas raízes e cultura. Quando você não sabe de onde veio, não sabe quem você é.”

Djimon Hounsou e Leonardo DiCaprio em 'Diamante de Sangue'.

A fundação busca fortalecer a identidade intergeracional da África e promover a redenção cultural através do reencontro do povo da diáspora africana com suas origens. “Tinha essa necessidade compulsiva de fazer algo por meu povo e meu continente, e isso me levou a fundar a minha organização anos depois,” concluiu Hounsou. Essa missão não apenas reforça seu papel como artista, mas também como defensor da justiça social e cultural.

A trajetória de Djimon Hounsou é um lembrete poderoso de que, apesar do reconhecimento e das conquistas na carreira, os desafios persistem, especialmente para aqueles que advêm de minorias. Sua voz, junto a outros articuladores da diversidade em Hollywood, continua a ecoar na luta por um espaço mais inclusivo e justo na indústria do entretenimento.

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