Nova York
CNN
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A tão esperada e amplamente debatida cobrança de congestionamento em Nova York iniciou-se em 5 de janeiro, marcando uma nova era para os motoristas que desejam acessar Manhattan. Ao adotar essa medida, a cidade se torna a primeira nos Estados Unidos a implementar esse tipo de gestão de tráfego. A cobrança visa reduzir congestionamentos e melhorar a qualidade do ar, ao mesmo tempo que gera receitas essenciais para projetos urbanos, algo que muitas cidades anseiam tentar.

Contudo, esta iniciativa não passa despercebida – a proposta enfrenta desafios legais e, com a iminente presidência de Donald Trump, sua viabilidade pode estar em risco. Trump, residentenovanovayorkense e crítico ferrenho da medida, descreveu a cobrança de congestionamento como um “desastre para Nova York.” Se ele decidir cancelar esta política em seu retorno ao cargo, como prometeu em postagens de redes sociais, o futuro do projeto pode ser severamente comprometido.

Michael Gerrard, professor da Columbia Law School, destacou a importância de implementar a cobrança de congestionamento antes da posse presidencial em 20 de janeiro como uma maneira de proteger a sua viabilidade. “Se a cobrança não tivesse começado antes da posse, seria muito fácil para a Administração Federal de Rodovias retirar sua aprovação e impedir que a medida entrasse em vigor”, afirmou Gerrard. Agora que ela está em operação, qualquer tentativa de reversão se torna complexa, dada a resistência dos tribunais.

A cobrança de congestionamento já está em vigor e aplica taxas para veículos que entram na área de Manhattan abaixo da 60ª rua. Durante os horários de pico, os veículos particulares pagam $9, enquanto nos horários de menor movimento o custo é de apenas $2,25. O exemplo é seguido por veículos de transporte e caminhões que têm suas taxas diferenciadas. Com isso, a intenção é não só gerenciar melhor o fluxo de trânsito, mas também promover investimentos em transporte público, algo que a própria cidade precisa urgentemente.

As vozes divergentes para a Grande Maçã

Economistas e críticos apresentam uma visão mista sobre a implementação da cobrança de congestionamento. William Vickrey, um dos pioneiros a sugerir esse tipo de política na década de 1950, acreditava que ela poderia ser fundamental para mitigar os problemas de trânsito enfrentados por grandes metrópoles. Em contrapartida, as vozes contrárias argumentam que a cobrança servirá apenas para onerar os motoristas e afastar negócios da cidade.

Recentemente, pesquisas indicaram que mais de 50% dos nova-iorquinos se opõem à cobrança de congestionamento. Além disso, importantes governantes de Nova Jersey, incluindo o governador Phil Murphy, expressaram sua desaprovação. No entanto, defensores da medida, como Kate Slevin da Regional Plan Association, argumentam que, com o tempo, os cidadãos perceberão os benefícios da redução do tráfego e dos investimentos em transporte público.

Sinalização da Zona de Alívio de Congestionamento na Segunda Avenida enquanto a cobrança de congestionamento entra em vigor em 5 de janeiro de 2025 em Nova York.

A cobrança de congestionamento de Nova York é um marco histórico, sendo o primeiro exemplo desse tipo nos Estados Unidos, embora práticas semelhantes sejam comuns em cidades globalmente, de Londres a Cingapura, há décadas. Yonah Freemark, especialista do Urban Institute, antecipa que a opinião pública em Nova York deve mudar para melhor com o passar do tempo, assim como ocorreu em cidades que implementaram cobranças anteriormente.

Além disso, veículos comerciais também estão sujeitos a taxas, com caminhões de unidade única pagando $14,40 durante os períodos de pico. A expectativa é que a implementação traga alívio ao tráfego e possibilite mais investimentos em transporte público, uma necessidade premente para uma cidade que já se vê cada vez mais congestionada.

Um exemplo para outras cidades?

À medida que Nova York avança com sua nova política, outras cidades, como Chicago, observam de perto. Os debates sobre a cobrança de congestionamento em locais como Boston e São Francisco ainda estão em estágios iniciais, mas já há um entendimento generalizado sobre a eficácia que uma medida como essa poderia trazer para reduzir os congestionamentos. “Os olhos estão voltados para Nova York”, enfatiza Kate Slevin, enquanto diferentes cidades avaliam a resposta pública e jurídica à nova medida nos próximos meses.

O novo capítulo na luta contra a lentidão do tráfego em Nova York é um momento para celebrar, mas também para observar atentamente como essa nova dinâmica afetará a cidade e suas comunidades. Muitos esperam que a cobrança de congestionamento possa redefinir a mobilidade urbana de forma positiva, incentivando o transporte público e trazendo benefícios para todos os cidadãos.

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