Em uma era em que os filmes de super-heróis dominam as bilheteiras e as conversas sobre cultura pop, a série ‘Venom’ é um reflexo peculiar deste fenômeno, combinando elementos de ação, comédia e o inconfundível estilo escrachado de tom hardy. ‘Venom: The Last Dance’, o último filme da trilogia, mostra tanto a evolução dos personagens quanto uma exploração mais profunda da relação entre o humano e o simbiótico. Apesar das críticas que cercam a lógica do enredo e das motivações dos personagens, esta nova entrega se destaca não apenas pela ação desenfreada, mas também pelo toque de humor que permeia toda a narrativa.

O novo filme, que chega aos cinemas no dia 25 de outubro, foi dirigido e escrito por Kelly Marcel, que assume pela primeira vez a direção após ter contribuído como roteirista nas duas produções anteriores. A trama se desvia da conexão explícita com o universo do Homem-Aranha, o que permite uma abordagem mais independente e livre da pressão de atar as pontas soltas da complexa mitologia da Marvel. Aqui, o foco está em Eddie Brock, interpretado brilhantemente por tom hardy, e seu antagonista alucinado Knull, que é apresentado de maneira dramática e hilária.

O filme começa com uma introdução direta ao novo vilão, Knull, interpretado por um Andy Serkis irreconhecível, que se apresenta como o “deus do vazio” em um trecho que faz referência ao seu papel como diretor de parte da trilogia. Knull, ressentido com seus filhos simbióticos, planeja escapar de seu confinamento em outra dimensão e precisa recuperar o Codex, um item essencial que se revela estar em posse de Eddie e do veneno. A narrativa avança para uma série de eventos que se desenrolam em situações divertidas e caóticas, com Eddie e Venom se embrenhando em confusões que incluem uma passagem por um bar no México e encontros inesperados em um deserto próximo à famosa Área 51.

Um dos pontos altos dessa sequência é a dinâmica entre Eddie e Venom, que se transforma em um verdadeiro balé de egos, repleto de piadas e referências que prometem arrancar risadas do público. Aqui, Venom se estabelece como um personagem não apenas assustador, mas também carismático, quase semelhante ao icônico Audrey II de ‘Little Shop of Horrors’. O humor é uma ferramenta poderosa utilizada pelos criadores, que aproveitam para apresentar Venom em situações cômicas, como quando ele tenta se adaptar às tradições humanas e leva Eddie a jogar em um cassino de Las Vegas.

A trama se adensa à medida que novos personagens são introduzidos, como o cientista Dr. Payne, interpretado por Juno Temple, e o militar Rex Strickland, interpretado por Chiwetel Ejiofor. Apesar de promissores, esses personagens parecem um tanto subutilizados em um enredo que, às vezes, se foca excessivamente na relação entre Eddie e Venom, deixando pouco espaço para que novos arcos se desenvolvam. A história rapidamente se transforma em uma luta entre o bem e o mal, com a ameaça de Knull e suas criaturas xenofágicas criando uma escalada de ação que, embora emocionante, carece de substância comparável aos embates entre os protagonistas.

Entre cenas recheadas de adrenalina e sequências de ação de tirar o fôlego, ‘Venom: The Last Dance’ também reserva momentos de delicadeza e ternura que podem surpreender os espectadores. A química em crescente entre Eddie e Venom, que começou como uma relação de parasitismo, mostra-se cada vez mais como uma amizade genuína, quase uma fusão de almas, que reflete o crescimento emocional dos personagens. Isso culmina em um desfecho que, embora previsível, oferece uma gratificante dose de sentimentais que podem tocar o coração dos fãs mais dedicados da franquia.

Embora ‘Venom: The Last Dance’ não debute com a ambição de revolucionar o gênero de super-heróis, ele definitivamente se atreve a brincar e flertar com as próprias regras. A julgar pela receptividade do público nas primeiras exibições no New York Comic Con e o prognóstico de arrecadação que chega a cerca de 65 milhões de dólares no fim de semana de lançamento, é seguro concluir que os fãs se divertirão. Este é um filme que traz mais do mesmo — o que é, para muitos, exatamente o que eles desejam. Em suma, se você é fã da franquia até aqui, não há motivos para não se deixar levar pela última dança dessa parceria insólita e hilariante.

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