Nos últimos dias, os bombeiros têm enfrentado uma batalha extenuante contra incêndios florestais devastadores que assolam o Condado de Los Angeles, causando uma série de consequências devastadoras. Neste cenário caótico, a política de recrutamento do Corpo de Bombeiros de Los Angeles (LAFD) e cortes substanciais em seu orçamento para 2025 têm gerado um debate intenso, repleto de críticas e questionamentos sobre a eficácia e a adequação da resposta da cidade a estas emergências. Enquanto a fumaça se dissipa, as preocupações sobre o financiamento e a capacidade de resposta do LAFD pairam sobre a cidade como os incêndios ainda ativos, que não mostram sinais de recuo.
Quatro incêndios principais na área de Los Angeles já resultaram na morte de 16 pessoas, devastaram mais de 38.000 acres e danificaram pelo menos 10.000 estruturas. As ordens de evacuação permanecem em vigor para mais de 166.000 residentes, conforme declarado pelo xerife do condado na última sexta-feira. Ventos fortes intensificaram a propagação dos incêndios, complicando ainda mais os esforços de combate ao fogo, especialmente os realizados aéreos. Para a chefia do LAFD, liderada por Kristin Crowley, as dificuldades são manifestas. Crowley tem recebido intensas críticas por ter priorizado iniciativas de diversidade, equidade e inclusão dentro da organização, enquanto a situação atual exige uma abordagem de emergência total.
O LAFD enfrenta ainda o revés de um corte de $17,4 milhões em seu orçamento de 2025, o que inclui significativamente reduções nas horas extras. A pressão sobre a equipe é palpável, e a falta de recursos tem sido adicionada à pressão de fogo real e figurada que a cidade enfrenta atualmente. O incêndio mais devastador da história de Los Angeles não é apenas um fenômeno natural, mas um chamado à ação para que os representantes eleitos considerem seriamente a segurança e a capacidade dos serviços essenciais da cidade. “É desonesto responsabilizar qualquer oficial local pelo tamanho dos incêndios”, declara Genethia Hudley-Hayes, presidente da Comissão de Bombeiros de Los Angeles. “Neste momento, devemos concentrar nosso foco em ajudar os residentes que perderam tudo.” Esta frase ressoa como um eco da urgência da situação – é hora de se unir e fornecer apoio, e não musculação política.
A Comissão, composta por um conselho civil de cinco membros nomeados pelo prefeito e confirmados pelo conselho da cidade, supervisiona o corpo de bombeiros e tem se mostrado cautelosa ao fazer acusações diretas. Hudley-Hayes, assim como Crowley, enfatiza que não é hora de colocar a culpa nas pessoas: “Isso não é tempo de demonizar o povo”. Apesar do crescimento do orçamento total do LAFD de $674,27 milhões em 2019 para $819,64 milhões em 2025, a voz de lamento que ecoa através da comissão é que, na verdade, eles estão sob financiamento há pelo menos uma década. Portanto, enquanto os números podem parecer promissores, a realidade do terreno é muito diferente.
Detalhes sobre cortes orçamentários e suas consequências
Em junho, a prefeita Karen Bass aprovou um orçamento da cidade de quase $13 bilhões, que incluiu o cortes de $17,4 milhões no orçamento de mais de $800 milhões do LAFD para 2025. O impacto das reduções estava claro em um memorando subsequente de Crowley endereçado à Comissão de Bombeiros, onde expressava que esses cortes afetaram adversamente a capacidade do departamento de manter operações básicas, como infraestrutura tecnológica e comunicação, processamento de folha de pagamento, treinamento, prevenção de incêndios e educação comunitária. O memorando também destacou uma redução de $7 milhões nas horas extras devido às necessidades de equipe flutuantes, conhecidas como v-hours.
Conforme os incêndios continuam a se alastrar, Crowley reiterou que as decisões orçamentárias tomadas pelos oficiais da cidade falharam em sua agência, o que, segundo ela, afeta diretamente a capacidade de combate ao fogo de sua equipe. “Não podemos mais sustentar nossa posição. Não temos bombeiros suficientes”, declarou Crowley em entrevista. A situação está tão crítica que mais de 100 máquinas de combate a incêndio estão fora de operação, e o corte de postos civis, como mecânicos, continua a impactar profundamente a capacidade do departamento de consertar os caminhões e outras viaturas essenciais que permanecem fora de serviço.
A chefe Crowley enfatiza que seu departamento precisa de ajuda. Em uma declaração forte, ela explica que já viu um aumento de 55% nas ligações de emergência desde 2010, enquanto o número de bombeiros e recursos é insuficiente. As solicitações de Crowley incluem um número adicionais de estações de bombeiros e um retorno ao pleno financiamento do departamento. O foco não pode apenas ser as batalhas atuais que enfrentam no campo contra incêndios, mas também sobre como se preparar para futuros desastres.
Com mais de 3.500 bombeiros uniformizados e pessoal de apoio civil, o LAFD responde a mais de 1.368 incidentes de emergência a cada dia. No entanto, à medida que as tensões aumentam e as frustrações se acumulam, o descontentamento com a liderança e com as limitações orçamentárias ressoam entre os membros do departamento. A dificuldade não é meramente financeira, mas também, como coloca Robert Hawkins, presidente dos Stentorians da cidade de Los Angeles — uma organização que defende os direitos dos bombeiros negros — a falta de direção clara diante de uma crise crescente. Os problemas são multiplicados, e a elevação das tensões entre os membros do corpo de bombeiros e o comando parece estar se intensificando, exacerbando a luta de todos.
Como o fogo continua a consumir há mais de uma semana, a cidade – e seus líderes – precisam refletir sobre as lições que podem ser extraídas deste evento difícil. O que não pode ser esquecido é que em tempos de emergência, a prioridade deve ser a segurança e bem-estar de todos os cidadãos. Quando as chamas se apagam e a poeira assenta, é hora de fazer perguntas difíceis sobre o que realmente significa ser um defensor e protetor da comunidade. O LAFD pode ter muitas habilidades extraordinárias, mas isso não garante, por si só, resultados positivos. A resposta também deve ser alimentada por um orçamento condizente com os desafios e pela capacidade de construir confiança dentro das fileiras e com a comunidade. A cidade de Los Angeles pode, e deve, proporcionar isso a seus bombeiros e cidadãos.
