A visita de Donald Trump ao cemitério nacional de Arlington em agosto gerou grande controvérsia e repercussão. Em um movimento que reflete um crescente desejo por transparência nas ações de líderes políticos, um juiz federal ordenou que o Exército dos Estados Unidos divulgue documentos relacionados a esse evento até a data limite de sexta-feira. Essa determinação surgiu a partir de um processo judicial movido pela organização American Oversight, que busca garantir o acesso a registros governamentais e que fez um pedido baseado na Lei de Liberdade de Informação (FOIA).
O incidente ocorreu durante uma visita onde Trump estava acompanhado de familiares de militares que perderam a vida durante a retirada do Afeganistão em agosto de 2021. A visita rapidamente se transformou em alvo de críticas por parte de diversas organizações de veteranos, que alegaram que a presença do ex-presidente em um local sagrado para os serviços armados era uma politicização inaceitável. Um funcionário do cemitério relatou que foi “bruscamente empurrado para o lado” ao tentar aplicar as regras que proíbem a realização de atividades políticas naquele local. Apesar do ocorrido ter sido reportado à polícia, o funcionário decidiu não seguir com a denúncia. Um porta-voz do Exército, em agosto, afirmou que a situação estava “encerrada”.
O juiz Paul Friedman, do Tribunal Distrital dos EUA em Washington, D.C., redigiu uma ordem que direciona o Exército a “produzir registros não isentos e responsivos até ou antes de 25 de outubro”. Este movimento é emblemático do clima de pouco mais de duas semanas que antecede as eleições presidenciais. Chioma Chukwu, diretora executiva interina da American Oversight, expressou em um comunicado que “os cidadãos americanos têm um interesse claro e significativo em saber como o governo reagiu a um incidente envolvendo um candidato presidencial de destaque, especialmente um que historicamente tem politicizado as operações militares”.
Embora o ex-presidente Trump tenha sido acompanhado por membros da família Gold Star — que perderam entes queridos em combate — a percepção em torno da sua visita não foi minimizada pelos trâmites de consentimento. Enquanto a campanha de Trump divulgou uma declaração a favor de sua presença no evento, algumas fotos publicadas atingiram os túmulos de outros soldados cujas famílias não haviam fornecido esse tipo de autorização. A questão coloca em evidência a complexidade e a delicadeza de equilibrar tributos à memória dos mortos com atividades políticas.
Chris LaCivita, gerente de campanha de Trump, chegou a descrever o incidente como um “desgrace” e acentuou a desumanização do funcionário que tentou manter a ordem no cemitério. “Aqueles que estão espalhando essas mentiras estão desonrando os homens e mulheres de nossas forças armadas e desrespeitando todos que pagaram o preço por defender nosso país”, disse LaCivita em uma declaração à CNN.
A campanha de Trump foi posteriormente acusada de não respeitar as leis federais que regulam atividades políticas dentro do cemitério, especialmente na seção 60, que é predominantemente reservada para as sepulturas dos que serviram no Iraque e no Afeganistão. O Exército reafirmou que os participantes da visita de 26 de agosto foram informados sobre as normas que proíbem explicitamente atividades políticas em seus terrenos.
Um porta-voz do Exército reiterou que o respeito pela memória dos mortos é de suma importância, afirmando: “Este incidente foi infeliz, e é lamentável que o funcionário do ANC e seu profissionalismo tenham sido injustamente atacados”. Era evidente que a visita deveria ser conduzida com o devido respeito e dignidade que os caídos merecem, refletindo o compromisso do setor em manter o cemitério como um santuário nacional.
À medida que a expectativa se acumula para a publicação dos documentos solicitados, fica a pergunta no ar: qual será a resposta do público e o impacto que essa situação pode ter nas menos de duas semanas que restam para as eleições?