Como se não bastasse o desafio envolto na produção de uma série ambiciosa como ‘Pachinko’, a showrunner Soo Hugh revela suas esperanças em expandir as histórias centradas em protagonistas de ascendência asiática, assim como seu desejo de não permitir que a indústria se acomode em meio aos avanços conquistados. ‘Pachinko’, uma adaptação do romance histórico de Min Jin Lee, explora a complexa relação entre quatro gerações de uma família coreana durante o contexto da ocupação japonesa, refletindo sobre a resistência cultural, as aspirações e os segredos ocultos que permeiam suas vidas. A série estreou sua segunda temporada recentemente, encerrando sua trajetória em 11 de outubro, e, no decorrer do evento, Hugh não apenas discutiu as nuances da narrativa, mas também abordou a necessidade urgente de continuidade na representação asiática nas telas.

Desde sua estreia, ‘Pachinko’ se estabeleceu como uma das produções mais notáveis da Apple TV+, oferecendo uma visão diversificada e rica da história coreana, que ainda ressoa com o público contemporâneo. Após o impacto da primeira temporada, a segunda se aprofunda nas tensões e nas esperanças da família Baek após a Segunda Guerra Mundial. Enquanto os personagens enfrentam suas realidades, a protagonista Sunja, interpretada por Minha Kim, carrega um segredo devastador que pode desmantelar os fios que unem sua família. Durante uma conversa esclarecedora, Hugh refletiu sobre as dificuldades envolvidas na realização da segunda temporada, incluindo a decisão empenhada de reinventar a sequência de abertura, uma grande parte que conecta a história às suas diversas linhas do tempo.

No ano passado, perante um cenário em que muitos espectadores ocidentais justificam a sua resistência ao conteúdo legendado, Hugh expressou sua frustração sobre como a primeira temporada foi recebida, particularmente sua omissão nas premiações, como o Emmy. Apesar de seu caráter inovador, ela acredita que a falta de reconhecimento é um resultado da pré-concepção que envolve a utilização de legendas. “Foi decepcionante, mas não fiquei brava. Ninguém conhecia nosso programa, e mesmo os críticos, que eu aprecio muito, eram as únicas vozes que nos reconheciam”, disse ela, enfatizando a necessidade de uma mudança de mentalidade dentro da indústria e entre os consumidores. Para Soo Hugh, não se trata apenas de conquistar reconhecimento; trata-se, acima de tudo, de garantir que histórias como a de ‘Pachinko’ estejam acessíveis e disponíveis mundialmente.

Entrando em uma análise mais técnica sobre a produção, Hugh aborda a complexidade do trabalho com um elenco de múltiplas nacionalidades e talentos em idiomas variados. Na sua visão, um projeto tão internacional exige muita atenção aos detalhes e, frequentemente, o uso de intérpretes, fator que se tornou mais fácil após o aprendizado da primeira temporada. “Tivemos um número maior de ensaios e conversas com o elenco nesta segunda temporada. Eles estavam muito mais confiantes e com mais paixão por seus personagens”, comentou. Esse aumento no envolvimento dos atores resultou em uma fluidez nas atuações que contribuiu para uma camada adicional de autenticidade à narrativa.

Hugh também se preocupa com a relevância contínua de narrativas diversas em um cenário em que a indústria frequentemente prioriza projetos de propriedade intelectual já estabelecida. Com a sua nova produtora, Moonslinger, ela busca criar um espaço que continue a fomentar histórias significativas, com a esperança de desafiar as normas e preconceitos existentes. “É sempre uma questão de misturar arte e comércio”, disse ela. “Mas precisamos de shows que funcionem como pontes entre diversas audiências.” A showrunner ressalta que a diversidade é uma luta contínua e deve ser mantida, independente das flutuações da economia e da indústria do entretenimento.

Com relação ao futuro de ‘Pachinko’, Hugh expressou seu desejo por uma terceira temporada, mas a continuidade depende do desempenho da série em termos de audiência. “Isso está fora do meu controle. Queremos fazer a terceira temporada, mas tudo se resume à forma como as pessoas estão assistindo e acolhendo a série”, explicou. O apelo por mais temporadas surge do desejo de explorar ainda mais o desenvolvimento dos personagens e desvendar segredos não revelados. “As pessoas não viram Hansu nos anos 1980; há muito a ser explorado nesse universo”, comentou, desafiando a ideia de que a história precisa chegar a um conclusão precipitada.

Com muitos projetos alinhados, incluindo uma adaptação de ‘Tender Is the Night’, de F. Scott Fitzgerald, e uma minissérie com Tom Hiddleston, Soo Hugh continua sua busca por narrativas que desafiem o status quo e ampliem as vozes no cinema e na televisão, enquanto se coloca, e convida os espectadores, para uma reflexão sobre as histórias que ainda precisam ser contadas. “Precisamos continuar apoiando essas histórias”, disse. É um chamado à ação não apenas para a indústria, mas para cada um de nós, que somos quem decide quais histórias merecem ser vistas e contadas. Assim, a continuidade na narrativa e a resistência à complacência serão os maiores legados que ‘Pachinko’ e sua criadora podem deixar.

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