No cenário político atual dos Estados Unidos, as aparições de candidatos em podcasts têm sido vistas como uma estratégia inovadora para atrair eleitores, especialmente o público mais jovem. No entanto, uma nova pesquisa sugere que essa tática pode não estar alcançando o impacto desejado nas eleições presidenciais de 2024. Os dados revelam que tanto as participações da vice-presidente Kamala Harris quanto do ex-presidente Donald Trump em podcasts populares não conseguiram conquistar a atenção da maioria dos eleitores, levantando questões sobre a eficácia dessa abordagem.

Uma Nova Abordagem para Atração de Eleitores

Nos últimos meses, campanha de Harris e Trump tem buscado se distanciar das aparições tradicionais nos meios de comunicação, que, muitas vezes, não permitem um diálogo aberto. A mudança de estratégia inclui uma presença mais significativa nas plataformas de podcast, onde os candidatos podem dirigir suas mensagens de maneira mais autêntica e acessível. Essa inovação surge em resposta a uma mudança na forma como os eleitores, especialmente os mais jovens, consomem informações políticas. Eles tendem a se distanciar dos formatos mais convencionais e a se concentrar em mídias sociais e podcasts, que celebram uma conversa mais livre e sem as amarras das entrevistas formais.

Apesar dessa mudança, os resultados de uma pesquisa recente realizada pela USA Today em conjunto com a Universidade Suffolk contrastam com as expectativas criadas em torno dessas novas táticas. Menos de 30% dos participantes afirmaram ter ouvido as participações de Harris ou Trump em podcasts, incluindo a famosa aparição de Harris no programa “Call Her Daddy”, onde discutiu tópicos como o acesso ao aborto. Trump, por sua vez, participou de programas como “This Past Weekend” com Theo Von e “Flagrant”, lançando também mão de interações com influenciadores digitais, buscando sintonizar com plataformas populares entre os jovens.

Resultados Preocupantes na Pesquisa

Com um total de 1.000 entrevistados, a pesquisa revelou que 72% das pessoas não escutaram Harris em nenhum podcast, enquanto 77,5% igualmente não ouviram Trump. Os números são ainda mais reveladores quando analisamos a mudança nas intenções de voto após ouvir os candidatos. Para Harris, 51% dos que a ouviram disseram que isso os tornava menos propensos a votar nela, contrabalançado por 34% que afirmaram ter se sentido mais inclinados a apoiá-la. Das menções a Trump, 49,5% indicaram uma maior probabilidade de votar no ex-presidente, enquanto 28% se mostraram menos propensos. Esses dados demonstram uma polarização significativa nas reações impulsionadas pelas mesmíssimas aparições nos podcasts.

O Impacto da Metodologia da Pesquisa

A metodologia utilizada na pesquisa pode ajudar a entender os números decepcionantes. Ambos os candidatos estavam tentando atingir um público jovem, já que plataformas de podcast são predominantemente populares entre essa faixa etária. O programa “Call Her Daddy”, por exemplo, tem uma audiência composta em sua maioria por mulheres jovens abaixo de 35 anos. Contudo, a pesquisa foi realizada entre adultos de 18 anos ou mais por meio de entrevistas telefônicas, o que sugere que a média de idade dos entrevistados foi provavelmente entre 40 e 50 anos. Essa desconexão entre a estratégia e o público-alvo pode ser um fator que contribui para os resultados encontrados.

Movimentações Finais e Expectativas Para o Futuro

Apesar dos números baixos que podem impactar as campanhas de ambos os candidatos, a ambição de Harris e Trump não diminuiu. As duas campanhas ainda buscam presença em shows de podcast de alta audiência, como “The Joe Rogan Experience”, que continua sendo uma plataforma cobiçada. Com Trump programado para gravar uma participação no popular programa, há rumores de que a equipe de Harris esteja buscando uma aparição semelhante. Esse espaço no podcast poderia não apenas alcançar um novo público, mas potencialmente mudar a percepção dos eleitores sobre ambos os candidatos.

Embora a luta entre Harris e Trump permaneça acirrada, com Harris liderando por um ponto percentual em uma pesquisa que mostra 45% contra 44% de apoio ao ex-presidente, a batalha se intensificará ainda mais. Diante de um ciclo eleitoral marcado por uma polarização extrema, as estratégias de comunicação dos candidatos continuam a evoluir. Mas a grande questão que permanece é: será que os podcasts realmente têm o poder de moldar a votação ou essas esperadas transformações ainda precisam se concretizar?

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