ex-presidente critica apatia e sugere sexismo como barreira ao apoio à presidente mulher
Em um momento de grande relevância para a política norte-americana, o ex-presidente Barack Obama fez um apelo contundente a homens negros que hesitam em apoiar a candidatura da vice-presidente Kamala Harris à presidência. Durante uma visita surpresa a um escritório de campanha de Harris em Pittsburgh, Pennsylvania, Obama afirmo que é “inaceitável” a falta de participação deles nessa eleição, sugerindo que a relutância em votar nela pode estar enraizada em questões de sexismo. As palavras de Obama ocorrem em um contexto eleitoral em que pesquisas indicam uma disputa acirrada, destacando uma aparente falta de energia que ele observa entre os homens negros em relação à campanha de Harris.
Ao se dirigir a um pequeno grupo de eleitores, o ex-presidente enfatizou a necessidade da participação ativa da comunidade negra no processo eleitoral. “Vocês estão pensando em ficar de fora ou apoiar alguém com um histórico de desdenhar de vocês, porque acham que isso é sinal de força? Isso não é aceitável”, conduziu Obama, sublinhando a importância de refletir sobre a escolha de candidatos e como isso pode impactar a comunidade. Ele mencionou que muitos estão apenas criando desculpas, e parte desta resistência parece estar relacionada à ideia de ter uma mulher na presidência. A intenção de Obama é clara: é preciso encorajar o voto e a participação, e não simplesmente se acomodar.
Em um cenário em que a mobilização do eleitorado é crucial, a vice-presidente Kamala Harris já tinha se concentrado em aumentar a participação de homens negros mesmo antes de assumir sua posição como candidata oficial do partido democrata. Um dos membros da equipe de Harris expressou uma preocupação clara: “Precisamos garantir que homens negros e hispânicos não fiquem deitados no sofá. Porque se não votarem, isso conta como um voto para ele”, referindo-se ao ex-presidente Donald Trump.
Na semana seguinte, Harris se dirigirá a Detroit para um evento de rádio com o popular co-apresentador Charlamagne tha God, que possui uma vasta audiência negra em diversas plataformas digitais. Durante essa conversa, que abordará questões pertinentes aos eleitores em estados decisivos, espera-se que Harris responda perguntas e dialogue diretamente com o público, em uma tentativa de ampliar seu apoio e engajamento.
Enquanto a campanha de Harris busca recriar a coalizão multirracial que teve sucesso nas eleições de 2020, sua equipe e aliados têm transmitido mensagens diretas aos eleitores, semelhantes ao apelo feito por Obama em Pittsburgh. Esse esforço inclui a participação de influentes ativistas e organizadores comunitários que se reúnem para discutir e fomentar a escolha de Harris entre eleitores negros, enfatizando o impacto positivo que uma presidente mulher pode ter.
Na mesma linha, durante uma reunião privada do NAACP em Milwaukee, Anthony West, cunhado de Harris, fez um forte apelo aos presentes, lembrando-os da força das mulheres negras em suas vidas. “Lembrem-se de que foram criados por uma mulher negra forte, que cuidou de vocês e lhes deu oportunidades na vida”, instou West, pedindo que levassem a mensagem adiante. Essa aproximação individual e comunitária é parte essencial da estratégia de mobilização da campanha de Harris.
Em um momento de protesto contra a administração de Trump, na manifestação em Pittsburgh, Barack Obama ofereceu uma das críticas mais severas até o momento em relação ao atual presidente. Ele destacou a falta de confiança que Trump gerou entre os cidadãos ao enganar aqueles que estão em momentos de vulnerabilidade. “Quando é que se tornou aceitável tentar enganar as pessoas nos momentos mais desesperadores?”, questionou Obama, desafiando não apenas Trump, mas também aqueles que o apóiam. Afirmando que muitos ainda fazem vistas grossas às ações do ex-presidente americano, Obama clamou por um despertar consciente entre os eleitores.
Em seu discurso, Obama delineou claramente as diferenças entre Harris e Trump, questionando que mudanças positivas poderiam advir de alguém que mente e trai a confiança pública. “Se tivesse um membro da sua família que agisse como Trump, você ainda o amaria, mas diria que ele tem um problema”, argumentou o ex-presidente, incitando um olhar crítico sobre o comportamento de Trump e suas políticas, que ele considerou prejudiciais e enganadoras. Ao encerrar o discurso, Obama convocou os jovens e todos os cidadãos a não apenas se sentarem e esperarem por melhorias, mas a se mobilizarem. “Saia do seu sofá e vote. Coloque seu telefone de lado e vote. Reúna seus amigos e familiares e vote”, pediu o ex-presidente, enfatizando a importância de cada voto na definição do futuro do país.
Com sua retórica poderosa e a urgência de seus apelos, Barack Obama não apenas exortou o eleitorado a se engajar, mas também reacendeu as críticas à administração Trump, um trabalho que ele continua a realizar com a firme convicção de que, para o bem da democracia, cada voto é fundamental. Assim, a mensagem é clara: participar do processo eleitoral é um passo essencial para garantir que a mudança que muitos anseiam se torne uma realidade.