A Paccurate, cofundada pelo CEO James Malley, surgiu como uma resposta inovadora a um problema antigo e recorrente no setor de logística e transporte. Com o aumento das taxas de envio impostas por grandes empresas como FedEx e UPS, muitos clientes começaram a demandar soluções para reduzir os espaços vazios em suas embalagens. Essa busca por eficiência e sustentabilidade levou Malley e seu sócio Patrick Powers a explorar o campo da tecnologia de supply chain, levando ao lançamento oficial da Paccurate em 2018.
A problemática inicial enfrentada por Malley e Powers foi o que motivou a fundação da Paccurate. Segundo Malley, as perguntas que recebiam dos clientes eram sempre as mesmas, evidenciando um grande desafio: como reduzir o espaço vazio nas caixas de embalagem. A crescente preocupação com a sustentabilidade e a necessidade de otimizar custos trouxe à tona a importância de um software que pudesse tratar do assunto de maneira eficaz. “A cada ajuste que você faz na embalagem, o impacto a montante é significativo. Usar uma caixa 10% menor resulta, em média, em 10% menos paletes e 10% menos viagens de caminhões. É uma das raras áreas na cadeia de suprimentos onde sustentabilidade e economia se encontram”, destacou Malley.
Com anos de pesquisa e desenvolvimento, a tecnologia da Paccurate permite que transportadores determine a forma mais econômica e sustentável de enviá-los. O processo conhecido como cartonização considera fatores como tamanho, peso e requisitos específicos de embalagem das mercadorias. Além disso, a empresa oferece uma API que possibilita que outras marcas construam sistemas personalizados, ampliando suas aplicações dentro do setor.
Embora muitos softwares de cadeia de suprimentos integrem a cartonização em seus serviços, existe uma desconfiança por parte das empresas em relação a essas soluções. Malley observou que muitos serviços não apresentam precisões adequadas, enquanto outros objetivam encher o máximo de produtos em um menor número de caixas, o que, paradoxalmente, pode não ser a opção mais sustentável ou econômica. Inicialmente, a ideia era desenvolver uma tecnologia que funcionasse como uma “armadilha para ratos melhorada”, sem necessariamente pensar em uma empresa escalável. Contudo, a pandemia acabou por mudar a trajetória da Paccurate, uma vez que a demanda aumentou drasticamente durante o boom do comércio eletrônico em função da Covid-19.
Durante essa fase de crescimento, a Paccurate conseguiu atrair grandes clientes e, consequentemente, decidiu buscar investimentos de venture capital para manter o ritmo. Em 2022, a startup recebeu uma rodada inicial de financiamento para atender à demanda crescente. Atualmente, a empresa processa cerca de um milhão de envios por dia, um aumento significativo em relação ao passado recente, quando movimentava um milhão por mês. Entre os clientes da Paccurate, destacam-se marcas como Daily Harvest e Our Place, que reconhecem a importância de uma logística bem estruturada e eficiente.
Recentemente, a Paccurate anunciou a conclusão de uma rodada de investimento da Série A, que arrecadou um montante de US$ 8,1 milhões, liderada pela High Alpha, uma empresa de venture capital com sede em Indianápolis, recebendo também a participação de outras firmas como Tech Square Ventures, Grand Ventures e Springtime Ventures. Este investimento permitirá à Paccurate expandir ainda mais sua atuação no mercado, que ainda é dominado por players tradicionais que utilizam softwares de cadeia de suprimentos, como o Numina Group e a Packsize.
Embora a Paccurate não seja a única startup focada nesse nicho, como a Optioryx na Bélgica, ainda assim o mercado é menos saturado em comparação a outras áreas da cadeia de suprimentos, como o transporte de última milha. Malley expressa otimismo quanto ao futuro, destacando que a empresa antecipa um crescimento contínuo por várias razões. Primeiro, a necessidade de as empresas cortarem custos no transporte e armazenamento. O foco das operações tem migrado de investimentos em automação e robótica para melhorias na embalagem e logística. Segundo, novas regulamentações estão obrigando as empresas a repensar como realizam suas operações. Recentemente, a União Europeia implementou regras que exigem que as caixas de envio estejam, pelo menos, 50% cheias, e no estado de Nova Jersey, um projeto de lei similar foi aprovado no início deste ano.
Malley enfatiza que “caixas bem embaladas geralmente não estão tão cheias quanto se imagina. Uma caixa com 50% de espaço vazio pode estar bem embalada, mas as penalidades por não seguir as normas corretas são assustadoras”. Ele compara a situação a um “canário na mina de carvão”, reforçando que observar essas mudanças será crucial para entender o futuro do setor logístico. A Paccurate está, portanto, posicionada em um momento de transformação no setor de logística, onde eficiência, sustentabilidade e novas regulamentações se entrelaçam para moldar o futuro dos envios e das embalagens.