No último incidente de violência que assola o México, 19 supostos integrantes do poderoso cartel de Sinaloa foram mortos em um intenso tiroteio com tropas do exército, evidenciando a escalada do conflito entre facções rivais dentro da organização criminosa. O Ministério da Defesa do país informou que o confronto ocorreu na segunda-feira, quando militares, que patrulham a região, foram atacados por um grupo de mais de 30 indivíduos nas proximidades da capital estadual, Culiacán, no noroeste do país. Este episódio é apenas mais um capítulo na crônica de violência associada ao tráfico de drogas que afeta o México, uma questão que se intensificou desde a recente prisão de um dos líderes do cartel.
A prisão de Ismael “El Mayo” Zambada, um dos cofundadores do cartel de Sinaloa, em 25 de julho, nos Estados Unidos, foi o estopim para uma série de confrontos armados entre diferentes facções dessa poderosa organização. Desde então, a disputa pelo controle do cartel aumentou, culminando em uma guerra declarada entre os parentes de Zambada e os filhos do notório traficante Joaquín “El Chapo” Guzmán. Informações do Ministério da Defesa apontam que os membros do cartel mortos no tiroteio de segunda-feira estavam presumivelmente associados à facção de Zambada, refletindo a luta interna pelo domínio dentro do tráfico de drogas.
O cenário atual do cartel de Sinaloa, que já foi um dos mais poderosos no México, tornou-se ainda mais sombrio após a prisão de Zambada. Sua captura ocorreu quando ele foi abordado pela polícia enquanto estava na companhia de Joaquín Guzmán López, um dos filhos de “El Chapo” – que atualmente lidera uma facção conhecida como os “Chapitos”. Zambada, com 76 anos, alega que foi sequestrado por López e entregue às autoridades norte-americanas, antecipando uma série de retaliações e disputas de poder entre as facções. Com este estado de guerra, o futuro do cartel e de suas operações se vê em um horizonte nebuloso.
O impacto das ações dos “Chapitos”, que estão sob investigação devido a crimes envolvendo o tráfico de fentanil, tem sido devastador. De acordo com uma acusação revelada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos no ano passado, os membros dessa facção são acusados de tortura extrema contra rivais, utilizando métodos brutais como a eletrocussão e a alimentação de suas vítimas a tigres, além de um leque de atrocidades que escandalizam a sociedade. Além disso, em abril de 2023, 28 membros do cartel foram indiciados no contexto desta extensa investigação sobre o tráfico de fentanil, um dos maiores problemas de saúde pública no mundo atual.
Enquanto os violentos confrontos continuam a marcar a luta pelo controle das operações criminosas no país, as autoridades enfrentam desafios imensos. A violência crescente não se limita apenas aos cartéis, mas se estende a toda a população, que vive sob a constante ameaça de confrontos armados. No dia 18 de outubro de 2024, por exemplo, a sede do jornal El Debate, em Culiacán, foi atingida por balas durante uma intensa troca de tiros entre facções rivais, sinalizando assim que o drama se desdobra em diferentes níveis, atingindo até mesmo instituições da sociedade civil.
Por fim, a situação no México continua a ser um reflexo da luta sem fim contra o narcotráfico e as suas ramificações. Poderíamos nos perguntar: até onde a violência vai escalar e que preço a sociedade irá pagar por este ciclo vicioso? Com os cartéis em guerra, a esperança por mudanças significativas parece distante, levando muitos a questionarem a eficácia das medidas adotadas pelo governo na luta contra o crime organizado. A mobilização das forças armadas e as operações de segurança são necessárias, mas a erradicação desse câncer social dependerá de um esforço conjunto que vai muito além da repressão.