na última segunda-feira, o ex-presidente dos estados unidos, donald trump, aproveitou uma visita à carolina do norte para divulgar informações que já foram desmentidas sobre a resposta do governo federal ao furacão helene. suas declarações, feitas em uma comunidade severamente afetada próxima a asheville, invocaram tanto incredulidade quanto preocupação entre os habitantes locais e analistas políticos. trump, fiel ao seu estilo, insistiu em uma narrativa que sugere que a agência federal de gerenciamento de emergências, conhecida como fema, desviou recursos destinados à recuperação de desastres para custear a assistência a imigrantes indocumentados, uma afirmação que não corresponde aos fatos.
“é tudo uma farsa. eles gastaram tudo com imigrantes ilegais”, disparou trump aos repórteres, antes de questionar por que, segundo ele, foram destinados “centenas de milhões de dólares” a um fim que não deveria ser priorizado. ele seguiu insinuando que essa alocação de recursos poderia estar ligada a tentativas de influenciar as eleições, alimentando teorias da conspiração que já foram amplamente desmanteladas. trump afirmou, de forma alarmante, que isso deixou a fema sem recursos para auxiliar os cidadãos que vivem na região afetada, uma afirmação que provoca não apenas ceticismo, mas também um senso de urgência entre os que buscam ajuda do governo.
entretanto, os fatos revelam uma realidade que contradiz as declarações do ex-presidente. primeiramente, não há qualquer evidência que sustente a alegação de que a fema ou a administração biden estejam partindo de uma premissa de esquema direcionado a conseguir votos de imigrantes ilegais nas próximas eleições de 2024. segundo a legislação federal, a votação por não cidadãos é crime e, até o momento, trump não apresentou prova alguma de suas insinuações malignas a respeito desse suposto envolvimento da fema. por ventura vale ressaltar que esse tipo de alegação levanta sérias questões sobre a responsabilização de figuras públicas e a difusão de informações incorretas.
em segundo lugar, as alegações de que os fundos destinados para assistência da fema foram transferidos irregularmente para imigrantes são igualmente falsas. na verdade, o congresso destinou 650 milhões de dólares no ano fiscal de 2024 para um programa que tem como objetivo auxiliar agentes de governo em nível estadual e local a acomodar migrantes, instruindo o departamento de alfândega e proteção de fronteiras a transferir esse montante para a fema. o ponto crucial aqui é que esse valor de 650 milhões de dólares é completamente distinto de um fundo maior disponível para alívio de desastres. conforme informações oficiais da fema, congressos alocaram mais de 35 bilhões de dólares em fundos para alívio de desastres para o ano fiscal de 2024.
uma das vozes republicanas que se opôs a essas alegações de trump foi o representante chuck edwards, que estava presente durante a fala do ex-presidente. edwards, em uma declaração prévia, já dizia claramente que a fema não havia desviado fundos para resposta a desastres para auxílio à fronteira ou para ajuda externa, desafiando diretamente as premissas que trump levantou. essa contrariedade destaca a divisão dentro do próprio partido republicano, onde a verdade está sendo defendida contra narrativas manipuladas.
em terceiro lugar, a afirmação de que a fema estaria sem dinheiro também se mostra infundada. os dados da fema indicam que, até a última terça-feira, o fundo de alívio de desastres contava com aproximadamente 8,5 bilhões de dólares restantes, permitindo à agência atender às demandas imediatas das pessoas afetadas pelo furacão helene. cabe destacar que, apesar do grande número de desastres naturais este ano — incluindo tornados, incêndios florestais e inundações — a fema tem confirmadamente recursos suficientes para as necessidades urgentes, embora possa eventualmente solicitar apoio adicional do congresso devido à deterioração das condições climáticas.
por último, mas não menos importante, a administração biden não deixou de lado o estado da carolina do norte. de fato, o governo federal já disponibilizou diferentes formas de assistência em resposta ao furacão helene, com mais de 300 milhões de dólares aprovada até o momento. especificamente, a fema já confirmou a liberação de mais de 102 milhões de dólares em ajuda diretamente relacionada ao desastre na carolina do norte, além de outros valores destinados a governos locais que protagonizam os esforços de recuperação.
ao fim de sua visita, trump reiterou suas alegações infundadas, mas a realidade nos mostra que as informações que ele promove são equivocadas. é fundamental que os cidadãos estejam bem informados e conscientes da verdade, especialmente em tempos de crise, quando a assistência governamental pode fazer toda a diferença nas vidas das pessoas afetadas. também é decisivo que líderes políticos sejam responsabilizados por suas afirmações, a fim de prevenir a propagação de desinformação que só serve para dividir e polarizar uma sociedade já fragilizada.