O universo da literatura frequentemente se entrelaça com o vasto panorama da música, criando interseções que podem ser tanto emocionais quanto criativas. Assim foi a jornada de escrita de “Cross My Heart”, meu mais recente thriller psicológico que será lançado no dia 14 de janeiro. Ao revisitar minha trajetória como fã de Taylor Swift, percebi que suas músicas, especialmente aquelas sobre amor, ajudaram a moldar as nuances de uma narrativa que explora temas como obsessão e a busca desesperada por conexão.
Aos 26 anos, quando o amor me deixara arrasada, descobri Taylor Swift. A música “Dear John” tornou-se meu hino durante meses, enquanto dirigia pelas estradas empoeiradas da cidade. A sensação de ouvir uma canção que parecia narrar minha dor foi libertadora. Naquele momento, uma estranha me ajudou a ver a luz do dia após um período de trevas emocionais. Jamais pensei que, mais de uma década depois, as melodias e letras de Taylor seriam a base para a construção de uma história tão intensa e repleta de reviravoltas.
“Cross My Heart” segue a trajetória de Rosie, uma mulher que recebeu um transplante de coração e se torna obcecada pelo marido de sua doadora. A ideia de que, por meio do coração que uma vez pertenceu à sua doadora, o amor dela deveria ser transferido automaticamente para Rosie, desencadeia uma série de eventos que desafiam as fronteiras da obsessive love. Como uma mulher em busca desesperada de conexão, Rosie não hesita em cruzar limites éticos, mesmo ao descobrir que o homem que ela persegue pode ter algum envolvimento na morte de sua esposa. Para Rosie, os defeitos de Morgan não importam; em sua mente, ele simplesmente deve estar com ela.
O processo criativo para “Cross My Heart” não teria sido o mesmo sem as canções de amor de Taylor ecoando em minha mente. Músicas como “You Belong With Me” tornaram-se fundamentais, especialmente quando ouvi a letra “Think I know where you belong, think I know it’s with me” com a perspectiva de minha personagem em mente. Essa linha sugere uma dúvida que ecoa na história de Rosie, já que a narrativa a princípio sedutora se revela sombria à medida que sua obsessão se aprofunda.
Além disso, ao ouvir “Labyrinth”, percebi que a repetição de “falling in love again” não era apenas uma expressão de alegria, mas um reconhecimento da vulnerabilidade e do perigo que cercam o amor. Rosie, consciente da fragilidade de seu novo coração, anseia por amor, mas ignora os avisos de sua melhor amiga, Nina. Nina sabemos que tenta ser a voz da razão, lembrando Rosie de suas escolhas passadas, mas a obssessão de Rosie a impede de ouvir. Se ela pudesse se comunicar com sua amiga apenas por letras de Taylor, certamente poderia afirmar: “Nada seguro vale a pena”. Essa frase, retirada de “Treacherous”, encapsula a essência de mergulhar em um romance arriscado, mesmo quando as consequências são potencialmente devastadoras.
Enquanto escrevia, percebi que muitos elementos do livro estavam se entrelaçando com as letras de Taylor Swift. Por exemplo, a ideia de fazer um plano elaborado para se encontrar com Morgan, que remete à música “Mastermind”, onde a cantora admite puxar algumas cordas para fazer uma relação acontecer. A letra “What if I told you none of it was accidental?” me fez pensar sobre a forma como Rosie tenta orquestrar seu destino em direção a Morgan.
A inclusão de Taylor na construção do enredo de “Cross My Heart” não apenas enriqueceu a narrativa, mas também proporcionou uma nova dimensão às emoções que Rosie vivencia. O amor nem sempre é bonito, e os aspectos mais sombrios da paixão foram explorados de maneira que se tornaram palpáveis. A linha que separa o amor da obsessão pode se tornar tênue, e a música de Taylor ajudou a traçar esse limite.
Rosie pode não ser a protagonista mais fácil de amar, mas há uma qualidade relatável em sua busca desesperada por conexão. Afinal, todos nós, em algum momento, perdemos a razão em nome do amor. Taylor, com suas canções, capta perfeitamente esse sentimento, e me lembrou que a busca por amor, por mais dolorosa que seja, é uma experiência humana universal e profundamente comovente.
Para descobrir mais sobre as canções que influenciaram a escrita de meu romance, não deixe de conferir a playlist oficial “Cross My Heart (Taylor’s Version)”.