O polêmico William “Rick” Singer, a mente por trás do escândalo de admissões universitárias de 2019, permanece em atividade, oferecendo serviços de consultoria de dentro de uma casa de transição na Califórnia, conforme reportado por diversas fontes, incluindo a ABC News e o Wall Street Journal. Com 64 anos, Singer foi condenado em janeiro de 2023 por sua participação no infame caso conhecido como “Operation Varsity Blues”, no qual facilitou subornos entre pais e universidades em troca da matrícula de seus filhos. Ele se declarou culpado de um único crime de conspiração para cometer fraude eletrônica e de correspondência, além de fraude de serviços honestos. Após a condenação, Singer foi sentenciado a três anos e meio de prisão, dos quais passou 16 meses em um presídio federal em Pensacola, na Flórida. Em agosto de 2024, ele foi liberado para uma casa de transição em Los Angeles, segundo informações do Wall Street Journal.
Ainda ativo na consultoria, Singer revelou à publicação que, embora tenha enfrentado sérios problemas legais que o levaram a encerrar sua antiga empresa, muitos familiares ainda desejavam a sua orientação. “Parece brincadeira, mas as pessoas ainda queriam trabalhar comigo”, confessou Singer. Para atender a essa demanda, enquanto aguardava sua sentença, ele ofereceu auxílio gratuito a famílias e continuou seus serviços durante seu tempo na prisão e agora enquanto reside na casa de transição. O ponto de virada na trajetória de Singer ocorreu quando um jovem o contactou, enviando seu histórico escolar e pedindo conselhos sobre sua aplicação universitária. Singer prontamente respondeu com dicas que, segundo ele, ajudaram o estudante a ser aceito em sua primeira opção em março deste ano. Após essa experiência, ele decidiu criar a empresa ID Future Stars, que promove um método personalizado e prático de aconselhamento sobre admissões universitárias, e que se apresenta com uma taxa de aceitação entre 80% e 96% para as escolas preferidas, além de mais de 90% de sucesso dentro das três principais escolhas dos alunos.
Antes de lançar sua nova empreitada, Singer notou que a relevância de seu trabalho não havia diminuído. Ele ressaltou que as famílias ainda procuravam seus serviços, mesmo com as barreiras impostas pela sua condenação. “Eu pensei, isso é um absurdo. As pessoas ainda vão querer trabalhar comigo”, disse Singer. Na visão dele, a demanda persistente por suas orientações era um indício de que sua expertise no setor educacional ainda tinha valor significativo, mesmo após o escândalo que o envolveu. Isso o levou a desenvolver seu novo modelo de negócios em meio a uma tormenta de críticas e processos legais que afetaram outros envolvidos, incluindo treinadores de universidades e figuras públicas como as atrizes Felicity Huffman e Lori Loughlin.
Singer também refletiu sobre a evolução de seu trabalho, lembrando que sua “estratégia da porta lateral” começou em 2011. Essa abordagem consistia em usar suas conexões em universidades renomadas para criar bolsas de estudo atléticas falsas para candidatos em troca de somas que giravam em torno de centenas de milhares de dólares. Ele admitiu que incentivou pagamentos a pessoas para que realizassem testes como o ACT e o SAT em nome de seus clientes. Adicionalmente, muitos pais canalizavam pagamentos através da Key Worldwide Foundation, uma instituição sem fins lucrativos de fachada criada por Singer, permitindo que esses pagamentos fossem descontados em impostos.
Em várias entrevistas, Singer expressou sua percepção sobre a proposta de suas ações, admitindo que eram erradas, mas justificando suas práticas de uma forma a minimizar sua gravidade. “Era incorreto, e eu fiz isso mesmo assim”, disse ele. Ele argumentou que, ao considerar o número de estudantes bem-sucedidos que se beneficiavam de suas ações, ele se sentia justificado: “Qual é o problema com um ou dois resultados que poderiam prejudicar um estudante? Tentei encontrar razões para racionalizar minhas escolhas”. Contudo, ele reconhece que suas decisões estavam erradas, mesmo que inicialmente não tenha percebido a total extensão de suas ações. Apesar de tudo, Singer insiste que sua conspiração era, segundo sua perspectiva, um “crime sem vítimas,” tentando desviar a atenção dos danos causados ao sistema educacional e aos estudantes que não tinham acesso a seus privilégios.
Com essas revelações, a trajetória de William “Rick” Singer se revela complexa, onde inegavelmente suas ações impactaram o mundo das admissões universitárias e levantaram questões profundas sobre ética, desigualdade e reputação acadêmica. À medida que ele continua sua trajetória, a dúvida persiste: será que o legado de Singer servirá como um alerta para as práticas corruptas em um sistema que deveria priorizar a meritocracia?