No atual cenário econômico, as tensões envolvendo os crescentes rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos e a aparente falha na política monetária do Federal Reserve (Fed) têm gerado um ambiente de preocupação para investidores e analistas. Contudo, uma análise da TS Lombard sugere que essas preocupações podem estar exageradas, especialmente quando se trata do Bitcoin (BTC). Com um valor de mercado que continua a atrair investimentos, a criptomoeda se posiciona em meio a um possível padrão gráfico conhecido como “golden cross”, que sinaliza uma perspectiva otimista para o seu futuro próximo.

Recentemente, o rendimento do título de 10 anos dos EUA superou a média móvel simples de 200 dias, atingindo uma máxima de três meses de 4,26%, com dados fornecidos pela plataforma TradingView. Essa alta representa um aumento significativo de 60 pontos base desde que o Fed decidiu cortar as taxas de juros em 50 pontos base no dia 18 de setembro. O aumento nesse chamado “taxa livre de risco” tende a tornar os títulos mais atraentes, competindo assim com ativos mais arriscados, como as criptomoedas e ações de tecnologia. Este cenário foi evidenciado por uma pausa no impulso do Bitcoin, que se estagnou próximo à marca de $70.000, agora recuando para cerca de $67.000.

O analista conhecido como The Great Martis, que frequentemente compara o desempenho do Bitcoin ao do ETF Nasdaq, considera que estamos diante de uma tempestade perfeita para ativos de risco, devido à ascensão dos rendimentos dos títulos. Além disso, uma série de especialistas tem classificado o aumento acentuado dos rendimentos pós-corte como um sinal de erro de política monetária, citando comparações com os anos de 1967, quando o banco central cortou taxas em um ambiente de mercado de trabalho mais restrito, resultando em uma inflação sustentável e, eventualmente, em uma recessão.

As novas informações podem ser atribuídas a um relatório de emprego em setembro, que superou as expectativas e dados de inflação que também foram mais robustos do que o previsto, criando uma pressão ascendente sobre os rendimentos. No entanto, a TS Lombard desafia essa narrativa de preocupação, afirmando que “os bancos centrais acreditam que a política monetária está apertada e desejam realizar cortes de forma gradual”. Dario Perkins, um dos diretores da TS Lombard, assinala que se as condições do emprego diminuírem, os cortes poderão ocorrer de forma mais rápida. Por outro lado, caso haja sinais de recuperação no emprego, o Fed poderá ser menos agressivo em suas intervenções.

Como resultado dessas observações, a TS Lombard argumenta que o recente aumento dos rendimentos dos títulos não significa um colapso iminente do mercado de ativos de risco, e que pode haver equívocos em se apegar excessivamente à ideia de “erro de política”. Segundo Perkins, “se alguém está cometendo um erro, são aqueles que baseiam suas visões em uma ‘política errada’, aparentemente independentemente do que os responsáveis pela política decidem”. As avaliações da TS Lombard ressaltam que os cortes de taxa do Fed não devem reviver a inflação como ocorreu em 1967, especialmente devido ao rollover de dívidas a taxas superiores, além de enfatizarem que a alta recente nos rendimentos está em linha com os cortes de taxas em ciclos não recessivos anteriores.

Ademais, a pesquisa também revela que, ao longo de 12 meses seguintes a cortes iniciais de taxa em ciclos não recessivos, o rendimento do título de 10 anos tende a se fortalecer, o que sugere que a situação atual não é uma surpresa e pode não resultar em um fluxo significativo de capital saindo de ativos de risco em direção aos títulos. O banco central norte-americano define a taxa de juros neutra, que não impulsiona nem encurta a economia, entre 2,5% e 3%, 200 pontos base abaixo da atual faixa de taxa de fundos do Fed, que é de 4,75% a 5%. Isso indica que o corte recente não é necessariamente um erro e pode ocorrer um número considerável de cortes, mesmo em uma economia resiliente, segundo Perkins.

Outro ponto interessante é o desempenho do ouro, um ativo considerado seguro que não oferece rendimento, que tem registrado máximas históricas apesar do aumento dos rendimentos reais e nominais, sinalizando um momento positivo para ativos como o Bitcoin, visto como reserva de valor. Ao mesmo tempo, a convergência dos médias móveis de 50 e 200 dias para o Bitcoin parece estar se preparando para um “golden cross”, um indicador que sugere que a força momentânea dos preços pode superar a de longo prazo, possivelmente se transformando em uma corrida de alta.

Em conclusão, enquanto a volatilidade permanece uma realidade no espaço das criptomoedas e no mercado financeiro amplo, os dados e análises recentes indicam que as preocupações em torno dos rendimentos dos títulos da dívida e da política do Fed podem não ser tão alarmantes quanto pintadas por alguns analistas. O Bitcoin continua a ser um ativo que atrai interesse considerável, e a possibilidade de um “golden cross” pode ser um sinal positivo para aqueles que acreditam no potencial de valorização da criptomoeda. Portanto, a aposta segue: será que estamos prestes a entrar em um novo ciclo de alta para o Bitcoin, ou devemos nos preparar para um novo período de incertezas? A resposta pode estar mais próxima do que imaginamos.

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