A recente revelação da autora Virginia Nitōhei, conhecida por seu trabalho na adaptação do manga Otherworldly Izakaya “Nobu”, gerou grandes discussões dentro da comunidade de fãs e profissionais da indústria manga. Em um post feito em sua conta no X, ex-Twitter, nesta segunda-feira, Nitōhei anunciou que o 19º volume compilado do manga, que é uma adaptação da série de light novels escrita por Natsuya Semikawa, não contará com nenhum recurso extra, nem mesmo com uma arte de capa. Essa abordagem generosa e direta da autora não só surpreendeu seus seguidores, mas também trouxe à tona questões importantes sobre a compensação financeira de artistas no setor.
Logo após o primeiro post, Nitōhei fez outra publicação, reafirmando que o 19º volume não terá recursos adicionais prometidos anteriormente, nem a compensação por royalties pela elaboração do manuscrito. Essa situação tem proporcionado um espaço para que diversos artistas do mundo dos mangás compartilhem graus semelhantes de frustração, ressaltando a falta de remuneração adequada por seu trabalho criativo. A editora Kadokawa, responsável pela publicação do manga Otherworldly Izakaya “Nobu”, programou o lançamento do 19º volume para o dia 4 de dezembro. Entretanto, a companhia já enfrenta reclamações recorrentes de artistas sobre a dificuldade em receber compensações justas por suas criações.
Vale lembrar que Nitōhei, nos dias que antecederam e seguiram a revelação polêmica, repostou várias mensagens no X que discutem a dificuldade enfrentada pelos autores de manga em obter pagamento por capas de volumes de livros. Artistas como George Morikawa, conhecido por seu trabalho em Hajime no Ippo, e Sumito Ōwara, criador de Keep Your Hands Off Eizouken!, também compartilharam suas experiências e perspectivas sobre essa questão delicada e relevante. Em um dos posts, Morikawa comentou que seria mais produtivo ouvir ambos os lados – tanto dos editores quanto dos artistas – para avançar nas discussões sobre o que deveria ser um planejamento justo.
O interessante é que a luta por reconhecimento e recursos justos não se limita apenas a um criador. Nitōhei tem utilizado sua plataforma para amplificar as vozes de seus colegas, uma ação que não passa despercebida dentro da comunidade. Ōwara, por exemplo, discutiu suas abordagens diretas com as editoras e acrescentou que a troca de ideias sobre essas questões é fundamental para que a indústria evolua. Este engajamento ativo demonstra que, às vezes, as batalhas mais complexas são aquelas que ocorrem nos bastidores da indústria editorial.
Para aqueles que não estão familiarizados, o manga Otherworldly Izakaya “Nobu” foi iniciado pela autora em julho de 2015 na revista Young Ace, apresentando o design original dos personagens por Kururi. A trama gira em torno de um pub estilo japonês chamado “Nobu”, localizado em um beco da fictícia cidade medieval europeia de Eiteriach, e destaca uma variedade de personagens cativantes: de soldados negligentes a herdeiras mimadas e coletores de impostos nervosos. À medida que eles se deliciam com a culinária japonesa pouco conhecida, suas preocupações se evaporam, criando um enredo atraente que capta a imaginação dos leitores.
A série de light novels começou a ser publicada em 2012 na plataforma Shōsetsuka ni Narō, e desde então tem expandido suas raízes no universo dos quadrinhos com a publicação de volumes em inglês pela Udon Entertainment, alcançando o 10º volume em março de 2022. Além disso, as novels também geraram uma série de animação que estreou em abril de 2018, com 15 episódios, e uma série live-action que começou a ser exibida em maio de 2020. O sucesso teve continuidade, resultando em duas temporadas subsequentes, a mais recente sendo lançada em janeiro de 2023, solidificando a popularidade da obra entre os fãs internacionais.
A revelação atual sobre a falta de recursos no novo volume do manga Otherworldly Izakaya “Nobu” não apenas reafirma as insuficiências enfrentadas por autores de manga no que diz respeito à compensação, mas também se apresenta como uma chamada à ação para a indústria. Nesse contexto, a luta por pagamento justo e reconhecimento pelo trabalho criativo se torna mais do que um tema de discussão, transformando-se em um movimento coletivo que visa melhorar as condições para todos os envolvidos na criação de conteúdo. O futuro dos autores, assim como o futuro de obras como “Nobu”, depende em grande parte da disposição da indústria em ouvir suas vozes e atender às suas demandas de forma justa. É um momento crítico que convidamos todos a considerar quando desfrutamos de seus produtos criativos.