A recente visita do ex-presidente Donald Trump a um McDonald’s na Pensilvânia, onde ele foi flagrado servindo batatas fritas, não passou despercebida pelos usuários da plataforma Yelp. O que deveria ser uma simples interação com os clientes rapidamente se transformou em um mar de avaliações, muitas delas de caráter questionável e provocativo, que levaram a plataforma a suspender temporariamente a página do franquia. Este incidente levanta questões sobre o impacto das figuras públicas na percepção de empresas locais e como o engajamento online pode se desvirtuar em meio a eventos políticos.
No último domingo, Trump foi aplaudido e criticado em igual medida ao se apresentar em um McDonald’s em Feasterville-Trevose, na Pensilvânia. Sua presença não apenas atraiu a atenção da mídia, mas também resultou em um influxo de análises e comentários negativos na plataforma Yelp, onde usuários aproveitaram a oportunidade para expressar suas opiniões – muitas vezes de maneira ríspida. Avaliações recentes chamaram a atenção para o passado criminal de Trump, com comentários que utilizavam ironia para destacar a situação. Uma delas mencionou: “Os clientes, especialmente mulheres, não usavam luvas ao preparar as batatas fritas e só trabalhavam por cinco minutos antes de precisarem sentar ou tirar uma soneca.” Outro usuário fez uma observação sarcástica, afirmando que as batatas estavam tão salgadas que pareciam ter sido “choradas por alguém que perdeu uma eleição importante”. Essas investidas emocionais e politicamente carregadas desvirtuaram o foco original da plataforma, que era o serviço e a qualidade da alimentação oferecida pelo restaurante.
O impacto da presença de Trump na franquia não foi unicamente negativo. Alguns usuários tentaram desviar a conversa, lembrando que eram frequentadores do local muito antes da visita de Trump e que continuariam a ir mesmo depois desse evento controverso. “Eu estive neste McDonald’s muito antes da visita de Trump e continuarei vindo muito depois”, postou um avaliador em uma crítica positiva de cinco estrelas. Esse contraste entre as opiniões ressoa com a ideia de que a presença de figuras políticas pode intensificar tanto o apoio quanto a desaprovação.
McDonald’s, por sua vez, tentou distanciar-se do evento, divulgando um memorando interno que reafirmava sua posição neutra em assuntos eleitorais. O documento confirmava que a franquia não havia convidado Trump para a sua visita e que a decisão de recebê-lo partiu do proprietário local, Derek Giacomantonio, em resposta a uma abordagem das autoridades locais sobre o desejo de Trump de realizar um evento no local. “Ele ficou orgulhoso em destacar como ele e sua equipe servem à comunidade local e preparam alimentos deliciosos, como nossas famosas batatas fritas”, disse a empresa. Essa declaração sublinha a complexidade de ser uma franquia independente em um país polarizado politicamente, onde empresários podem ter que equilibrar suas decisões profissionais com as realidades sociais e políticas ao seu redor.
A situação levou a Yelp a congelar temporariamente a capacidade de usuários de deixar novos comentários na página da franquia, como uma forma de garantir que as publicações refletissem experiências reais de clientes, ao invés de ações provocadas por um evento de tal magnitude. “Embora não tenhamos uma posição sobre esse incidente, temporariamente desabilitamos a postagem de conteúdo nesta página à medida que trabalhamos para investigar se as opiniões refletem experiências reais de consumidores, ao invés de eventos recentes”, esclareceu a plataforma. Dado o aumento do alcance e a atenção pública que certos negócios recebem, Yelp já havia implementado esse tipo de medida em 2023, quando 986 alertas foram colocados nas páginas de negócios, resultando na remoção de quase 50 mil avaliações.
Enquanto o McDonald’s tentava navegar por essa onda de atenção política, seus representantes afirmavam que a marca sempre foi um tópico de conversa durante os ciclos eleitorais, e embora não tenha buscado essa atenção, isso é um testemunho de como a rede ressoa com muitos americanos. “McDonald’s não endossa candidatos a cargos eletivos e isso permanece verdadeiro nesta corrida pela próxima presidência. Não somos vermelhos ou azuis – somos dourados”, reforçou a empresa em seu memorando aos funcionários.
Este episódio já nos faz refletir sobre a intersecção entre negócios e política, e como a cultura do cancelamento e da opinião pública pode transformar um simples lanche em um campo de batalha ideológico. As empresas que operam em um cenário tão dinâmico devem estar preparadas para reagir e reavaliar suas estratégias, enquanto os consumidores continuam a exercer influência significativa através das plataformas digitais. Afinal, em uma época em que a comida rápida é mais do que apenas uma refeição, mas uma expressão de valores e opiniões, cada batata frita servida pode também carregar um peso político inesperado.