o cenário das eleições de 2024 nos estados unidos promete surpreender a todos os envolvidos, com possibilidades que podem mudar a face do congresso americano como o conhecemos. diversas pesquisas recentes, incluindo dados divulgados nesta terça-feira, indicam que a câmara dos representantes pode passar de um controle republicano para um controle democrata, enquanto o senado, paradoxalmente, pode mudar de mãos, indo de democrata para republicano. se isso acontecer, será a primeira vez em mais de 230 anos de eleições congressuais que as duas câmaras mudam de controle partidário em direções opostas. tal possibilidade é um fenômeno digno de nota, especialmente considerando que os mapas de batalha para a câmara e o senado, que estão divididos por margens estreitas, são drasticamente diferentes.
o contexto eleitoral e os desafios para os partidos
na câmara dos representantes, todas as 435 cadeiras estão em jogo. os democratas necessitam de um ganho líquido de apenas quatro cadeiras para conquistar a maioria. uma possibilidade promissora surge do estado de nova iorque, onde o partido pode conquistar essas quatro cadeiras. em 2022, quatro disputas na “grande maçã” foram vencidas pelo partido republicano com margens inferiores a cinco pontos, todas em distritos que, sob as linhas de divisão atuais, teriam sido favoráveis a joe biden dois anos antes. as regiões incluem o 4º distrito de nova iorque, localizado em long island, os distritos 17 e 19 no vale do hudson, e o 22º distrito no centro de nova iorque, cuja eleição foi decidida por apenas um ponto dois anos atrás, onde as linhas foram desenhadas recentemente em benefício dos democratas, aumentando consideravelmente suas chances.
por outro lado, a batalha pelo senado apresenta um quadro bem diferente. é importante lembrar que apenas cerca de um terço das 100 cadeiras do senado são disputadas em cada ciclo eleitoral. neste ano, um número significativo de cadeiras ocupadas por democratas ou independentes que caucus com eles está em disputa em estados tidos como republicanos. os republicanos necessitam de um ganho líquido de pelo menos uma cadeira, caso o futuro vice-presidente seja republicano, ou duas cadeiras se o vice-presidente for democrata. atualmente, as chances dos republicanos em reverter a situação parecem altas, especialmente em estados vermelhos como montana, onde o senador democrata jon tester enfrenta dificuldades, e na muito vermelha west virginia, onde o senador independente joe manchin se aposentará. há também uma oportunidade evidente para os republicanos destituírem o senador democrata sherrod brown em ohio, um estado que donald trump venceu duas vezes e onde se espera que vença novamente.
votações e tendências eleitorais: um olhar detalhado sobre as estatísticas
a dinâmica nas eleições se torna ainda mais interessante quando olhamos para os estados que trump venceu em 2016, como arizona, michigan, pennsylvania e wisconsin, onde os republicanos têm mais oportunidades de conquistar cadeiras. a votação em cédula única, que se intensificou nos últimos anos, destaca a importância dessa análise. históricamente, apenas uma vez, um estado votou em um partido para a presidência e em outro para o senado, como ocorreu no estado do maine em 2020. em 2012, a discrepância foi observada em seis estados. os padrões de votação se mantêm consistentes, refletindo também na câmara dos representantes, que viu apenas 4% de seus distritos votarem de maneira diferente para presidente e para a câmara em 2020.
um exemplo prático das atuais disputas está na 4ª região de nova iorque, onde uma pesquisa da newsday/siena college revelou que a candidata democrata laura gillen lidera sobre o republicano anthony d’esposito por 12 pontos. essa mesma pesquisa indicou que kamala harris também está à frente entre os eleitores do distrito. embora não existam pesquisas específicas para os outros três distritos mencionados, as previsões apontam que os democratas têm boas chances de vencer todas essas disputas. o 22º distrito claramente favorece os democratas, enquanto os 17º e 19º são considerados “corridas abertas”, onde qualquer partido pode sair vencedor.
tal expectativa faz sentido, já que uma pesquisa estadual da siena, que também foi divulgada nesta terça-feira, revelou que os democratas estão desempenhando cerca de cinco pontos melhor em todo o estado em comparação com 2022. uma mudança dessa magnitude aplicada a esses quatro distritos poderia ver os democratas reivindicando todos eles, o que é especialmente significativo, já que biden teria vencido em todos esses locais em 2020.
desafios e oportunidades em nova iorque e além
no entanto, um assento da câmara dos representantes em nova iorque que biden não teria conquistado é o 1º distrito de long island. sob o novo mapa aprovado no início do ano, os eleitores daquele distrito teriam apoiado trump por dois pontos. outra pesquisa recente da newsday/siena mostrou que harris e trump estão, basicamente, empatados nesse distrito. portanto, ficou claro que, de acordo com a mesma pesquisa, o republicano nick lalota está liderando o desafiante democrata john avlon por apenas 3 pontos, indicativo de uma corrida acirrada que, embora os analistas prevejam uma tendência republicana, ainda se encontra dentro da margem de erro.
o que fica claro é que nova iorque oferece aos democratas muitas oportunidades, e não é o único estado azul a fazê-lo. a califórnia possui outros cinco assentos na câmara dos representantes, atualmente ocupados por republicanos, que muitos especialistas consideram disputas acirradas, com os democratas tendo uma vantagem significativa, já que biden teria vencido quatro deles em 2020, sob as linhas atuais.
diante desse cenário, não é surpresa que uma possível tomada dos democratas na câmara esteja se tornando uma realidade: eles têm muitas oportunidades de conquistar cadeiras em distritos que fizeram parte da sua vitória em estados que também contribuíram para a vitória do presidente biden.
nesse ponto, vale ressaltar que, embora os republicanos possam manter o controle da câmara, a situação para o senado também pode sofrer reviravoltas inesperadas. assim, o desenrolar das próximas semanas promete não apenas agitar o cenário político, mas também pode levar à criação de um novo capítulo na história do congresso americano, uma narrativa que irá tanto satisfazer quanto desagradar ambos os lados do espectro político.